Havia de certeza mais de 20 anos que o professor Sergei Pavlov leccionava na universidade de Praga. A sua paixão pela ciência em geral e pela matemática em particular, tinham-no levado ao lugar de professor catedrático e o seu status era tal que cada palavra sua, era quase um novo teorema. A sua outra característica mais vincada era o ódio à futilidade e banalidade, isso tinha-lhe grangeado a fama de “enfant terrible” pois em todas as situações da vida quotidiana ele refutava tudo o que achava dispensável, concentrando-se apenas no que era essencial, isso tinha-o tornado uma pessoa objectiva e obcecada com a pesquisa da simplicidade.
Nesse dia já quase tinha adormecido durante uma reunião na qual mais uma vez criticou severamente o tempo que se perdia a discutir coisas sem interesse, esquecendo-se muitas vezes o cerne do problema. Agora estava sentado na sala de aulas, enquanto os alunos faziam um teste e revia mais uma vez a folha cheia com a dedução de uma nova fórmula que iria permitir aos físicos estudar o teletransporte. Lentamente sentiu o torpor do sono dominá-lo começou a ouvir um som e começou a sonhar como o mundo seria melhor se se conseguisse reduzir tudo à sua essência mais importante, desprezando o resto. Sonhou e pediu para si o poder de conseguir eliminar o que não fosse essencial da sua vida.
Quando acordou, olhou para a folha da demonstração e tocou-lhe, rapidamente viu uma série de pedaços da expressão desaparecerem e outros migrarem para outras partes da folha, e no fim quando olhou, estava lá só a essência. Espantado e maravilhado levou as mãos à cabeça, nesse instante os alunos viram o professor Pavlov desvanecer-se no ar, uma luz muito branca formar-se junto do coração e desaparecer a seguir em direcção ao tecto.
Nunca niguém conseguiu explicar o que se passou, 80% dos alunos apresentam ainda hoje traumas variados, e a policia ainda hoje tenta encontrar o paradeiro do professor Pavlov.
Lá em cima, muito muito muito lá em cima, olhou cá para baixo e disse ... “Tudo se pode reduzir ao essencial”
Friday, November 25, 2005
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1 comment:
Essencialmente, acho que este texto é essencialmente bom. muito engraçado no que é essencial.
Benditos sejam aqueles que atingem a essencia das coisas e acabam por se transformar na sua própria essencia! (parece-me que, essencialmente, o tal prof. não ficou nada mal e ficou, essencialmente, feliz). Este está espectacular!
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