Thursday, December 29, 2005

texto longo...há muito tempo que não escrevo...

Há muito tempo que não escrevo...nem poemas, nem textos, nada...talvez porque não tenha inspiração, mas mais do que isso, porque tenho sobre mim uma tristeza inabalável, que não se vai embora...
Todos os dias levanto-me simplesmente porque me obrigo a tal, não porque queira, não porque goste, não porque tenha curiosidade de ver o novo dia, nem porque tenha um alguém à espera... simplesmente porque me obrigo a tal...porque prometi, porque combinei...porque tenho a responsabilidade... Parece-me que algures no meio, perdi qualquer coisa, perdi a vontade de sorrir, ou algo do género, há um vazio muito grande, e não me consigo lembrar do que estava lá a preenche-lo...
Hoje não foi diferente, passei pelo mundo cinzenta e calada, a fazer o que me competia e a ouvir quem queria ser ouvido...uma inércia gigantesca sempre a pairar sobre o meu corpo (se calhar é do meu peso...) e uma tristeza entranhada na alma...e depois...depois disseram-me...escreve um postal para a tia...
Não sei se foi o relembrar da escrita, se foi a imaginação que estava acumulada ao fim de tanto tempo de espera, mas dei comigo a começar a escrever este texto (em vez de escrever o postal da tia...mas no fim também acabei por o completar...).
Talvez seja um desabafo, ou apenas uma constatação...mas a verdade é que é que a vida parece-me cada vez mais triste, mais afastada daquilo que conhecia...as pessoas mudam, é um facto inegável, mas há coisas que não o deviam fazer...
Acho que as pessoas deviam ser capazes de fazer uma cara feia e a seguir partir-se a rir...deviam capazes de pedir a mão quando estão sozinhas ou têm medo...deviam querer cantar alto, simplesmente porque o gostam de fazer...e deviam procurar as pessoas que lhes fazem falta, mesmo que elas tenham desaparecido por pouco tempo...porque não pedir o que querem, porque talvez até o consigam...ou então divertir-se com um simples guardanapo de papel...e fazer os outros rirem-se com isso...as pessoas deviam ser capazes de se surpreender com o mundo e obviamente com uma fonte...não porque é correcto, responsável ou espectável...mas porque há uma parte de nós que nunca deve ser deixada morrer...
Bem sei que eu não faço isso, estou longe de ser perfeita e, ao contrário do que as pessoas pensam, não estou minimamente contente com aquilo que sou, há demasiado em mim para mudar, para aprender...mas há uma coisa que espero que nunca mude...espero que seja sempre capaz de me espantar com aquilo que o mundo tem para ensinar, principalmente uma criança...para que aquela zona do nosso cérebro que não para de falar e de dizer coisas nunca despareça...porque a vida é demasiado curta para podermos dar-nos ao luxo de cair na tristeza, no desânimo ou abandono...porque simplesmente não podemos deixar de acreditar que existe sempre um anjo ao pé de nós que nos guia e nunca nos deixa sozinhos...embora às vezes pareça...porque dentro de todo o azar existe uma sorte e no final de tudo...quando lá chegarmos ver-nos-emos todos outra vez...

e pronto...é diferente...se chegaram até aqui parabéns...espero que tenham gostado...

1 comment:

Very Unlucky Guy said...

A vida é assim, frequentemente enche-se de vazios (a antítese é voluntária). Cabe-nos a nós, preencher esses vazios. Às vezes não é fácil, mas cedo ou tarde consegue-se dar um jeito (é uma questão de força de vontade, a qual nem sempre está lá quando queremos). Eu sei, pois sou um perito no assunto, por razões sobejamente conhecidas.
O mais que posso dizer é que é bom podermos contar com aqueles que gostam de nós de verdade (a família, essencialmente) e que temos que aprender a não depender daqueles que não gostam de nós de verdade (os chamados "amigos", só que nem por isso o são). No fundo, nós é que temos que criar os nossos objectivos (o que não quer dizer que não incluamos outros neles) e parce-me que, às vezes, o fazer as coisas só porque prometemos ou sentimos a responsabilidade pode não chegar mas é um pontapé de partida. O resto até pode ir por si mesmo.
Quanto à tristeza, a minha experiência é que não desaparece, só passa para pano de fundo. Mas atristeza pode ser um trampolim para grandes alegrias! (esta saiu bem...)
Acho que já chega. Bottom-line: tristezas no armário da memória, cerrar fileiras e toca para a frente!