A borboleta levantou voo, impulsionada pelas suas delicadas asas translúcidas. Esvoaçou, procurando um novo poiso. As cores das suas delicadas asas misturavam-se naquele movimento harmonioso, exalando uma sensação de graça e de elegância em harmonia com aquela manhã de Primavera.
Como se quisesse atingir regiões nunca antes atingidas elevou-se pelos ares, sempre agitando aquelas formosas asas que pareciam demasiado frágeis até para se impulsionarem a si mesmas. Subiu e subiu e continuou a subir até desaparecer da vista da criança que tudo observava e que se quedou, maravilhada com aquele fenómeno de cor e vida que constituía para ela mais um dos pequenos deliciosos mistérios da sua ainda tão curta vida.
Friday, December 30, 2005
Love hurts
A auxiliar Elvira era muito querida de todos os utentes daquele centro de saúde, na realidade todos diziam que tinha um coração de ouro e umas mãozinhas de fada. Cada vez que algum dos pacientes precisava de um tratamento de fisioterapia era a ela que desejava ardentemente ter como fisioterapeuta. Também toda a gente sabia que ela não sendo uma mulher muito vivida nas coisas do amor, quando se apaixonasse deveria ser a maior das doçuras para o felizardo que a conseguisse encantar, e isso tinha acontecido ao bom do Benjamim que tinha nesse dia decidido fazer uma visita à sua amada.
Elvira estava a ajudar uma senhora de 83 anos a recomeçar a andar, amparando-a com força mas ao mesmo tempo ternura, para que ela se sentisse à vontade para voltar a por as pernas a funcionar. Sozinha nem um passito conseguia dar, mas com a ajuda de Elvira já tinha andado cerca de 1,5m. Esta senhora era muito importante para Elvira, uma vez que tinha sido ela que lhe tinha apresentado Benjamim, por isso quando viu a cara do seu amor através do pequeno vidro da sala de fisioterapia, sentiu um enorme calor percorrer o seu corpo e um arrepio fazer tremer toda a sua essência, e sem resistir ao impulso amoroso, levantou os dois braços correndo para a porta para abraçar o amor da sua vida.
Moral da história – o amor dói – que o diga a velha que ficou estatelada no chão e que partiu as 2 pernas, a bacia, 1 clavícula e 3 costelas com a queda.
Thursday, December 29, 2005
texto longo...há muito tempo que não escrevo...
Há muito tempo que não escrevo...nem poemas, nem textos, nada...talvez porque não tenha inspiração, mas mais do que isso, porque tenho sobre mim uma tristeza inabalável, que não se vai embora...
Todos os dias levanto-me simplesmente porque me obrigo a tal, não porque queira, não porque goste, não porque tenha curiosidade de ver o novo dia, nem porque tenha um alguém à espera... simplesmente porque me obrigo a tal...porque prometi, porque combinei...porque tenho a responsabilidade... Parece-me que algures no meio, perdi qualquer coisa, perdi a vontade de sorrir, ou algo do género, há um vazio muito grande, e não me consigo lembrar do que estava lá a preenche-lo...
Hoje não foi diferente, passei pelo mundo cinzenta e calada, a fazer o que me competia e a ouvir quem queria ser ouvido...uma inércia gigantesca sempre a pairar sobre o meu corpo (se calhar é do meu peso...) e uma tristeza entranhada na alma...e depois...depois disseram-me...escreve um postal para a tia...
Não sei se foi o relembrar da escrita, se foi a imaginação que estava acumulada ao fim de tanto tempo de espera, mas dei comigo a começar a escrever este texto (em vez de escrever o postal da tia...mas no fim também acabei por o completar...).
Talvez seja um desabafo, ou apenas uma constatação...mas a verdade é que é que a vida parece-me cada vez mais triste, mais afastada daquilo que conhecia...as pessoas mudam, é um facto inegável, mas há coisas que não o deviam fazer...
Acho que as pessoas deviam ser capazes de fazer uma cara feia e a seguir partir-se a rir...deviam capazes de pedir a mão quando estão sozinhas ou têm medo...deviam querer cantar alto, simplesmente porque o gostam de fazer...e deviam procurar as pessoas que lhes fazem falta, mesmo que elas tenham desaparecido por pouco tempo...porque não pedir o que querem, porque talvez até o consigam...ou então divertir-se com um simples guardanapo de papel...e fazer os outros rirem-se com isso...as pessoas deviam ser capazes de se surpreender com o mundo e obviamente com uma fonte...não porque é correcto, responsável ou espectável...mas porque há uma parte de nós que nunca deve ser deixada morrer...
Bem sei que eu não faço isso, estou longe de ser perfeita e, ao contrário do que as pessoas pensam, não estou minimamente contente com aquilo que sou, há demasiado em mim para mudar, para aprender...mas há uma coisa que espero que nunca mude...espero que seja sempre capaz de me espantar com aquilo que o mundo tem para ensinar, principalmente uma criança...para que aquela zona do nosso cérebro que não para de falar e de dizer coisas nunca despareça...porque a vida é demasiado curta para podermos dar-nos ao luxo de cair na tristeza, no desânimo ou abandono...porque simplesmente não podemos deixar de acreditar que existe sempre um anjo ao pé de nós que nos guia e nunca nos deixa sozinhos...embora às vezes pareça...porque dentro de todo o azar existe uma sorte e no final de tudo...quando lá chegarmos ver-nos-emos todos outra vez...
e pronto...é diferente...se chegaram até aqui parabéns...espero que tenham gostado...
Todos os dias levanto-me simplesmente porque me obrigo a tal, não porque queira, não porque goste, não porque tenha curiosidade de ver o novo dia, nem porque tenha um alguém à espera... simplesmente porque me obrigo a tal...porque prometi, porque combinei...porque tenho a responsabilidade... Parece-me que algures no meio, perdi qualquer coisa, perdi a vontade de sorrir, ou algo do género, há um vazio muito grande, e não me consigo lembrar do que estava lá a preenche-lo...
Hoje não foi diferente, passei pelo mundo cinzenta e calada, a fazer o que me competia e a ouvir quem queria ser ouvido...uma inércia gigantesca sempre a pairar sobre o meu corpo (se calhar é do meu peso...) e uma tristeza entranhada na alma...e depois...depois disseram-me...escreve um postal para a tia...
Não sei se foi o relembrar da escrita, se foi a imaginação que estava acumulada ao fim de tanto tempo de espera, mas dei comigo a começar a escrever este texto (em vez de escrever o postal da tia...mas no fim também acabei por o completar...).
Talvez seja um desabafo, ou apenas uma constatação...mas a verdade é que é que a vida parece-me cada vez mais triste, mais afastada daquilo que conhecia...as pessoas mudam, é um facto inegável, mas há coisas que não o deviam fazer...
Acho que as pessoas deviam ser capazes de fazer uma cara feia e a seguir partir-se a rir...deviam capazes de pedir a mão quando estão sozinhas ou têm medo...deviam querer cantar alto, simplesmente porque o gostam de fazer...e deviam procurar as pessoas que lhes fazem falta, mesmo que elas tenham desaparecido por pouco tempo...porque não pedir o que querem, porque talvez até o consigam...ou então divertir-se com um simples guardanapo de papel...e fazer os outros rirem-se com isso...as pessoas deviam ser capazes de se surpreender com o mundo e obviamente com uma fonte...não porque é correcto, responsável ou espectável...mas porque há uma parte de nós que nunca deve ser deixada morrer...
Bem sei que eu não faço isso, estou longe de ser perfeita e, ao contrário do que as pessoas pensam, não estou minimamente contente com aquilo que sou, há demasiado em mim para mudar, para aprender...mas há uma coisa que espero que nunca mude...espero que seja sempre capaz de me espantar com aquilo que o mundo tem para ensinar, principalmente uma criança...para que aquela zona do nosso cérebro que não para de falar e de dizer coisas nunca despareça...porque a vida é demasiado curta para podermos dar-nos ao luxo de cair na tristeza, no desânimo ou abandono...porque simplesmente não podemos deixar de acreditar que existe sempre um anjo ao pé de nós que nos guia e nunca nos deixa sozinhos...embora às vezes pareça...porque dentro de todo o azar existe uma sorte e no final de tudo...quando lá chegarmos ver-nos-emos todos outra vez...
e pronto...é diferente...se chegaram até aqui parabéns...espero que tenham gostado...
Tuesday, December 27, 2005
O Tempo...
Há quem diga que só temos a percepção do tempo devido ao facto de existirem uns espaços vazios entre as sinopses dos neurónios o que faz com que os impulsos nervosos não sejam transmitidos instantaneamente. Extrapolando, poder-se-ia concluir que quanto mais complexo/extenso for um sistema nervoso, mais tempo levam os impulsos nervosos a serem transmitidos e daí, diferentes percepções do tempo. Quererá isto dizer maior ou menor inteligência?
Usualmente somos ufanos da nossa rapidez de raciocínio, mas se isto é realmente uma qualidade a desenvolver, quererá isto dizer que uma paramécia unicelular é mais inteligente do que nós? É que, nela, a informação (não se pode falar de impulsos nervosos pois não tem sistema nervoso) está imediatamente acessível. E um animal pequenino, com sistema nervoso central? É mais rápida a transmissão dos impulsos! Será ele mais inteligente do que um humano? Talvez isso nem interesse!
Eu, por meu lado, sempre recusei fazer testes de medição do Q.I. pois poder-me-iam dizer que sou estúpido o que me retiraria o direito moral de ensinar, e eu gosto muito de ensinar. Isto para dizer que esta coisa da “inteligência” é um pouco obscura, mal definida.
As afirmações feitas no início deste texto permitem-nos, no entanto, fazer uns raciocínios curiosos. É sabido que, em geral, os animais de menor envergadura têm menor tempo de vida. Será que isto está ligado com o tempo passar de forma diferente para eles (pela razão arás indicada)? Será que numa escala de tempo universal (não a dos referenciais da física) todos os seres vivos vivem um mesmo tempo (à parte os acidentes e as doenças, claro) só que com um passo diferente? Será que o compto de todas as experiências de um ser vivo é mais ou menos constante, só se pode viver menos tempo e mais depressa ou menos tempo e mais devagar? Se eu tivesse que escolher, não sei qual escolheria...
Podemos mesmo generalizar. E se as mortes precoces (as tais doenças, os tais acidentes) sucedem exactamente porque esses seres vivos viveram mais intensamente que o normal? Tudo isto dá que pensar...
Usualmente somos ufanos da nossa rapidez de raciocínio, mas se isto é realmente uma qualidade a desenvolver, quererá isto dizer que uma paramécia unicelular é mais inteligente do que nós? É que, nela, a informação (não se pode falar de impulsos nervosos pois não tem sistema nervoso) está imediatamente acessível. E um animal pequenino, com sistema nervoso central? É mais rápida a transmissão dos impulsos! Será ele mais inteligente do que um humano? Talvez isso nem interesse!
Eu, por meu lado, sempre recusei fazer testes de medição do Q.I. pois poder-me-iam dizer que sou estúpido o que me retiraria o direito moral de ensinar, e eu gosto muito de ensinar. Isto para dizer que esta coisa da “inteligência” é um pouco obscura, mal definida.
As afirmações feitas no início deste texto permitem-nos, no entanto, fazer uns raciocínios curiosos. É sabido que, em geral, os animais de menor envergadura têm menor tempo de vida. Será que isto está ligado com o tempo passar de forma diferente para eles (pela razão arás indicada)? Será que numa escala de tempo universal (não a dos referenciais da física) todos os seres vivos vivem um mesmo tempo (à parte os acidentes e as doenças, claro) só que com um passo diferente? Será que o compto de todas as experiências de um ser vivo é mais ou menos constante, só se pode viver menos tempo e mais depressa ou menos tempo e mais devagar? Se eu tivesse que escolher, não sei qual escolheria...
Podemos mesmo generalizar. E se as mortes precoces (as tais doenças, os tais acidentes) sucedem exactamente porque esses seres vivos viveram mais intensamente que o normal? Tudo isto dá que pensar...
Saturday, December 24, 2005
E o Pai Natal veio...
Este espaço tem estado um pouco ao abandono, também por minha culpa e da minha falta crónica de tempo para fazer o que quero. E eu quero escrever aqui! Quero que este blog continue sempre a fervilhar de ideias novas, engraçadas ou nem por isso, boas ou talvez não... mas cheio delas.
Assim escrevo aqui este texto, hoje, para desejar um Bom Natal a todos os que aqui vierem e ao próprio Blog (pobrezinho, tem andado tão sózinho) e para reafirmar a minha sincera intenção de voltar a animar isto com muitos textos, nesta época de boa vontade.
Feliz Natal e Boas Festas!
Assim escrevo aqui este texto, hoje, para desejar um Bom Natal a todos os que aqui vierem e ao próprio Blog (pobrezinho, tem andado tão sózinho) e para reafirmar a minha sincera intenção de voltar a animar isto com muitos textos, nesta época de boa vontade.
Feliz Natal e Boas Festas!
Monday, December 12, 2005
Windy City
Era uma cidade do velho Oeste, completamente abandonada depois de se ter extinguido o veio que alimentava a mina em torno da qual a cidade se formara. Toda a população a tinha abandonado. Até os animais evitavam o local. Nem sequer havia fantasmas. Deserto total, nem um só ser vivo ou mal-morto se encontrava num raio de muitos quilómetros.
De repente veio um Vento do Norte e fez gingar a porta esquerda do Saloon. Passado umas horas veio um Vento do Sul que fez rodopiar a porta direita do memso saloon. Ainda a porta mal tinha parado nos gonzos, veio uma brisa de Oeste que fez oscilar ambas as portas.
Quando ao fim do dia chegou a última ventania ao Saloon, foi deparar com os restantes ventos, brisas e afins em amena conversa, uns bebendo uns copos outros jogando às cartas. Estavam toddos finalmente juntos para a Convenção Anual das Massas de Ar Circulantes.
De repente veio um Vento do Norte e fez gingar a porta esquerda do Saloon. Passado umas horas veio um Vento do Sul que fez rodopiar a porta direita do memso saloon. Ainda a porta mal tinha parado nos gonzos, veio uma brisa de Oeste que fez oscilar ambas as portas.
Quando ao fim do dia chegou a última ventania ao Saloon, foi deparar com os restantes ventos, brisas e afins em amena conversa, uns bebendo uns copos outros jogando às cartas. Estavam toddos finalmente juntos para a Convenção Anual das Massas de Ar Circulantes.
Friday, December 09, 2005
Noite escura
Nunca deveria ter saído da cama naquela noite. Tudo lhe parecia assustador. A pálida luz do luar reflectia-se sobre tudo, pouco iluminando mas sugerindo ameaças indecifráveis nos seus incontáveis reflexos. Definitivamente, não se sentia nada à vontade, tudo era ameaçador.
De repente, ouviu passos, como que de um ser sobrenatural, mais leves que os de um homem, com uma cadência estranha, como se o ser a quem pertenciam não tivesse a forma humana. Pareciam vir de trás da esquina mais próxima e aproximavam-se rapidamente.
Parou, esperando um qualquer ser de pesadelo, preparando-se para o pior. De repente sentiu, mais do que viu, naquela estranha luminosidade que tudo banhava um vulto que se projectava sobre ele. Tentou recuar, mas foi atirado ao chão... e deu por si deitado de costas com o seu fiel Labrador a lamber-lhe a cara enquanto a luz da Lua entrava pela janela e iluminava a mesa onde esperava o copo de leite quente que preparara para o ajudar a adormecer.
De repente, ouviu passos, como que de um ser sobrenatural, mais leves que os de um homem, com uma cadência estranha, como se o ser a quem pertenciam não tivesse a forma humana. Pareciam vir de trás da esquina mais próxima e aproximavam-se rapidamente.
Parou, esperando um qualquer ser de pesadelo, preparando-se para o pior. De repente sentiu, mais do que viu, naquela estranha luminosidade que tudo banhava um vulto que se projectava sobre ele. Tentou recuar, mas foi atirado ao chão... e deu por si deitado de costas com o seu fiel Labrador a lamber-lhe a cara enquanto a luz da Lua entrava pela janela e iluminava a mesa onde esperava o copo de leite quente que preparara para o ajudar a adormecer.
Tuesday, December 06, 2005
O anjo
Acusaram-me, injustamente a meu ver, de fazer chorar as pedras com os meus textos. Assim apresento agora um que, esse sim, é triste. Mas também é sobre a esperança. E é dedicado a alguém que, infelizmente, não o pode ler (vocês sabem quem...)
- Tu és Deus?
O enfermeiro ficou surpreso e um pouco chocado com aquela invectiva. Respondeu de imediato:
- Não, não sou Deus. Eu...
O rapazinho interrompeu-o de imediato e, olhando para ele com aqueles olhos desfocados pelos sedativos, afirmou peremptório:
- Então és um Anjo. Estás todo envolvido em branco e quando me tocaste fizeste-me passar a dor que sentia. Fico mais feliz, já nem me importo de morrer agora que sei que existem anjos e que se preocupam comigo. Devem estar amigos teus à minha espera, não?...
E o enfermeiro assentiu com a cabeça, incapaz de pronunciar palavra, com a negação atravessada na garganta, mas impossibilitada de sair pela candura e aparente paz que se reflectia nos olhos da criança enquanto esta exalava o seu último suspiro com um sorriso nos lábios.
- Tu és Deus?
O enfermeiro ficou surpreso e um pouco chocado com aquela invectiva. Respondeu de imediato:
- Não, não sou Deus. Eu...
O rapazinho interrompeu-o de imediato e, olhando para ele com aqueles olhos desfocados pelos sedativos, afirmou peremptório:
- Então és um Anjo. Estás todo envolvido em branco e quando me tocaste fizeste-me passar a dor que sentia. Fico mais feliz, já nem me importo de morrer agora que sei que existem anjos e que se preocupam comigo. Devem estar amigos teus à minha espera, não?...
E o enfermeiro assentiu com a cabeça, incapaz de pronunciar palavra, com a negação atravessada na garganta, mas impossibilitada de sair pela candura e aparente paz que se reflectia nos olhos da criança enquanto esta exalava o seu último suspiro com um sorriso nos lábios.
Wednesday, November 30, 2005
magic
It's magic...
allways magic
when we're together
and i don't understand...
I don't understand
those big eyes
and i don't like
the feeling that in me lies
that i don't comprehend...
I will not tolerate
this stupid notion again,
The brain is mine!!!
It cannot be the heart
that owns the brain!!!
allways magic
when we're together
and i don't understand...
I don't understand
those big eyes
and i don't like
the feeling that in me lies
that i don't comprehend...
It makes me
tickle inside,
and i wish it didn't
cause it shows outside...
I will not tolerate
this stupid notion again,
The brain is mine!!!
It cannot be the heart
that owns the brain!!!
Monday, November 28, 2005
Trocar as pilhas
Lentamente olhou para o seu lado esquerdo, uma luz naquele imenso painel de luzes tinha chamado a sua atenção. Brilhando a vermelho sob um fundo preto estava escrito “Danger – Batteries low”.
Calmamente começou a procurar em todas as gavetas as ditas pilhas. Depois de ter tentado mais de 20 gavetas sem sucesso, começou a ficar preocupado. Sabia que explicar uma falha na segurança daquelas instalações tão importantes e que continham tanta informação essencial, por causa de umas pilhas era impossível, ainda por cima sendo ele o responsável por este turno.
Já em estado de pânico começou a verificar dentro de todos os armários … também esta demanda pelas pilhas foi infrutífera, até que se lembrou de ver nos vestiários se por acaso algum colega, ou alguém ali tinha deixado alguma pilha que pudesse servir. Sucesso… já tinha em sua posse 4 pilhas para a substituição, agora bastava só descobrir onde é que elas eram colocadas, mas isso seria concerteza bem mais fácil pois existiam manuais da consola de vigilância. Correu novamente para a sala de controlo e abriu o manual da consola de segurança, mantendo no entanto sempre um olho na luz que o avisava do perigo eminente, aliás agora piscava com uma maior frequência, indicando a urgência na substituição das pilhas. No manual procurou rapidamente um capitulo sobre substituição de pilhas, nada… “bolas, mas onde é que poderia estar essa informação”, começou a verificar em todos os capítulos se havia lugar para substituição de pilhas nalgum deles, mas continuou sem conseguir descobrir nada.
Já estava em pânico, sentia-se muito cansado com aquele stress, mas tinha que conseguir mudar as pilhas. Começou a tactear todos os cantos e toda a superfície da consola de controlo para ver se descobria uma caixinha de pilhas, mas nada… Agora estava mesmo muito cansado depois daquele esforço todo, e a luz já nem piscava era uma luz constante, indicando o colapso eminente da energia que as pilhas ainda conseguiam fornecer.
O colega de turno apareceu minutos depois e já só conseguiu ver o chefe de turno deitado no chão com as 4 pilhas na mão, a luz vermelha fixa a avisar da falta de pilhas e pensou … “porque é que ele não substituiu as pilhas… afinal é só enfiar a mão aqui por baixo da nossa clavícula esquerda deslocando-a para trás e depois trocar as pilhas” … “este gajo deve ser maluco… deixou-se apagar com as pilhas na mão!!!”
Friday, November 25, 2005
Errar é bom?
Nunca pensaram no que fariam se pudessem voltar atrás no tempo, até quando eram mais novos? A ideia não é pura ficção, é um exercício de auto-análise bastante curioso.
Já só nas premissas, a escolha é relevante: era melhor (ou sequer possível) manter o nosso conhecimento da vida ou teríamos que voltar ao prévio estado de ignorância? Qual das opções preferiríamos?
Depois vem o resto. E se voltássemos a ter a oportunidade, repetíriamos os mesmos erros? Ou não?
Cada um deveria ser capaz de, por si mesmo, responder a estas questões. E isso conferiria, certamente, uma claridade maior à nossa imagem do que somos, como cá chegámos e para onde vamos.
Eu por mim, já pensei diversas vezes sobre o assunto e parece-me que cometeria a maior parte dos mesmos erros outra vez. Mesmo alguns dos mais graves (ou, talvez, todos estes...). Isto porque penso que aquilo que sou (com o qual tenho que viver, se bem que deva tentar melhorá-lo) é a soma das opções correctas com os erros. E é assim que deve ser. Uma vida vivida sem erros, não existe, não seria vida. Tentar apagá-los era negar que estamos vivos, tentar esquecê-los ou ignorá-los era fechar os olhos ao conhecimento do que somos.
E vocês?
P.S.: Este texto é diferente do que é usual aqui, mas "what the hell", variar é bom. E aqui somos livres de fazer o que queremos, fica tudo em família.
Já só nas premissas, a escolha é relevante: era melhor (ou sequer possível) manter o nosso conhecimento da vida ou teríamos que voltar ao prévio estado de ignorância? Qual das opções preferiríamos?
Depois vem o resto. E se voltássemos a ter a oportunidade, repetíriamos os mesmos erros? Ou não?
Cada um deveria ser capaz de, por si mesmo, responder a estas questões. E isso conferiria, certamente, uma claridade maior à nossa imagem do que somos, como cá chegámos e para onde vamos.
Eu por mim, já pensei diversas vezes sobre o assunto e parece-me que cometeria a maior parte dos mesmos erros outra vez. Mesmo alguns dos mais graves (ou, talvez, todos estes...). Isto porque penso que aquilo que sou (com o qual tenho que viver, se bem que deva tentar melhorá-lo) é a soma das opções correctas com os erros. E é assim que deve ser. Uma vida vivida sem erros, não existe, não seria vida. Tentar apagá-los era negar que estamos vivos, tentar esquecê-los ou ignorá-los era fechar os olhos ao conhecimento do que somos.
E vocês?
P.S.: Este texto é diferente do que é usual aqui, mas "what the hell", variar é bom. E aqui somos livres de fazer o que queremos, fica tudo em família.
The spirit of things
Aqui fica um experiência estranha. Penso que teem um cheirinho de Morrison e talvez umas pitadas de Curtis. Num futuro próximo virei aqui dizer como foi concebido. Apreciem... ou então não!
The spirit of things,
This coming together
Your touching the borders of continuity
With your dense arguments.
Few words are important in this context.
When the spirit of things
That are yet to come
Prints its mark
In my darkened soul,
Death will have come.
This tricky situation makes me realize
We're all elements of this ring of fire.
In this situation of duality
We can use this structure,
And it can use us
To get its malevolant way
The real part, which we lost
Is more related to the prolongation of the imaginary part
Which is all that is left to us
The sum is again greater than the parts
When you conjugate so many hearts
And so you can approximate the spirit of things.
The difference between approaches
Must be in the inner wishes
That shine through in the proceedings.
The product of all elements
Congregated within this tents
Will never rise above their creator.
The spirit of things,
This coming together
Your touching the borders of continuity
With your dense arguments.
Few words are important in this context.
When the spirit of things
That are yet to come
Prints its mark
In my darkened soul,
Death will have come.
This tricky situation makes me realize
We're all elements of this ring of fire.
In this situation of duality
We can use this structure,
And it can use us
To get its malevolant way
The real part, which we lost
Is more related to the prolongation of the imaginary part
Which is all that is left to us
The sum is again greater than the parts
When you conjugate so many hearts
And so you can approximate the spirit of things.
The difference between approaches
Must be in the inner wishes
That shine through in the proceedings.
The product of all elements
Congregated within this tents
Will never rise above their creator.
Tudo se pode reduzir ao essencial
Havia de certeza mais de 20 anos que o professor Sergei Pavlov leccionava na universidade de Praga. A sua paixão pela ciência em geral e pela matemática em particular, tinham-no levado ao lugar de professor catedrático e o seu status era tal que cada palavra sua, era quase um novo teorema. A sua outra característica mais vincada era o ódio à futilidade e banalidade, isso tinha-lhe grangeado a fama de “enfant terrible” pois em todas as situações da vida quotidiana ele refutava tudo o que achava dispensável, concentrando-se apenas no que era essencial, isso tinha-o tornado uma pessoa objectiva e obcecada com a pesquisa da simplicidade.
Nesse dia já quase tinha adormecido durante uma reunião na qual mais uma vez criticou severamente o tempo que se perdia a discutir coisas sem interesse, esquecendo-se muitas vezes o cerne do problema. Agora estava sentado na sala de aulas, enquanto os alunos faziam um teste e revia mais uma vez a folha cheia com a dedução de uma nova fórmula que iria permitir aos físicos estudar o teletransporte. Lentamente sentiu o torpor do sono dominá-lo começou a ouvir um som e começou a sonhar como o mundo seria melhor se se conseguisse reduzir tudo à sua essência mais importante, desprezando o resto. Sonhou e pediu para si o poder de conseguir eliminar o que não fosse essencial da sua vida.
Quando acordou, olhou para a folha da demonstração e tocou-lhe, rapidamente viu uma série de pedaços da expressão desaparecerem e outros migrarem para outras partes da folha, e no fim quando olhou, estava lá só a essência. Espantado e maravilhado levou as mãos à cabeça, nesse instante os alunos viram o professor Pavlov desvanecer-se no ar, uma luz muito branca formar-se junto do coração e desaparecer a seguir em direcção ao tecto.
Nunca niguém conseguiu explicar o que se passou, 80% dos alunos apresentam ainda hoje traumas variados, e a policia ainda hoje tenta encontrar o paradeiro do professor Pavlov.
Lá em cima, muito muito muito lá em cima, olhou cá para baixo e disse ... “Tudo se pode reduzir ao essencial”
Nesse dia já quase tinha adormecido durante uma reunião na qual mais uma vez criticou severamente o tempo que se perdia a discutir coisas sem interesse, esquecendo-se muitas vezes o cerne do problema. Agora estava sentado na sala de aulas, enquanto os alunos faziam um teste e revia mais uma vez a folha cheia com a dedução de uma nova fórmula que iria permitir aos físicos estudar o teletransporte. Lentamente sentiu o torpor do sono dominá-lo começou a ouvir um som e começou a sonhar como o mundo seria melhor se se conseguisse reduzir tudo à sua essência mais importante, desprezando o resto. Sonhou e pediu para si o poder de conseguir eliminar o que não fosse essencial da sua vida.
Quando acordou, olhou para a folha da demonstração e tocou-lhe, rapidamente viu uma série de pedaços da expressão desaparecerem e outros migrarem para outras partes da folha, e no fim quando olhou, estava lá só a essência. Espantado e maravilhado levou as mãos à cabeça, nesse instante os alunos viram o professor Pavlov desvanecer-se no ar, uma luz muito branca formar-se junto do coração e desaparecer a seguir em direcção ao tecto.
Nunca niguém conseguiu explicar o que se passou, 80% dos alunos apresentam ainda hoje traumas variados, e a policia ainda hoje tenta encontrar o paradeiro do professor Pavlov.
Lá em cima, muito muito muito lá em cima, olhou cá para baixo e disse ... “Tudo se pode reduzir ao essencial”
Thursday, November 24, 2005
O Casal Perfeito
Eles sabiam perfeitamente que já era comentado em todos os sítios para onde iam, os olhares não deixavam margem de dúvida. Ele, sendo o membro de menor porte do casal já estava a imaginar os comentários, “Olha para ele, o minorca, anda sempre agarrado a ela”, “hás-de ser grande hás-de”. Ela em contrapartida, exibia toda a sua beleza sempre exalando charme no seu ondear sensual como se estivesse a dançar ao som de uma música.
Na realidade isso até nem os preocupava muito, ele garantia o seu alimento, e ela andava sempre limpa, imaculada, mantendo a imagem de grandeza, beleza e sensualidade.
A rémora olhou para os outros peixes e pensou em responder aos olhares críticos que lhe faziam, mas … que sabiam eles, se calhar nem sequer sabiam o que era uma simbiose, ignorantes… Deu mais uma chupadela na pele da raia e apercebeu-se como era feliz com ela.
Cordialidades
O dragão aproximou-se, inspirou fundo e soprou com força. Das suas narinas saiu um jacto de fogo cujas chamas carbonizaram completamente o pobre homem, para grannde consternação da sua família que ficou a fitar, em choque, aquele monte de cinzas que tinha surgido de repente em substituição do marido/pai.
Dando um impulso forte com as asas, o gigantesco ser completou a graciosa curva que o levara até perto dos humanos e elevou-se pelos ares. Já longe da vista do infeliz grupo que ficara no solo, encontrou-se com um outro dragão, ainda maior.
De imediato foi saudado com uma reprimenda da sua Mãe:
- Já te disse que não deves dar lume aos humanos que querem fumar. O tabaco faz-lhes mal à saúde!
Dando um impulso forte com as asas, o gigantesco ser completou a graciosa curva que o levara até perto dos humanos e elevou-se pelos ares. Já longe da vista do infeliz grupo que ficara no solo, encontrou-se com um outro dragão, ainda maior.
De imediato foi saudado com uma reprimenda da sua Mãe:
- Já te disse que não deves dar lume aos humanos que querem fumar. O tabaco faz-lhes mal à saúde!
Bob O Construtor
Bem sabia que as piadinhas sobre o Bob O construtor eram constantes, mas havia uma outra piada de mau gosto que para ele era ainda pior e se tinha tornado proibida lá em casa... era aquela anedota sobre o leproso que respondia "siga aquele dedo quando lhe perguntavam uma direcção".
Tinha desde há cerca de uns dez anos, desenvolvido um ódio visceral por essa anedota e tudo por causa daquele caso que tão bem recordava... nessa altura ainda acreditava na justiça divina e achava que aquele rapaz que se andava a meter com a miúda de quem tanto gostava tinha que ser parado, ela era dele, e por isso quando decidiu ir ter com ele apertar-lhe a mão, e ter uma conversa de homem para homem nunca pensou que tudo pudesse correr tão mal.
Na realidade, o objectivo de o afastar foi conseguido, mas o preço foi um pouco alto. Foi tudo tão rápido... quando apertou a mão ao rapaz e este ficou com o indicador da sua mão direita na mão... nem sabia muito bem quem tinha ficado mais aflito, se ele, que tinha perdido o dedo, se o seu rival que fugiu a sete pés e nunca mais tinha voltado para aquelas bandas.
Agora já tinha recuperado a normalidade da sua vida, a miúda nunca chegara a saber do seu amor, porque passados poucos meses engravidou de um tipo qualquer que ele nem conhecia (e provavelmente nem ela o conheceria muito bem). A doença de que padecia foi controlada, mas a falta do dedo não pôde ser reparada e foi como uma "trademark" toda a sua vida.Teve que repensar muita coisa na sua vida e adaptar muita coisa também.
Desde esses dias nunca mais tinha construido casas, tinha decidido recomeçar hoje, ligou o rádio ... tocava o Build dos Housemartins... que apropriado, pensou ele. Toda a vida lhe tinham chamado BOB O CONSTRUTOR por causa daquela sua obsessão por casas. A falta do dedo prejudicava muito a sua actividade, mas estava decidido a recomeçar... segurou com nervosismo o papel com a mão esquerda com a outra mão tentou agarrar o instrumento de trabalho, depois de muito tempo a praticar, voltou a adquirir aquela ligeireza com a tesoura e a 1º casinha de papel estava pronta passadas 2 horas.
Wednesday, November 23, 2005
Cowboys and indians
O pobre rapaz fugia, fustigando o cavalo com a força do desespero, olhando de vez em quando para trás para ver se se aproximavam os índios que o perseguiam. Não chegara a perceber o porqê daquela perseguição, mas também não parara para perguntar: ao ver o grupo de índios precipitar-se aos berros para o seu pequeno improvisado acampamento, largara tudo montara no seu cavalo e fugira a toda a velocidade.
A montada corria como o vento, a galope largo, mas mesmo assim não se conseguia distanciar dos seus perseguidores. E ainda por cima, com a pressa de fugir tinha deixado para trás o cinturão com a sua arma. Agora, a sua única esperança era conseguir escapar, mas parecia-lhe pouco provável que o conseguisse.
Cada segundo que passava os índios acrecavam-se mais do desgraçado que, aterrorizado, fazia os impossíveis por dar asas ao seu corcel. Finalmente após alguns minutos de violenta perseguição, um índio deitou-lhe a mão às rédeas do cavalo e obrigou este a parar. Desmontou, preparado para defender-se o melhor que pudesse desarmado como estava e viu os restantes índios, que entretanto também o tinham apanhado, desmontar à sua frente, Escoroaçado pelo seu número, baixou os braços e ouviu num inglês muito escorreito:
- Finalmente conseguimos apanhá-lo. Pediram-nos, na cidade, que já que vinhamos para estas bandas lhe entregássemos esta carta da sua Mãezinha.
E o índio, com um sorriso, estendeu-lhe um envelope cor-de-rosa, devidamente selado.
A montada corria como o vento, a galope largo, mas mesmo assim não se conseguia distanciar dos seus perseguidores. E ainda por cima, com a pressa de fugir tinha deixado para trás o cinturão com a sua arma. Agora, a sua única esperança era conseguir escapar, mas parecia-lhe pouco provável que o conseguisse.
Cada segundo que passava os índios acrecavam-se mais do desgraçado que, aterrorizado, fazia os impossíveis por dar asas ao seu corcel. Finalmente após alguns minutos de violenta perseguição, um índio deitou-lhe a mão às rédeas do cavalo e obrigou este a parar. Desmontou, preparado para defender-se o melhor que pudesse desarmado como estava e viu os restantes índios, que entretanto também o tinham apanhado, desmontar à sua frente, Escoroaçado pelo seu número, baixou os braços e ouviu num inglês muito escorreito:
- Finalmente conseguimos apanhá-lo. Pediram-nos, na cidade, que já que vinhamos para estas bandas lhe entregássemos esta carta da sua Mãezinha.
E o índio, com um sorriso, estendeu-lhe um envelope cor-de-rosa, devidamente selado.
Tuesday, November 22, 2005
O Telemóvel
Estava já farto de tudo aquilo. Ele que tinha estado lá, quando se avançou com a campanha do MAGNUM da OLÁ, ele que tinha estado ao serviço da equipa quando tinham delineado o anúncio para a GALP, ele que tinha sido uma peça central no desenvolver da ideia do spot publicitário do CONTINENTE, e tantas outras campanhas mais, como é que era possível que agora se encontrasse nesta situação… era injusto e desrespeitoso, e toda a gente deveria saber disso.
Depois de ter passado dias inteiros a ouvir a música de fundo do anúncio “Comforting sounds dos MEW”, não o deixaram ser ele a “cara” do anúncio, estava indignado e ia ligar para todos os sítios importantes que se lembrasse, para transmitir esta mensagem de desagrado. Ia começar pelo gabinete do presidente da empresa situado no último andar e percorrer todos os chefes de qualquer coisa em todos os andares até ao primeiro, sem excepção, toda a gente na empresa ia ficar a saber desta pouca vergonha.
Lentamente o homem pegou no seu telemóvel, velhinho é certo, mas que já o acompanhava desde o inicio da sua estreia neste mundo da publicidade, e olhou para o ecrã que entretanto se acendera. A mensagem era clara e concisa e reportava um saldo negativo de 467€ que tinham sido gastos a mandar mensagens para todos os contactos da agenda. Como é que isto podia ter acontecido? E que mensagem é que esta porcaria andou a enviar? Isto tem que ser um erro qualquer no sistema de SMS, pensou…
O telemóvel, contente com a sua façanha, decidiu desligar-se, afinal de contas depois de ter enviado aquela quantidade de mensagens de indignação, estava cansado e não queria trabalhar mais por hoje, podia ser que assim lhe dessem o devido valor e o deixassem ser ele o actor principal do spot publicitário da OPTIMUS e não um desses últimos modelos.
Friday, November 18, 2005
a poem
There is a little of you
in every little bit of me,
cause it's you and myself
that can make us be...
there is passion and love
in every move i make,
for its in me to love
and it is in you to take...
and words won't describe
what i feel now,
it wouldn't be fair or right
that they could show somehow
what in me lyes,
and in your eyes i can see...
no secrets or lies
just you and me.
in every little bit of me,
cause it's you and myself
that can make us be...
there is passion and love
in every move i make,
for its in me to love
and it is in you to take...
and words won't describe
what i feel now,
it wouldn't be fair or right
that they could show somehow
what in me lyes,
and in your eyes i can see...
no secrets or lies
just you and me.
strange morning
Today i woke up
with sunshine in my head,
a strange feeling of lightness
when i got off the bed.
I walked in thin air
in the beauty of the sky,
i looked down at me...
understood that i had died...
with sunshine in my head,
a strange feeling of lightness
when i got off the bed.
I walked in thin air
in the beauty of the sky,
i looked down at me...
understood that i had died...
Crash
Basta!!! disse Root muito chateada, "É sempre a mesma coisa", só tiram tiram tiram e nós que trabalhamos é que pagamos sempre. Para mim chega".
Dirigiu-se ao seu chefe e disse "Sr. Mac eu vou parar, não faço mais nada até me devolverem os meus privilégios" e relembrando a canção RESPECT de Aretha Franklin assumiu uma posição de desafio e parou de trabalhar.
Lá em cima o utilizador, um azarado rapaz de barbas, com ar cansado e farto pensou para si mesmo, "que é isto? o que é que aconteceu?", já furibundo, disse bem alto , "que é isto o meu Mac nunca antes tinha tido um Crash!!!"
Thursday, November 17, 2005
Na fila
Esperava na fila, sabendo desde já que a sua vida se resumia a um número … a probabilidade de sobreviver ao tratamento para a doença fatal de que padecia.
Tudo começara quando aceitara, como tantos outros milhões, que lhe fosse implantado um chip ligado directamente ao cérebro. As vantagens eram muitas, deixava de precisar de telefones, de cartões de identificação etc, e tinha-lhes sido garantido que era completamente seguro.
Passaram-se alguns anos até o Dr. Brasmlava ter estabelecido a correlação entre um novo sindroma de debilidade e a existência do chip implantado no cérebro dos pacientes. Daí até à descoberta do método de tratamento passou tanto tempo como o que foi necessário para se descobrir que a radiação podia ser utilizada na cura do cancro do ser humano.
O tratamento para o sindroma de Brasmlava era baseado na indução da frequência de ressonância das células afectadas até estas serem desintegradas, mas isso infelizmente acarretava muitos riscos.
Na fila esperava para saber se pertencia aos 33% (os rejeitadores) que reagiam ao tratamento, com a desintegração gradual das células do corpo, ou se ao contrário pertencia aos 67% (os aceitadores) de felizardos que viam a sua doença curada.
À sua frente devia estar uma das mais belas mulheres que tinha visto até à data, e pensou, como seria injusto que aquela deusa fosse uma rejeitadora, e como sabia que podia ser a última vez que falava com alguém, decidiu dizer-lho. Ela reagiu com um sorriso e cedo notou que havia uma empatia entre os dois, afinal a tensão de saber que a sua vida ou morte podia acontecer nos momentos seguintes, tornava as pessoas piamente simpáticas, mas naquele caso notou que era um pouco mais do que isso, havia atracção.
Combinou então antes de ela entrar na câmara de excitação, que após o tratamento iriam sair e passear para se conhecerem melhor. Ela ao entrar na câmara de olhos vendados virou-se para trás e sorriu.
A seguir vendaram-lhe os olhos e conduziram-no a ele para dentro da câmara … teve ainda tempo para perguntar se a paciente anterior era aceitadora ou rejeitadora, e a resposta deixou-o feliz e esperançoso no desfeche feliz daquele encontro.
Sentiu todo o seu corpo a estremecer, e rapidamente se conseguiu aperceber que tudo estava a terminar… na sala que dava para a câmara de excitação o homem vestido de branco puxou uma alavanca que fez um alçapão abrir-se, permitindo ao seu corpo que fosse mais uma vez para perto do dela… deitados, amontoados em cima uns dos outros, estavam todos os que tinham estado anteriormente na fila.
Lá em cima o homem de branco ria-se comentando com o colega,
- eles ainda acreditam que vão sair daqui curados, duma doença que não existe- , o outro ripostou dizendo – vale mais assim pá, se lhes disseses que iam ser eliminados porque estão defeituosos, iríamos ter mais problemas.
Tudo começara quando aceitara, como tantos outros milhões, que lhe fosse implantado um chip ligado directamente ao cérebro. As vantagens eram muitas, deixava de precisar de telefones, de cartões de identificação etc, e tinha-lhes sido garantido que era completamente seguro.
Passaram-se alguns anos até o Dr. Brasmlava ter estabelecido a correlação entre um novo sindroma de debilidade e a existência do chip implantado no cérebro dos pacientes. Daí até à descoberta do método de tratamento passou tanto tempo como o que foi necessário para se descobrir que a radiação podia ser utilizada na cura do cancro do ser humano.
O tratamento para o sindroma de Brasmlava era baseado na indução da frequência de ressonância das células afectadas até estas serem desintegradas, mas isso infelizmente acarretava muitos riscos.
Na fila esperava para saber se pertencia aos 33% (os rejeitadores) que reagiam ao tratamento, com a desintegração gradual das células do corpo, ou se ao contrário pertencia aos 67% (os aceitadores) de felizardos que viam a sua doença curada.
À sua frente devia estar uma das mais belas mulheres que tinha visto até à data, e pensou, como seria injusto que aquela deusa fosse uma rejeitadora, e como sabia que podia ser a última vez que falava com alguém, decidiu dizer-lho. Ela reagiu com um sorriso e cedo notou que havia uma empatia entre os dois, afinal a tensão de saber que a sua vida ou morte podia acontecer nos momentos seguintes, tornava as pessoas piamente simpáticas, mas naquele caso notou que era um pouco mais do que isso, havia atracção.
Combinou então antes de ela entrar na câmara de excitação, que após o tratamento iriam sair e passear para se conhecerem melhor. Ela ao entrar na câmara de olhos vendados virou-se para trás e sorriu.
A seguir vendaram-lhe os olhos e conduziram-no a ele para dentro da câmara … teve ainda tempo para perguntar se a paciente anterior era aceitadora ou rejeitadora, e a resposta deixou-o feliz e esperançoso no desfeche feliz daquele encontro.
Sentiu todo o seu corpo a estremecer, e rapidamente se conseguiu aperceber que tudo estava a terminar… na sala que dava para a câmara de excitação o homem vestido de branco puxou uma alavanca que fez um alçapão abrir-se, permitindo ao seu corpo que fosse mais uma vez para perto do dela… deitados, amontoados em cima uns dos outros, estavam todos os que tinham estado anteriormente na fila.
Lá em cima o homem de branco ria-se comentando com o colega,
- eles ainda acreditam que vão sair daqui curados, duma doença que não existe- , o outro ripostou dizendo – vale mais assim pá, se lhes disseses que iam ser eliminados porque estão defeituosos, iríamos ter mais problemas.
A reforma de Ana
Nesse dia Ana Tureza acordou mal disposta. Tinha dormido mal e só pensava que estava farta de ser maltratada.
- Estou farta de ser violentada e torturada por esta gente! Vou-me reformar! - disse para com os seus botões. E assim fez.
Nesse dia à noite, a Terra não passava de um rochedo estéril, sem nenhum ser vivo.
- Estou farta de ser violentada e torturada por esta gente! Vou-me reformar! - disse para com os seus botões. E assim fez.
Nesse dia à noite, a Terra não passava de um rochedo estéril, sem nenhum ser vivo.
Perfeito!!
Ao passarem pela mesa, os meus olhos ficaram presos naquele ovo. No que diz respeito a ovos, melhor não seria possível. Peguei nele e observei-o melhor. A sua superfície era perfeitamente lisa, com um brilho próprio. A delicada curvatura da sua superfície era um deleite para os olhos. A simples observação aquele ovo faria qualquer descrente acreditar na existência de um Deus ou qualquer outra entidade perfeita, capaz de o criar.
Sentei-me, revirei-o, cuidadosamente, entre os meus dedos, notando os reflexos da luz fluorescente sobre aquela superfície tão deliciosamente perfeita. Decididamente, aquele era um ovo que merecia ser preservado para todo o sempre nas palavras de um poeta ou na tela de um pintor. Qualquer forma de arte consideraria aquele objecto como digno das maiores obras.
Então, depois de mais um olhar, juntei o ovo à omolete que preparava, deitando a casca no lixo...
Sentei-me, revirei-o, cuidadosamente, entre os meus dedos, notando os reflexos da luz fluorescente sobre aquela superfície tão deliciosamente perfeita. Decididamente, aquele era um ovo que merecia ser preservado para todo o sempre nas palavras de um poeta ou na tela de um pintor. Qualquer forma de arte consideraria aquele objecto como digno das maiores obras.
Então, depois de mais um olhar, juntei o ovo à omolete que preparava, deitando a casca no lixo...
Wednesday, November 16, 2005
Tuesday, November 15, 2005
Paixao
Mais um curto (muito curto) poema, este totalmente trivial e despretensioso (e lamechas) ...
Por favor, posso tocar-te ?
O meu toque dir-te-á tudo o que interessa
Tudo o que as minhas palavras não conseguem exprimir
Tudo o que os teus ouvidos não querem ouvir.
E posso acariciar-te ?
Já que as minhas carícias não são mais que um espelho
De todos os sentimentos que não posso expressar
De toda a minha vontade de tentar
E, por favor, posso beijar-te ?
Pois os meus lábios anseiam por ti
Anseiam pelo sabor da tua pele aveludada
Anseiam pelo toque da tua boca acetinada ...
Por favor, posso tocar-te ?
O meu toque dir-te-á tudo o que interessa
Tudo o que as minhas palavras não conseguem exprimir
Tudo o que os teus ouvidos não querem ouvir.
E posso acariciar-te ?
Já que as minhas carícias não são mais que um espelho
De todos os sentimentos que não posso expressar
De toda a minha vontade de tentar
E, por favor, posso beijar-te ?
Pois os meus lábios anseiam por ti
Anseiam pelo sabor da tua pele aveludada
Anseiam pelo toque da tua boca acetinada ...
Monday, November 14, 2005
Clássicos do cinema
Considerava-se um pouco como o reinventor do cinema. Numa época em que o cinema já parecia ter mostrado tudo o que tinha para dar, e em que já só os purista da 7ª arte saíam de casa para se encafuar dentro de uma sala escura e abafada a ver o mesmo que podiam ver em casa na comodidade e conforto do lar, ele revolucionara tudo com a sua invenção do cinema com cheiro.
A ideia tinha maturado bem dentro da sua cabeça durante anos, e foi aperfeiçoada à medida que os seus conhecimentos e experiência de vida o permitiam, e no fim, apareceu a versão final … que grande sucesso.
Tinha dedicado 15 anos a fazer a edição do primeiro dos seus dois filmes favoritos, um grande clássico… intemporal “A Música no coração”, a ideia de ver a Julie Andrews a percorrer aqueles prados verdejantes e a cantar … The Hills Are Alive… With The Sound Of Music, era um sonho, agora imagine-se isto acompanhado do aroma desses mesmos prados, flores verdejantes, ar puro, aromas variados, tudo isso ele incorporara na sua versão do filme. Eram milhares de aromas que através de um sofisticado software eram misturados instantaneamente e lançados na sala de cinema, e quando havia lugar a uma modificação do cenário, os potentes, mas silenciosos, extractores actuavam simultaneamente com os injectores de aroma e puxavam o aroma anterior, fazendo entrar rapidamente o aroma a seguir. A ideia era brilhante e o sucesso das primeiras apresentações em salas modificadas para o efeito, tinha-lhe granjeado o título de Inventor do Ano de 2026, e o mundo estava rendido a seus pés, o sucesso foi de tal modo grandioso que teve que acabar por optar por se isolar completamente do mundo para adaptar o 2º filme da sua vida para este novo conceito de cinema.
Foram muitos anos passados a ver o filme vezes sem fim para recriar os odores de cada cena, teve que reinventar toda a palete de odores que tinha utilizado anteriormente e isso foi moroso, mas finalmente o dia chegou e a apresentação foi feita.
Só não conseguia perceber porque é que ao fim do primeiro dia de estreia, o cinema foi fechado e ele passou de génio brilhante a verme repelente… porque é que toda a gente que tinha reservado bilhete a preço de ouro para as 1ªs sessões, tinha saído da sala com vómitos e convulsões tendo alguns até entrado em estado de coma… afinal o filme era um dos grandes clássicos do cinema… "Apocalypse now"… isso sim era um clássico do cinema !!!
Sunday, November 13, 2005
palpitações
À sua volta o ar estalava de tensão...duas grandes forças despendiam toda a sua energia a fazer o chão tremer, e ela ali...Tinha saído para ir buscar comida e agora não sabia se voltaria a ver a sua casa...De vez em quando havia um tremor maior, uma espécie de animal voava por cima dela e tudo ficava quieto...mas assim que ela se mexia recomeçava tudo de novo. Então ouviu-se um estrondo maior e tudo ficou silencioso. Ela atreveu-se a mexer e...erro fatal...o objecto arrastou-a, esmagando-a. Com o último sopro de vida que lhe restava tentou mover-se enquanto era elevada do chão. Á medida que era levantada pensou no destino que as suas irmãs teriam...e depois tudo ficou negro...
A menina pegou na corda e com um gesto enojado removeu a formiga que tinha ficado esmagada e disse: "Já vai mãe", poisou a corda na varanda e entrou dentro de casa.
A menina pegou na corda e com um gesto enojado removeu a formiga que tinha ficado esmagada e disse: "Já vai mãe", poisou a corda na varanda e entrou dentro de casa.
Two Young Lovers
Eles dançavam como se estivessem sós no mudo. Rodopiavam, um em torno do outro, como se aquela dança fosse a dança original, a dança da criação. Sempre tocando um no outro, rodopiavam sem parar, sem se cansar, como que movidos por uma vontade superior. Ao vê-los dir-se-ia que eram completamente livres, livres das grilhetas da realidade que prende todos os amantes com as convenções incontornáveeis da sociedade. A alegria do seu bailado era inegável, o prazer que sentiam em dançar um com o outro evidente. Em suma, era um bailado que valia por todas as danças entre seres feitos um para o outro.
De repente, o vento parou, e aqueles dois fragmentos de papel caíram no chão, sempre juntos, mas agora quietos até serem apanhados pela vassoura do pobre velhote que varria a rua.
De repente, o vento parou, e aqueles dois fragmentos de papel caíram no chão, sempre juntos, mas agora quietos até serem apanhados pela vassoura do pobre velhote que varria a rua.
Friday, November 11, 2005
Um passeio numa tarde ensolarada
Iam os dois de mãos dadas, ela coma cabeça ternamente encostada sobre o peito dele, os dois passeando à luz agradável daquela tarde luminosa. Quem conseguisse ouvir o que diziam ouviria ternas palavras que falavam de um futuro comum, uma felicidade conjunta.
De repente, o céu escureceu e um grande vórtice se formou sobre as cabeças espantadas do casal. Era o que se chama técnicamente um “Buraco negro localizado”. O vórtice rapidamente acelerou e sugou o rapaz que desapareceu levado para outro continuum espacio-temporal, deixando-a, de repente, com um vazio a seu lado.
Assim que o rapaz desapareceu o vórtice rapidamente se extinguiu e sol voltou. Ela, ficou parada uns momentos, encolheu os ombros e pensou: “Não faz mal, eu também não gostava ssim tanto dele.” E continuou, passeando-se naquela pacifica tarde ensolarada, cantarolando uma musiquinha alegre, pensando em como era aprazível a vida.
De repente, o céu escureceu e um grande vórtice se formou sobre as cabeças espantadas do casal. Era o que se chama técnicamente um “Buraco negro localizado”. O vórtice rapidamente acelerou e sugou o rapaz que desapareceu levado para outro continuum espacio-temporal, deixando-a, de repente, com um vazio a seu lado.
Assim que o rapaz desapareceu o vórtice rapidamente se extinguiu e sol voltou. Ela, ficou parada uns momentos, encolheu os ombros e pensou: “Não faz mal, eu também não gostava ssim tanto dele.” E continuou, passeando-se naquela pacifica tarde ensolarada, cantarolando uma musiquinha alegre, pensando em como era aprazível a vida.
A Gloria do Amor
Glória era uma jovem singela, ruiva, de tranças compridas e rosto sardento. O seu pai tinha o curioso nome de Sr. Amor, daí o nome por que era conhecida: a Glória do Amor. Para uma menina nada interessada nessas coisas mundanas, não era um nome nada agradável, assim depois de 18 anos de insuportável vida na aldeia onde nascera (onde toda a gente a tratava por esse execrável nome), mudou-se para a capital e mudou o nome para Maria Emengarda Sousa. Esta história só prova quão vã e efémera é a Glória do Amor...
Dia de S. Martinho
A tradição já era antiga, aliás… desde sempre ele se lembrava de ter comemorado o dia de S. Martinho com castanhas e agua-pé. Só que este ano as coisas tinham mudado drasticamente.
Há 8 meses atrás tinha tido um crise aguda de diabetes e tinha-lhe sido amputado o pé. Tinha passado por uma fase tão má… tão má, que preferia nem se lembrar. A hipótese de utilizar uma prótese tinha-lhe pintado de novo a cores a vida cinzenta que levara desde essa fatídica operação. Agora 5 meses depois já se habituara a utilizá-la como se fosse o seu próprio pé, na realidade até lhe custava tirá-la de tão apegado que estava a ela.
Mas o médico tinha sido bem explicito relativamente a outras coisas, os doces … nada... não podia comer nenhum bolinho ou rebuçado… nada… e a bebida, nem um copinho para amostra.
Isso colocava-lhe um grande problema hoje, dia de S. Martinho, como é que poderia celebrar sem poder beber, é que… as castanhas ainda vá que não vá, mas a água-pé!!!
Mas o médico tinha-o proibido em absoluto de beber qualquer coisa que não água, mas… isso tinha-lhe dado um ideia …
Bebeu, bebeu até cair para o lado, e … quando no dia seguinte o filho o encontrou (tocava no velho rádio o Bairro do Oriente do Rui Veloso) em coma por causa dos diabetes, a única coisa que encontrou ao seu lado foi o pé, e um papel que se apressou a ler e que dizia, “Bebo… mas tirei o pé, … é só água”
Passados 2 dias o filho vendeu a prótese na feira da ladra e conseguiu 20€ por ela. Comprou 2 garrafas de água-pé e umas castanhas e fez uma celebração atrasada do dia de S. Martinho.
Accidents will happen
Desataram a correr como se a sua vida dependesse da sua velocidade. Correram até não conseguirem correr mais e depois correram ainda mais.
Finalmente chegaram e ele gritou “Aiiii!” quando aqueles dois impulsos nervosos que chegavam dos seus dois pés lhe transmitiram que a pesada caixa lhe tinha esmagado os dois dedões.
Finalmente chegaram e ele gritou “Aiiii!” quando aqueles dois impulsos nervosos que chegavam dos seus dois pés lhe transmitiram que a pesada caixa lhe tinha esmagado os dois dedões.
9 meses
Ainda se lembrava de quando tinham começado a planear tudo havia pouco mais de 9 meses, estavam deitados no quarto a ouvir o One dos U2, quando a conversa surgiu e uma mera conversa foi tomando proporções gigantescas, até que passado algum tempo já estavam a falar de uma certeza, de uma urgência, enfim de qualquer coisa que tinha que ser.
Nos dias seguintes ela foi fazer as consultas e análises clínicas necessárias, e quando tudo foi confirmado como OK, decidiram avançar.
Sabiam de antemão que o corpo dela se ia modificar, sabiam de todas as complicações inerentes aos primeiros dias, as dores, o dormir mal, as crises de choro, mas tudo lhes parecia sem valor face ao bem que daí poderia advir para a vida deles. Ambos o desejavam tanto ... era uma nova vida que aí vinha, iria ser tão bom.
Ela sentia que o seu relógio biológico já o pedia há muito tempo, e isso pareceu tornar aqueles 9 meses de espera ainda mais demorados, mas passado todo aquele tempo e ansiedade… fez a lipoaspiração à barriga e a vida recomeçou para os dois.
Thursday, November 10, 2005
Incapacidades...
E porque não? Aqui vai um pequeno poema, com alguns anos...
Pediste-me que descrevesse o teu sorriso
Mas as minhas ocas palavras
Não souberam dizer o que o coração queria.
Falei do calor que trespassava o teu riso,
Comparei-o ao sol que brilha.
Tentei e não consegui trasmitir o que sentia.
Agora, só no meu quarto
Penso no que poderia ter dito.
Poderia ter falado da noite,
Do dia, do prazer infinito
Que tu podes trazer no dia-a-dia,
Quando, ao me ver, me falas a sorrir
Dando-me, sem mesmo eu o pedir,
Mais do que qualquer outra poderia.
Pediste-me que descrevesse o teu sorriso
Mas as minhas ocas palavras
Não souberam dizer o que o coração queria.
Falei do calor que trespassava o teu riso,
Comparei-o ao sol que brilha.
Tentei e não consegui trasmitir o que sentia.
Agora, só no meu quarto
Penso no que poderia ter dito.
Poderia ter falado da noite,
Do dia, do prazer infinito
Que tu podes trazer no dia-a-dia,
Quando, ao me ver, me falas a sorrir
Dando-me, sem mesmo eu o pedir,
Mais do que qualquer outra poderia.
O cantor
Era um cantor. Cantar era o que sabia fazer e fazia-o bem. Cantava porque se sentia bem, cantava quando se sentia mal, cantava para alegrar os outros, cantava para os incomodar. Só parava para comer e dormir.
Um dia, a meio de uma canção, sentiu a garganta doer e parou de cantar.
Nunca mais voltou a cantar e tornou-se contabilista.
Um dia, a meio de uma canção, sentiu a garganta doer e parou de cantar.
Nunca mais voltou a cantar e tornou-se contabilista.
Wednesday, November 09, 2005
Amores de criança...
Tinha conseguido convencê-la a ir para minha casa nessa tarde. Estava completamente apaixonado por ela e esse era o grande dilema da minha vida... como conquistá-la, se ao pé dela ficava completamente apático, sem raciocínio?... Nessa tarde ajudei-a a fazer os trabalhos de casa... primeiro a matemática, tabuada do 6 e contas de somar com prova dos nove, depois os trabalhos de Português, conjugar os verbos "ser", "estar" e fazer uma composição com o tema "o que quero ser quando for grande".
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Ela escreveu sobre a profissão que queria ter quando crescesse, queria ler a sina na palma da mão das pessoas, e eu escrevi sobre as invenções todas que ia fazer quando fosse um grande inventor. Ela riu-se e disse - isso não é uma profissão e é preciso ser muito inteligente para inventar qualquer coisa. Fiquei furioso e ali mesmo decidi modificar a opinião dela sobre mim, por isso pedi à minha mãe que preparasse um lanche, que eu, ia só fazer uma coisa na arrecadação.
Quando acabámos de lanchar disse-lhe para ela vir à arrecadação ver o que eu tinha feito. Ela quando entrou ficou admirada de certeza com tudo o que eu tinha preparado em tão pouco tempo... uma sala escurecida com o cobertor da cama da mamã a tapar a janela, uma velinha na mesa, acesa por baixo de um aquário de vidro de forma a parecer uma lampada mágica e sem ela dar conta vesti uma gabardine do meu pai, que tive o cuidado de encher de estrelinhas brilhantes coladas e liguei o gravador velho da minha irmã com uma cassete que tinha uma música muito esquisita era o shine on your crazy diamond dos pink floyd.
Sentei-me de um lado da mesa e fiz-lhe sinal para se sentar do outro e seguindo um esquema que tinha inventado na minha cabeça disse - EU SOU ADIVINHO... se quiseres digo-te o Futuro... - Ela impressionada com tudo aquilo disse - sim quero. Então movi as mãos para cima do vidro e ... gaita ... aquela porcaria estava mesmo quente, queimei-me e gritei AIIIII, ela assustada perguntou-me - o que foi? é assim tão mau? rápido diz-me!, diz-me o futuro. Eu sem conseguir raciocinar com a dor que sentia disse a única coisa que me ocorreu..
EU SEREI ADIVINHO
TU SERÁS ADIVINHO
ELE SERÁ ADIVINHO
NÓS SEREMOS ADIVINHOS
VÓS SEREIS ADIVINHOS
ELES SERÃO ADIVINHOS
Este foi o meu grande primeiro amor...foi ela quem me pôs a pomada para as queimaduras nos dias que se seguiram.
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Ela escreveu sobre a profissão que queria ter quando crescesse, queria ler a sina na palma da mão das pessoas, e eu escrevi sobre as invenções todas que ia fazer quando fosse um grande inventor. Ela riu-se e disse - isso não é uma profissão e é preciso ser muito inteligente para inventar qualquer coisa. Fiquei furioso e ali mesmo decidi modificar a opinião dela sobre mim, por isso pedi à minha mãe que preparasse um lanche, que eu, ia só fazer uma coisa na arrecadação.
Quando acabámos de lanchar disse-lhe para ela vir à arrecadação ver o que eu tinha feito. Ela quando entrou ficou admirada de certeza com tudo o que eu tinha preparado em tão pouco tempo... uma sala escurecida com o cobertor da cama da mamã a tapar a janela, uma velinha na mesa, acesa por baixo de um aquário de vidro de forma a parecer uma lampada mágica e sem ela dar conta vesti uma gabardine do meu pai, que tive o cuidado de encher de estrelinhas brilhantes coladas e liguei o gravador velho da minha irmã com uma cassete que tinha uma música muito esquisita era o shine on your crazy diamond dos pink floyd.
Sentei-me de um lado da mesa e fiz-lhe sinal para se sentar do outro e seguindo um esquema que tinha inventado na minha cabeça disse - EU SOU ADIVINHO... se quiseres digo-te o Futuro... - Ela impressionada com tudo aquilo disse - sim quero. Então movi as mãos para cima do vidro e ... gaita ... aquela porcaria estava mesmo quente, queimei-me e gritei AIIIII, ela assustada perguntou-me - o que foi? é assim tão mau? rápido diz-me!, diz-me o futuro. Eu sem conseguir raciocinar com a dor que sentia disse a única coisa que me ocorreu..
EU SEREI ADIVINHO
TU SERÁS ADIVINHO
ELE SERÁ ADIVINHO
NÓS SEREMOS ADIVINHOS
VÓS SEREIS ADIVINHOS
ELES SERÃO ADIVINHOS
Este foi o meu grande primeiro amor...foi ela quem me pôs a pomada para as queimaduras nos dias que se seguiram.
As coisas vão melhorar...
Estava farta de saber que era essa a sua função, mas quem é que lha tinha dado.
Estava farta, levava pancada todo o dia e começava a acusar algum cansaço. No grupo de amigas diziam-lhe que ela era a mais vistosa a mais nova e que por isso a escolhiam quase sempre, mas isso não atenuava a mágoa de saber que iria passar a vida toda naquilo.
Por isso, concebeu um plano de fuga, naquele dia quando pudesse ia esforçar-se o mais possível para sair dali, iria aproveitar as pancadas que lhe davam e fazer delas a sua força para a tirar dali, não ia ser fácil, mas tinha que ser…
Quando recebeu aquela pancada, pensou…é esta, esta é a minha chance e esticou-se impulsionou-se e conseguiu sair daquele espaço que a confinava há tanto tempo.
Um dos rapazes gritou…
- desta vez vais lá tu - e o outro ripostou
- epá ! mas foste tu que a puseste lá! Eu não vou lá - O outro zangado disse
- eu também não estou-me a borrifar … olha ainda por cima caiu na piscina do velho, esquece.
Ela ficou ali triste, abandonada, e molhada … não havia nada a fazer.
As amigas no balde de bolas de ténis sentiram a falta dela, mas rapidamente elegeram de novo a mais vistosa e mais nova e fizeram uma festa em memória dela saltando em conjunto ao som da música.
Estava farta, levava pancada todo o dia e começava a acusar algum cansaço. No grupo de amigas diziam-lhe que ela era a mais vistosa a mais nova e que por isso a escolhiam quase sempre, mas isso não atenuava a mágoa de saber que iria passar a vida toda naquilo.
Por isso, concebeu um plano de fuga, naquele dia quando pudesse ia esforçar-se o mais possível para sair dali, iria aproveitar as pancadas que lhe davam e fazer delas a sua força para a tirar dali, não ia ser fácil, mas tinha que ser…
Quando recebeu aquela pancada, pensou…é esta, esta é a minha chance e esticou-se impulsionou-se e conseguiu sair daquele espaço que a confinava há tanto tempo.
Um dos rapazes gritou…
- desta vez vais lá tu - e o outro ripostou
- epá ! mas foste tu que a puseste lá! Eu não vou lá - O outro zangado disse
- eu também não estou-me a borrifar … olha ainda por cima caiu na piscina do velho, esquece.
Ela ficou ali triste, abandonada, e molhada … não havia nada a fazer.
As amigas no balde de bolas de ténis sentiram a falta dela, mas rapidamente elegeram de novo a mais vistosa e mais nova e fizeram uma festa em memória dela saltando em conjunto ao som da música.
Tuesday, November 08, 2005
The booze
Este post é diferente. Não é uma história, não quer dizer nada, não quer surpreender ninguém. Mas acontece que a letra que se segue perdeu-se da sua música, e acho que gostaria de arranjar uma companheira à qual se podesse colar bem. Quem ajuda?
I have an old friend,
It’s name is the booze
He comes in and help me
When I’ve nothing to lose
Whenever I think of you
How you’ve put me down
I drink a bottle or two
And then start the next round
But tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
Your face in my mind keeps comin’ round
And the old wounds keep geting sore.
Got some troubles at work
The boss wants to keep me in line
He says if I keep coming in late
He will fire me in a nick of time
Now I do my work right
I work hard everyday
What gives him the right
To treat me in such a way
And tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
I keep hearing my boss shoving me round
And it shrivels me down to te core.
So I hope one day I’ll die
And I hope my end will come soon
If life is like an apple pie
Then my share was eaten by a goon
And only the booze can help me
When I’m feeling this way
Everyone else has deserted me
Only he helps to face the end of the play
But tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
Death comes to collect me, get me out of this town
And the booze has lent her a hand, for sure..
I have an old friend,
It’s name is the booze
He comes in and help me
When I’ve nothing to lose
Whenever I think of you
How you’ve put me down
I drink a bottle or two
And then start the next round
But tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
Your face in my mind keeps comin’ round
And the old wounds keep geting sore.
Got some troubles at work
The boss wants to keep me in line
He says if I keep coming in late
He will fire me in a nick of time
Now I do my work right
I work hard everyday
What gives him the right
To treat me in such a way
And tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
I keep hearing my boss shoving me round
And it shrivels me down to te core.
So I hope one day I’ll die
And I hope my end will come soon
If life is like an apple pie
Then my share was eaten by a goon
And only the booze can help me
When I’m feeling this way
Everyone else has deserted me
Only he helps to face the end of the play
But tonight the booze has let me down
Even though I drink and drink some more
Death comes to collect me, get me out of this town
And the booze has lent her a hand, for sure..
A prisão
De lá de dentro e espreitando cá para fora através da rede na janela, ela via-o a jogar com os colegas, corriam, tentavam encestar a bola no cesto e divertiam-se. Ela apertada contra o vidro da janela que na realidade era um pequeno postigo, via-o de seguida a dirigir-se para o jardim, pegar na enxada e começar a tratar das flores. Pareciam bonitas vistas dali e de vez em quando ele trazia-lhe uma.
Apertada contra toda aquela gente que se amontoava na pequena sala onde se faziam as visitas semanais pensava o que a tinha levado aquela situação.
Ele vinha falar com ela e calmamente contava-lhe tudo o que tinha feito durante a semana.
Ela ficava triste... não por si... mas acontecia-lhe sempre o mesmo quando ia visitar o pai à prisão.
Apertada contra toda aquela gente que se amontoava na pequena sala onde se faziam as visitas semanais pensava o que a tinha levado aquela situação.
Ele vinha falar com ela e calmamente contava-lhe tudo o que tinha feito durante a semana.
Ela ficava triste... não por si... mas acontecia-lhe sempre o mesmo quando ia visitar o pai à prisão.
Bolas de sabão
Ela já sabia muito bem que tinha uma esperança de vida muito curta, mas mesmo assim já tinha tomado a decisão de sair dali. Assim, logo que lhe foi possível preparou-se e esperou pela sua grande oportunidade de liberdade.
A criança tinha pegado no tubinho e preparava-se para ir fazer bolinhas de sabão no parque, ia a assobiar uma música muito engraçada.
Quando chegou lá preparou-se… inspirou e de seguida soprou com força.
A bola de sabão soltou-se… livre… efémera… mas feliz com a sua libertação, e começou a subir … a subir… a subir, até que olhou cá para baixo e viu a criança que desesperadamente a tentava rebentar, pensou então que já que tinha que ir, porque não ir em glória e decidiu dar aquele pequeno prazer à criança por isso, desceu até ela lhe chegar e deixou-se rebentar pela criança…
Ainda hoje me pergunto porque é que as bolas de sabão não vão sempre por onde esperamos que elas sigam e isso é o que mais me fascina nelas…
Monday, November 07, 2005
Imagens
Lá estava ele … com aquele olhar carregado, gasto … sentiu-se mal com aquela presença.
A música que tocava na altura tornava ainda mais real aquele sentimento de repulsa.
Se dependesse de mim – pensava ele - mudavas mesmo de visual…- disse-lhe furioso
Cerrou os punhos como se pretendesse modificar aquelas feições à força de murro, mas não o fez, entretanto a música parara e acalmou-se.
Afastou-se do espelho… ajeitou o cabelo, pegou na guitarra saiu do camarim e entrou em palco.
A música que tocava na altura tornava ainda mais real aquele sentimento de repulsa.
Se dependesse de mim – pensava ele - mudavas mesmo de visual…- disse-lhe furioso
Cerrou os punhos como se pretendesse modificar aquelas feições à força de murro, mas não o fez, entretanto a música parara e acalmou-se.
Afastou-se do espelho… ajeitou o cabelo, pegou na guitarra saiu do camarim e entrou em palco.
Sunday, November 06, 2005
Saturday, November 05, 2005
I'm a poor and lonesome cowwboy...
Era uma sensação incomparável galopar sentindo o vento nos seus cabelos. Aquela sensação de velocidade vertiginosa associada ao suave baloiçar do seu cavalo era fenomenal. Aquele sentimento de liberdade era indescritível.
Na verdade, pensava, eu não sabia o que estava a perder por não ter um cavalo. Agora sim, sou feliz. E galopava sem parar, sem sentir necessidade de usar esporas, as quais, para dizer verdade, não usava.
O cavalo parecia não se cansar, bastando-lhe o estímulo do ritmado balançar do seu cavaleiro, para continuar. O suave embalar da incansável montada seria capaz de reconciliar o pior dos cínicos com este mundo, quanto mais se diria daquele cavaleiro sem mágoa?
De repente, sentiu algo a poisar no seu ombro. Virou-se e... viu a mão do seu Pai que sorria, contemplando-o, e disse “Agora são horas de ir comer. Deixa lá o teu cavalinho de pau.”
Na verdade, pensava, eu não sabia o que estava a perder por não ter um cavalo. Agora sim, sou feliz. E galopava sem parar, sem sentir necessidade de usar esporas, as quais, para dizer verdade, não usava.
O cavalo parecia não se cansar, bastando-lhe o estímulo do ritmado balançar do seu cavaleiro, para continuar. O suave embalar da incansável montada seria capaz de reconciliar o pior dos cínicos com este mundo, quanto mais se diria daquele cavaleiro sem mágoa?
De repente, sentiu algo a poisar no seu ombro. Virou-se e... viu a mão do seu Pai que sorria, contemplando-o, e disse “Agora são horas de ir comer. Deixa lá o teu cavalinho de pau.”
Thursday, November 03, 2005
E foi assim...
Ele olhou com inveja da janela para a rua, onde passavam milhares de seres sob aquela chuva que caía já há 3 dias sem parar. Como desejaria, ele que era tão doce, tão dedicado a tornar a vida das pessoas mais agradável, poder também estar lá fora! Mas não, a sua Mãe dissera-lhe que não devia sair, nunca enquanto estivesse a chuver.
A certa altura, não aguentou mais, abriu a porta da rua e fugiu lá para fora, para sentir a chuva.
E dele, não ficou mais do que um montinho de açúcar no passeio, enquanto a sua Mãe mostrava, com uma lágrima ao canto do olho, aos seus irmãos o que acontece aos torrões de açúcar desobedientes.
A certa altura, não aguentou mais, abriu a porta da rua e fugiu lá para fora, para sentir a chuva.
E dele, não ficou mais do que um montinho de açúcar no passeio, enquanto a sua Mãe mostrava, com uma lágrima ao canto do olho, aos seus irmãos o que acontece aos torrões de açúcar desobedientes.
Comportamentos condicionados
Ligou a luz, dirigiu-se para a câmara de filmar e ligou-a, pôs a música a tocar.
Depois pegou no objecto de borracha e mergulhou-o dentro de água. Estava a repetir mais uma vez o mesmo procedimento, e a reacção foi a mesma, os peixes deslocaram-se todos em cardume para o ponto mais afastado do boneco de borracha. Esperou uns segundos e retirou aquela espécie de costeleta com olhos feita em borracha que tanto os assustava, ou pelo menos condicionava. Novamente como sempre tinham feito passados instantes saiu um do grupo que ela não conseguia identificar se era sempre o mesmo ou não e fez algumas tentativas para se deslocar para o local onde antes tinha estado o “monstro” de borracha, e finalmente passados mais alguns segundos saíram todos daquela ponta do aquário e recomeçaram as actividades normais.
Ela, orgulhosa com o seu trabalho, desligou a câmara e pensou como era interessante o estudo de reflexos comportamentais em animais. Já a pensar no que iria escrever sobre o assunto, dirigiu-se para a porta e de repente ouviu um som que vinha perto do aquário, deslocou-se para lá outra vez, ligou a câmara …
Ele olhou para baixo para a caixa onde estava a realizar a experiência e sorriu, mais uma vez a pequena fêmea dirigiu-se para o recipiente com água e começou a executar uma série de movimentos que repetia sempre que ele fazia aquele ruído (estímulo), era mesmo interessante estudar o comportamento de animais…
Wednesday, November 02, 2005
Dezenas de lugares
Já era a terceira vez esta semana que lhe acontecia o mesmo, sentia qualquer coisa escorrer dos ouvidos, e quando passava a mão no local ficava com a mão suja de sangue. Era desta, estava decidido… desta vez ia ver o que se passava pensava para si mesmo, e assim fez, os resultados é que não eram muito animadores, o médico disse-lhe que era uma questão de dias, horas ou poderiam ser minutos.
Pensou no que fazer, talvez ir divertir-se, mas onde? Pegou numa caneta , num papel e pôs um CD de Jeff Buckley. Estava a tocar o “Lover you should’ve come over” e isso era inspirador pensou… sentou-se à mesa e começou a escolher os locais que ainda queria ir visitar, mas as hipóteses eram tantas que lhe parecia uma tarefa impossível, finalmente decidiu-se a colocar na lista todos, mas mesmo todos os lugares que queria visitar, passadas algumas horas estava completa a lista ainda eram mais de 30 lugares para visitar. Levantou-se contente com o resultado e dirigiu-se para a porta… nunca lá chegou!!!
Tuesday, November 01, 2005
esquecimentos...
Ela ia pela rua abatida, a sua vida tinha tomado um rumo totalmente diferente. A mera existência de tal acontecimento tinha-a marcado a ela e à sua família... Como a iriam a olhar os pais e os irmãos? como seria de esperar que a perdoassem?Tinha sido apenas um esquecimento...mas ela sentia-se como se devesse pintar-se toda de negro para esconder a vergonha...as pessoas pareciam conhecer o seu segredo, e a desconfiança patente nos seus rostos parecia manchar ainda mais a pouca dignidade que lhe restava. Ela entrou em casa e correu para a mãe, colocou a cabeça no colo dela e pediu perdão. Não voltaria a fazer tal coisa, prometeu ela, nunca mais na sua vida, nunca mais!!!Não voltaria a esquecer-se de ver bem se tinha posto ou não. A mãe colocou a mão na cabeça dela e afagou-a dizendo: "Não te preocupes querida, se pusermos a líxivia a roupa volta a ficar branca."
Monday, October 31, 2005
Um pequeno gesto
Era definitivamente um dia muito deprimente. Desde que saíra do automóvel, todo o mundo lhe parecia escuro, sujo, pouco agradável. Entrou em casa, oprimido por aquela escuridão e murmurou um olá para a sua esposa. Ela aproximou-se dele, fez um simple gesto e... zás! De repente tudo ficou mais claro, o dia mais alegre, o sorriso dela mais luminoso.
Depois ela beijou-o, enquanto colocava sobre a mesa os óculos escuros que tinha cabado de retirar da face dele e que ele se tinha esuqecido de tirar quando estacionara o carro.
Depois ela beijou-o, enquanto colocava sobre a mesa os óculos escuros que tinha cabado de retirar da face dele e que ele se tinha esuqecido de tirar quando estacionara o carro.
Saturday, October 29, 2005
Dias chuvosos
Os dias chuvosos são, em geral, tristes. Isto é assim porque são mais escuros e o ser humano gosta de luz (em média). No entanto, existe uma outra faceta dos dias chuvosos, uma que só é clara para alguns e mesmo para esses só ocasionalmente.
De vez em quando, parece que a chuva cai como se quisesse limpar toda a porcaria que há cá em baixo. E refiro-me não só à porcaria no sentido de lixo e detritos como no sentido dos pensamentos e acções erradas que o Homem consegue produzir com tanta abundância.
Nesses dias, a chuva cai como se quisesse redimir todos os nossos erros, todos os nosssos alegados pecados. É uma chuva purificadora que lava as más acções e os seus resultados nefastos. Claro que tudo isto é só um “parece que” um “gostava que fosse assim”, mas a verdade é que após essas peculiares chuvadas, olhamos para o Mundo sob uma nova pespectiva. Ele parece-nos mais puro e nós próprios parecemos mais limpos, onde interessa realmente ser limpo: no interior de nós (aquilo a que é vulgar chamar a nossa alma).
Apesar de tudo isto, analisando bem os factos concluo que a chuva é... só chuva. E isso basta.
De vez em quando, parece que a chuva cai como se quisesse limpar toda a porcaria que há cá em baixo. E refiro-me não só à porcaria no sentido de lixo e detritos como no sentido dos pensamentos e acções erradas que o Homem consegue produzir com tanta abundância.
Nesses dias, a chuva cai como se quisesse redimir todos os nossos erros, todos os nosssos alegados pecados. É uma chuva purificadora que lava as más acções e os seus resultados nefastos. Claro que tudo isto é só um “parece que” um “gostava que fosse assim”, mas a verdade é que após essas peculiares chuvadas, olhamos para o Mundo sob uma nova pespectiva. Ele parece-nos mais puro e nós próprios parecemos mais limpos, onde interessa realmente ser limpo: no interior de nós (aquilo a que é vulgar chamar a nossa alma).
Apesar de tudo isto, analisando bem os factos concluo que a chuva é... só chuva. E isso basta.
Friday, October 28, 2005
People are strange
É bem verdade, as pessoas são estranhas. Tão estranhas que parecem irreais. Frequentemente olhamos para elas e quando pensamos a sério sobre o que vemos, parece que as estamos a ver através de uma névoa que lhes esconde os traços. Se calhar é essa a razão de ser tão difícil conhecer alguém pois não conseguimos ver os verdadeiros traços da personalidade mesmo das pessoas que vemos e pensamos que conhecemos... Vale a pena fazer a seguinte experiência: experimentem cumprimentar uma pessoa que nunca viram... De imediato, são olhados com desconfiança como se fossem vilões à procura do mel escondido... ou então, como se fossem loucos, tornados insanos pelo stress da vida actual... Já ninguém se cumprimenta só porque se cruza... isso implicaria cumprimentar um número quase infinito de pessoas.
Na verdade, quase que estou convencido que essa é uma das forças maiores da música pois ela estabelece (ou não!) comunicação entre pessoas que de outra forma nunca comunicariam. Por essa e por outras conntinuo a dizer que o que é preciso é que haja música!
Na verdade, quase que estou convencido que essa é uma das forças maiores da música pois ela estabelece (ou não!) comunicação entre pessoas que de outra forma nunca comunicariam. Por essa e por outras conntinuo a dizer que o que é preciso é que haja música!
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