Wednesday, January 10, 2007

Tragedia de outro mundo

Amlira olhou para o céu e, de imediato, um olhar de preocupação tomou conta da sua face. Provavelmente ia chover... E os seus cultivos que estavam desprotegidos das intempéries! “Tenho que voltar para casa” pensou,”urgentemente!”.
Juntando a acção ao pensamento estugou o passo e, com determinação, tomou o caminho da sua propriedade. A meio do caminho, que estava a tomar-lhe muito menos tempo que o usual dada a rapidez do seu andar, começou a chover. Em geral considerava a chuva como um benção já que com a água que caía dos céus caía também a dádiva da vida, mas neste caso era fundamental que os seus cultivos não fossem prejudicados pelo mau tempo. Desatando a correr, tentou chegar ao seu terreno o mais depressa possível.
Quando chegou, deparou-se-lhe uma cena pungente e trágica: Os outros dois membros da sua família contemplavam, chorando, os seus filhos que, tendo acabado de germinar exactamente naquela manhã, se encontravam mortos pela chuva que, noutra altura, teria sido uma fonte de saúde para eles. Juntando-se ao desespero global, Amlira só pensava, inconsolável, que eles três só voltariam a estar férteis no próximo ciclo da Lua-Mais-Próxima e que, mesmo que tivessem outra ninhada de rebentos como esta isso nunca traria de volta as vidas perdidas inconsequentemente devido ao acaso e ao mau tempo.

Friday, January 05, 2007

Dancin' fool

Todos os frequntadores daquela discoteca ficaram a olhar para aquele dançarino. “Olha aquele gajo a exibir-se!”, “Não era preciso aquilo tudo para mostrar que sabe dançar!”, “Só me apetece dar-lhe um murro!” e “Gostava de saber dançar assim...” eram algumas das frases que circulavam entre os espectadores embasbacados daquela dança frenética, quase acrobática. E o dançarino continuava a rodopiar, atirar as mãos para trás das costas, contorcer o corpo todo, dobrando e triplicando o ritmo da música que. de si, já era rápido.
Finalmente, sempre a dançar, o alvo de todos aqueles olhares invejosos dirigiu-se para a porta e saiu da discoteca. Já no exterior, contiuou a dançar pelo passeio fora e foi-se embora praguejando para si mesmo: “Se apanho o engraçadinho que me encheu a roupa de pós-de-comichão, nem a alma se lhe aproveita...”