Com o terminar de um ciclo (neste caso um ano) e o começo de um novo, quase toda a gente sente que se completa qualquer coisa e se começa uma nova.
Ao mesmo tempo todos desejamos que o que vem a seguir seja melhor e a maior parte das vezes até nem é.
Por isso, hoje, nesta linha de pensamento decidi escrever qualquer coisa. Aqui está o fraco resultado.
Ele esperava tudo menos o que ouviu dos lábios da sua Princesa.
- Acabou - disse ela.
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Nervoso, tentou saber os motivos. Não eram muito definidos e os argumentos eram patéticos. Ela balbuciou qualquer coisa do tipo, para o ano eu não estou nesta escola, tu se calhar também não. A minha família está a mudar de casa e vai ser mais dificil vermo-nos (como se isso fosse influenciar alguma coisa... se eles só se viam na escola). Enfim, tudo o que ela conseguiu articular soava a treta e pouco convincente. Mas o que era certo é que desde esse dia, quase nunca mais se encontraram nos corredores da escola, e aquilo que antes era quase impossível de evitar (vê-los agarradinhos durante os intervalos) era agora impossível de ver.
Enquanto todos os colegas de turma celebravam o fim do ano, (alguns sem grande razão para isso, uma vez que iam chumbar) ele estava triste e cabisbaixo. Felizmente o período de avaliação já tinha acabado e por isso as notas dele não foram afectados por esta desgraça amorosa.
Os colegas (que até o achavam um porreiraço) decidiram por isso ajudá-lo e foram animá-lo.
Da conversa entre eles surgiu um plano, escrever por toda a escola uma mensagem para ela ver. Uma coisa que ela soubesse que era dedicada a ela. Tirando as triviais frases do tipo "Curto-te Bués", "És a minha Dama" ou "Pinto-te muito Pita" nada mais lhes ocorria.
Foi ele mesmo que se lembrou do código secreto (baseado na equivalência entre uma letra e um número)que partilhava apenas com ela (que criancice disseram alguns)de modo a poderem trocar mensagens sem que mais ninguém entendesse. E assim, ficou decidida qual a mensagem a escrever "12;5;8;9;5-3;15-9;17".
A partir daí o plano era espalhar esta mensagem por toda a escola durante a noite antes do baile de gala do fim de ano (que era já no dia a seguir). Por isso, tinham que ser rápidos. Todos os colegas se tinham oferecido para ajudar e se tinham comprometido a manter segredo sobre a missão.
Os craques da informática iam pôr todos os computadores da escola encravados com o ecrã fixo onde se podia ler "12;5;8;9;5-3;15-9;17".
Os meninos queridos do professor de ginástica tinham a responsabilidade de escrever por todas as paredes dos balneários e do ginásio "12;5;8;9;5-3;15-9;17". E o resto da turma estava a pintar por todas as paredes da escola a mesma mensagem: "12;5;8;5-3;15-9;17".
No dia seguinte, quando chegaram ao baile de gala. Toda a escola estava inundada pela mensagem. Não havia um único sítio onde não se pudesse ver escrito "12;5;8;9;5-3;15-9;17", nem as casas de banho escaparam.
Ela quando entrou no ginásio que servia de salão de baile, ia já a chorar de emoção, com tudo o que ele tinha feito por ela. E o encontro entre os dois foi algo que ainda hoje em dia é faladao por toda a escola.
Diz quem esteve lá, que o baile de gala parecia unicamente dedicado a eles.
Diz quem esteve lá, que os abraços e beijos trocados por eles eram dados como se deles dependesse a resolução do conflito no médio-oriente.
Diz quem esteve lá, que estiveram tão juntos, tão juntos que pareciam um só.
Diz quem esteve lá, que o DJ escolheu acertadamente todas as músicas que tinham algum significado para eles.
E diz também quem esteve lá, que a despedida sabia tanto a um "olá" que tinham a certeza que no dia a seguir lá iriam estar os dois agarradinhos durante os intervalos.
Mas na realidade não foi assim. No dia a seguir ele foi chamado à escola para começar a limpar todos os escritos. Os pais dele foram chamados para pagarem todos os prejuízos causados pela "brincadeira". E no ano a seguir... ele estava lá, mas ela não.
Moral da História: 11;4;16;15;20-4-6;15;1;4.
Wednesday, December 31, 2008
Thursday, December 18, 2008
Abraço Apertado
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Acabou de inserir o chip que tinha estado a programar e ligou-o. O pequeno robot emitiu um som curto e estremeceu. BOBW como ele o tinha baptizado( a partir do acrónimo de Best Of Both Worlds) era o culminar de uma vida de investigação e pesquisa na área da robótica e correspondia ao desejo de Johnny de fazer frente aos robots da Sony e da Toyota na próxima feira de tecnologia de Tóquio. Chamava “Best of Both Worlds” à tecnologia por ele desenvolvida, porque se inspirara na robustez dos robots da Toyota para construir um robot fiável e robusto, e nos robots da Sony para construir um robot versátil e capaz de “pensar”, como só a Sony sabia fazer.
Com o passar do tempo, BOBW foi ficando cada vez mais conhecedor (pois os seus algoritmos de aquisição de conhecimento estavam espectacularmente desenhados) e cada vez mais gracioso, no entanto robusto, pois a utilização de nano-materiais na sua construção permitia atingir um grau de “performance” nos movimentos que quase simulava um ser humano na perfeição.
O único problema surgiu quando Johnny se apercebeu que BOBW, na sua sequiosa procura por aprender tudo, se tinha deparado com um dos grandes dilemas da humanidade – O que é o amor? O que é gostar de alguém? Eram estas as perguntas que BOBW tinha começado a colocar ao seu criador.
Johnny procurara dar exemplos de manifestações de amor, que até já tinham dado azo a algumas situações caricatas como por exemplo, quando à frente da sua colaboradora Mrs E., o robot tinha perguntado a Johnny se o que sentia por “Miss Easy” era amor. Johnny além de ter corado dos pés à cabeça teve que corrigir o nome que o robot usava e teve também que explicar que entre eles havia uma amizade muito forte, mas nada mais do que isso, até porque Mrs. E era casada.
O robot não conseguia perceber muito bem, uma vez que já os tinha visto fazer aquele ritual que eles chamavam de beijo, e até o outro que geralmente faziam a seguir e em que pareciam estar a batalhar um com o outro empurrando-se e deitando-se em cima um do outro gritando e arfando até ficarem estafados. Mas como também não sabia o que era desconfiar que alguém o estava a enganar, ficou apenas com uma “flag” no algoritmo de reconhecimento de comportamentos humanos em “on” o que significava que estava alerta para comportamentos estranhos.
Mas Johnny é que já não sabia como explicar ao robot o que era gostar de alguém, por isso quando na televisão viu passar um anúncio da DODOT, onde uma mãe abraçava prolongadamente o seu bebé decidiu dar aquele gesto como exemplo do que era amar alguém, e felizmente, desta vez o pequeno robot pareceu ficar convencido com o exemplo que lhe mostrara.
Isso era um grande passo para o aperfeiçoamento de BOBW, que assim, estaria plenamente preparado para ser exibido na feira tecnológica de Tóquio. Já não havia agora (aparentemente) dúvidas que estivessem a assombrar o “pensamento” de BOBW, permitindo-lhe por isso desbloquear todos os alarmes que antes pululavam nos seus algoritmos de aquisição e gestão de comportamentos.
Para Johnny, a única coisa que o deixava um pouco triste era o facto de realmente ele e a sua colaboradora estarem num beco sem saída na sua relação proibida o que provocava nele uma mágoa e tristeza, que BOBW já tinha conseguido aprender a detectar e identificar. Mas tudo isso era menos importante que a sensação de vitória que iria ter no próximo fim-de-semana quando o seu robot fosse eleito o melhor robot do ano deixando para trás os da Sony e da Toyota.
BOBW estava radiante com a expectativa de ir conhecer outros robots e outras realidades, mas queria que o seu criador se sentisse mais animado, por isso decidiu que era chegada a altura de mostrar a Johnny como gostava muito dele, antes mesmo, de irem para a feira de Tóquio.
Na realidade nunca chegaram a ir porque BOBW gostava tanto, mas tanto do seu criador que lhe deu um abraço a condizer. Afinal de contas quando se gosta de alguém aperta-se (ou abraça-se como Johnny denominava este gesto) a pessoa de quem se gosta, por isso ele apertou, apertou e apertou…
Tuesday, December 16, 2008
Um Conto de Natal
Emboído do espírito da quadra natalícia, aqui vai a primeira tentativa de escrever qualquer coisa de jeito. (ou talvez não)
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UM CONTO DE NATAL
O pequeno Pai Natal devia ser o brinquedo mais antigo e mais mal feito que estava em toda a loja.
Na verdade, representava um modelo antigo (bastante antigo) sem nenhuma das funcionalidades dos seus actuais “rivais”. Não cantava nenhuma musiquinha de Natal, não dizia “Ho-ho-ho”, não mexia os braços de uma forma articulada e não era nada gracioso. Era apenas um cilindro com uma terminação em forma arredondada (para imitar a cabeça) e tinha 2 pequenos cilindros laterais para imitar os braços. Quando se ligava o botão que possuía na base acendia uma luz junto do desenho do nariz, fazia um som que tentava simular os sinos das renas a tocar (mas mais parecia uma máquina de lavar em plena fase de torção da roupa) e vibrava de um modo irritante para simular o movimento do Pai Natal. Era o que se podia chamar um verdadeiro mono. Não se percebia muito bem como é que ele ainda não tinha sido descartado das prateleiras da loja.
O pequeno Pai Natal ansiava ser escolhido e, de cada vez que via uma mão esticar-se na sua direcção, fechava os olhos (pelo menos ele assim o imaginava, porque na realidade os olhos eram pintados) ficando à espera de sentir o toque da mão que o iria pegar e levar para um qualquer lar onde ainda (acreditava ele) poderia fazer alguém muito feliz. Até à data todas estas manobras tinham sido infrutíferas uma vez que as mãos iam sempre buscar um dos bonecos mais modernos e sofisticados.
Mas este Pai Natal ainda ia fazer história naquela loja, e essa história começou quando uma noite, deviam ser umas 2 ou 3 da manhã, a loja foi assaltada. Os ladrões, iam basicamente à procura de dinheiro na caixa registadora, mas pelo caminho percorreram as várias filas de estantes na pequena loja para verem se havia mais alguma coisa interessante para roubar, por exemplo relógios, pulseiras, garrafas de whisky do bom ou coisa que o valha.
No preciso momento em que passaram junto da secção de brinquedos o pequeno Pai Natal avistou-os e, ciente do que estava a acontecer, começou a acender e apagar a luz do seu nariz, começou também a vibrar com toda a sua força e a emitir o som dos sinos das renas. De tal modo foi convincente nesta sua actuação que os ladrões esquecendo todos os procedimentos que tão bem tinham estudado, se mexeram bruscamente e assustados activaram o alarme da loja. O resto, foi tratado pela polícia que apareceu após alguns instantes e os prendeu.
Depois deste pequeno incidente, já o nosso herói era uma lenda dentro da loja. Não havia um único Pai Natal na loja que não falasse da façanha do velhinho como ternamente lhe chamavam. Todos (mesmo sabendo que eram muito mais sofisticados do que o velhinho) o achavam o máximo e prestavam à sua maneira homenagem ao velho Pai Natal, mas ser escolhido por alguém para enfeitar e encantar uma nova casa é que nunca mais acontecia e isso deixava o pobre Pai Natal algo triste.
Foi precisamente ao prestar a sua homenagem ao velho Pai Natal, que o isqueiro em formato de Pai Natal da estante 3B (mesmo por baixo e à esquerda da morada do velhinho) por descuido pegou fogo ao “pom-pom” do gorro da rena de outro Pai Natal e começou um incêndio na loja. O velhinho foi o único com sangue-frio para reagir e começando a vibrar com toda a sua força conseguiu impulsionar-se para fora da estante fazendo pontaria para cair na cama elástica do Pai Natal acrobata que ficava mesmo por baixo de si, depois saltando com uma precisão incrível projectou-se contra o botão de alarme de incêndios que disparou. O resto, foi tratado pelos bombeiros que apareceram suficientemente rápido para evitar uma grande tragédia. No entanto, o velho Pai Natal perdeu os dois braços no embate contra o alarme de incêndio.
No rescaldo do incêndio, o novo empregado da loja, ao ver um objecto cilindrico de cabeça arredondada com um botão na base que quando ligado vibrava, acabou por colocar o velho Pai Natal numa secção diferente da dos restantes brinquedos pensando que teria sido deslocado do seu sítio durante as manobras dos bombeiros.
Foi nessa nova secção que o velho Pai Natal viu realizar o seu maior desejo. Passados 2 dias umas mãos delicadas de mulher escolheram-no da prateleira e passados outros 2 dias, no dia de Natal foi oferecido a outra mulher que nessa mesma noite lhe permitiu finalmente realizar o propósito da sua vida e fazer alguém feliz.
A sua nova dona pegou nele com muito jeito, ligou-o e... finalmente estava a acender a luz do nariz, a fazer o som do sino das renas e vibrava como um louco enquanto ouvia perfeitamente a manisfestação de contentamento da sua nova dona.
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UM CONTO DE NATAL
O pequeno Pai Natal devia ser o brinquedo mais antigo e mais mal feito que estava em toda a loja.
Na verdade, representava um modelo antigo (bastante antigo) sem nenhuma das funcionalidades dos seus actuais “rivais”. Não cantava nenhuma musiquinha de Natal, não dizia “Ho-ho-ho”, não mexia os braços de uma forma articulada e não era nada gracioso. Era apenas um cilindro com uma terminação em forma arredondada (para imitar a cabeça) e tinha 2 pequenos cilindros laterais para imitar os braços. Quando se ligava o botão que possuía na base acendia uma luz junto do desenho do nariz, fazia um som que tentava simular os sinos das renas a tocar (mas mais parecia uma máquina de lavar em plena fase de torção da roupa) e vibrava de um modo irritante para simular o movimento do Pai Natal. Era o que se podia chamar um verdadeiro mono. Não se percebia muito bem como é que ele ainda não tinha sido descartado das prateleiras da loja.
O pequeno Pai Natal ansiava ser escolhido e, de cada vez que via uma mão esticar-se na sua direcção, fechava os olhos (pelo menos ele assim o imaginava, porque na realidade os olhos eram pintados) ficando à espera de sentir o toque da mão que o iria pegar e levar para um qualquer lar onde ainda (acreditava ele) poderia fazer alguém muito feliz. Até à data todas estas manobras tinham sido infrutíferas uma vez que as mãos iam sempre buscar um dos bonecos mais modernos e sofisticados.
Mas este Pai Natal ainda ia fazer história naquela loja, e essa história começou quando uma noite, deviam ser umas 2 ou 3 da manhã, a loja foi assaltada. Os ladrões, iam basicamente à procura de dinheiro na caixa registadora, mas pelo caminho percorreram as várias filas de estantes na pequena loja para verem se havia mais alguma coisa interessante para roubar, por exemplo relógios, pulseiras, garrafas de whisky do bom ou coisa que o valha.
No preciso momento em que passaram junto da secção de brinquedos o pequeno Pai Natal avistou-os e, ciente do que estava a acontecer, começou a acender e apagar a luz do seu nariz, começou também a vibrar com toda a sua força e a emitir o som dos sinos das renas. De tal modo foi convincente nesta sua actuação que os ladrões esquecendo todos os procedimentos que tão bem tinham estudado, se mexeram bruscamente e assustados activaram o alarme da loja. O resto, foi tratado pela polícia que apareceu após alguns instantes e os prendeu.
Depois deste pequeno incidente, já o nosso herói era uma lenda dentro da loja. Não havia um único Pai Natal na loja que não falasse da façanha do velhinho como ternamente lhe chamavam. Todos (mesmo sabendo que eram muito mais sofisticados do que o velhinho) o achavam o máximo e prestavam à sua maneira homenagem ao velho Pai Natal, mas ser escolhido por alguém para enfeitar e encantar uma nova casa é que nunca mais acontecia e isso deixava o pobre Pai Natal algo triste.
Foi precisamente ao prestar a sua homenagem ao velho Pai Natal, que o isqueiro em formato de Pai Natal da estante 3B (mesmo por baixo e à esquerda da morada do velhinho) por descuido pegou fogo ao “pom-pom” do gorro da rena de outro Pai Natal e começou um incêndio na loja. O velhinho foi o único com sangue-frio para reagir e começando a vibrar com toda a sua força conseguiu impulsionar-se para fora da estante fazendo pontaria para cair na cama elástica do Pai Natal acrobata que ficava mesmo por baixo de si, depois saltando com uma precisão incrível projectou-se contra o botão de alarme de incêndios que disparou. O resto, foi tratado pelos bombeiros que apareceram suficientemente rápido para evitar uma grande tragédia. No entanto, o velho Pai Natal perdeu os dois braços no embate contra o alarme de incêndio.
No rescaldo do incêndio, o novo empregado da loja, ao ver um objecto cilindrico de cabeça arredondada com um botão na base que quando ligado vibrava, acabou por colocar o velho Pai Natal numa secção diferente da dos restantes brinquedos pensando que teria sido deslocado do seu sítio durante as manobras dos bombeiros.
Foi nessa nova secção que o velho Pai Natal viu realizar o seu maior desejo. Passados 2 dias umas mãos delicadas de mulher escolheram-no da prateleira e passados outros 2 dias, no dia de Natal foi oferecido a outra mulher que nessa mesma noite lhe permitiu finalmente realizar o propósito da sua vida e fazer alguém feliz.
A sua nova dona pegou nele com muito jeito, ligou-o e... finalmente estava a acender a luz do nariz, a fazer o som do sino das renas e vibrava como um louco enquanto ouvia perfeitamente a manisfestação de contentamento da sua nova dona.
Tuesday, December 09, 2008
Hallelujah...
‘Hallelujah.’ she whispers…
she whispers and wonders why,
wonders why and she sighs,
she sighs and looks to the sky.
And she breathes.
She breathes and the cold air enters her lungs,
as the cold air enters her lungs, her eyes fill with tears,
her eyes fill with tears, unaccounted, unanswered for…
Sometimes the joy,
the joy and the sadness mixture,
and the saddening mixture explodes within.
Explodes within and tears fall outside.
Life cannot be contained,
cannot be contained nor predicted and not controlled,
nor predicted and not controlled. Only lived.
Only lived, lived with all you’ve got.
And you are the only thing that you have.
The only thing you have but cannot own,
cannot own, because you gave it,
because you gave it on your own free will. Why did you?
She looks inside herself and sighs.
she sighs and wonders why,
she wonders why and she whispers...
She whispers, ‘Hallelujah…'
She whispers, ‘Hallelujah.'
she whispers and wonders why,
wonders why and she sighs,
she sighs and looks to the sky.
And she breathes.
She breathes and the cold air enters her lungs,
as the cold air enters her lungs, her eyes fill with tears,
her eyes fill with tears, unaccounted, unanswered for…
Sometimes the joy,
the joy and the sadness mixture,
and the saddening mixture explodes within.
Explodes within and tears fall outside.
Life cannot be contained,
cannot be contained nor predicted and not controlled,
nor predicted and not controlled. Only lived.
Only lived, lived with all you’ve got.
And you are the only thing that you have.
The only thing you have but cannot own,
cannot own, because you gave it,
because you gave it on your own free will. Why did you?
She looks inside herself and sighs.
she sighs and wonders why,
she wonders why and she whispers...
She whispers, ‘Hallelujah…'
She whispers, ‘Hallelujah.'
Wednesday, December 03, 2008
Sem pressas...
Download Jon Anderson Take your time for free from pleer.comAo colocar a chave na fechadura, ouviu de imediato o ladrar do seu fiel companheiro Rex. Quando finalmente acabou de abrir a porta, já um dos gatos tinha saltado do topo do armário situado à entrada de casa para o seu pescoço, o pequeno guaxinim (a quem chamava Ruca) tinha trepado pela sua perna direita acima e Simba, a sua serpente de estimação, já se tinha aconchegado (formando uma espiral de 3 aneis à volta da sua perna esquerda).
Uns segundos depois, já Pete o papagaio se tinha vindo refastelar em cima da sua cabeça, e seguindo um ritual diário, os 2 periquitos (Paquito e Chiquita) tinham vindo pousar na mão que entretanto ele estendera.
Dirigiu-se então para a sala, e desalojando mais 2 gatos que estavam deitados no sofá refastelou-se a descansar um pouco, não sem antes afastar os 2 ouriço que estavam a dormir muito aconchegadinhos nas costas do sofá e carinhosamente afastar todos os companheiros que anteriormente o tinham vindo cumprimentar. Depois com a perícia adquirida nos muitos anos a repetir o mesmo gesto, atirou o brinquedo de borracha para Rex ir buscar, e ralhou com Duck o pequeno macaco que tinha trepado para o sofá e ocupara a almofada onde ele pretendia encostar a cabeça.
E ali esteve uma meia-hora a apreciar a companhia de todos os seus amigos e companheiros. Falando com todos, comentando o resultado do jogo de futebol que estava a dar na televisão e contando as novidades sobre o seu dia de trabalho aos mais atentos. Depois ligou o computador e foi "surfar" na net na companhia de Timóteo o gato que lhe "caçava" o rato do computador.
Chegada a hora da refeição, surgiu a “lufa-lufa” necessária para a preparação desse momento tão importante. Levou pelo menos 1 hora a preparar tudo, mas todos ajudaram dentro da medida do possível, quanto mais não fosse apenas pelo facto de estarem lá e fazerem companhia.
Finalmente e depois de ter estado a tocar um pouco de guitarra para os seus companheiros, acompanhado ao assobio pelo afinadíssimo Pete, verificou que era chegada a hora de deitar. Por isso, dirigiu-se para o quarto seguido de todos os animais que como era hábito costumavam partilhar o seu quarto. Abriu a porta, acendeu a luz e assim que se aproximaram da cama os seus companheiros pararam todos, hesitantes, sem começarem a ocupar o respectivo lugar na cama.
Calmamente ele levantou o cobertor para verificar o que estava a impedir “a deita” dos seus meninos e com uma voz ríspida e zangada disse:
- Mau!!! Queres ver que eu tenho que me chatear… Penetras não. Vá…vá lá para o seu lugar… Andor…
A louraça de formas voluptuosas que se encontrava deitada na cama, levantou-se com uma expressão muito chateada, saiu do quarto batendo com a porta e foi mais uma vez deitar-se no sofá da sala onde já tinha dormido tantas noites.
Ele, sem pressas, vestiu o pijama e desejou uma boa noite a todos os seus amigos.
Monday, December 01, 2008
Gosto de Ti
Download Queen Love of My Life for free from pleer.com
Tanto para ela como para ele, aquele era um caminho já bem conhecido.
Cada vez que faziam planos para uma saída conjunta era sempre por ali e para ali que iam.
Ela conduzia o carro calmamente, enquanto ele, falava ... falava... cantarolava sem se calar um segundo (como aliás era costume).
Ela já estava habituada a todas as perguntas que ele fazia e ele já sabia de cor o sorriso enigmático que ela deixava após cada uma delas, existia entre eles uma cumplicidade total.
Eles sabiam já o que o outro pensava, e por vezes, até adivinhavam o que o outro ia dizer, contavam sempre aos poucos (mas bons) amigos que tinham como exemplo desta cumplicidade a história do concurso que tinham ganho quando ele identificara correctamente a voz disfarçada dela de entre mais uma dezena de vozes de mulheres, apenas porque, enquanto todas as outras quando incitadas a dizer qualquer coisa que expressasse o seu amor por ele lhe diziam “amo-te muito”, ela dissera apenas “gosto de ti” e ele sabia perfeitamente que ela nunca o diria de outra forma porque em tantos anos que se conheciam nunca o tinha feito de outro modo.
Naquele dia, no entanto, a certa altura ele disse com um ar muito sério e misterioso
– Hoje depois de chegarmos ao hotel, vou-te contar um segredo que nunca contei a mais ninguém.
Ela como de costume não disse nada e deixou transparecer nos lábios o mesmo sorriso misterioso de sempre e disse também de modo misterioso e sério
– Ok, então eu hoje digo-te algo que também nunca te disse.
Após aquele breve momento de desafio entre os dois, o ambiente adquiriu inexplicavelmente um peso extra. Ele, perguntou prontamente
- ... Nunca me disseste? ... sobre o quê? ... não estou a ver o que possa ser!!!.
Ela calmamente respondeu
- Não tens também tu um segredo?
Ele não cabendo em si de curiosidade disse logo
– Ok!!!! Eu ia-te contar que uma vez quando estivemos aqui há uns 3 anos neste mesmo local, depois de termos estado juntos fui até à varanda completamente despido e a Srª da recepção viu-me todo nu e ainda hoje quando eu entro sorri com uma cara maliciosa e eu sinto-me atrapalhado como o raio!!!!. Agora tu - disse ele após uma breve pausa durante a qual ambos se riram com o bizarro acontecimento
- Desembucha - disse ele - qual é o teu segredo?
Ela disse sorrindo (misteriosamente claro)
- Só to conto logo... depois de já estarmos deitados...
Ele ardia em curiosidade e isso despoletou a mesma reacção de sempre, uma perda do auto-controlo e uma enxurrada de perguntas disparatadas e insinuações desadequadas:
- Mau não me está a agradar todo este mistério!!! É sempre a mesma coisa ficas para aí com esse sorriso e depois não contas nada!!! Mas foi uma coisa que aconteceu recentemente ou já é do passado? Como sabes que eu não sei? Se calhar já dei conta! Se fosse mesmo um segredo contavas-mo já, estás só a fazer “bluff” porque eu te disse há bocado que tinha um segredo.
Ela calmamente disse
- Não te exaltes, espera um pouco… a seu tempo to direi.
Ele já completamente possesso disse
- Vá lá conta-me agora... - mas ela acalmando-o disse-lhe
- Estamos a chegar.
Na entrada para o hotel, a cara carrancuda dele, apenas mudou durante os breves instantes em que ambos se riram ao ver a cara maliciosa da Srª da recepção.
Já depois de tomado banho, e ao deitar-se ela disse
- Vais ficar assim o resto da noite? - disse isto, mas logo a seguir começou a rodar na direcção dele e sentou-se apoiando-se sobre ele comentando docemente em voz baixa e sensual
- Ai não vais não.
Ele aparentando uma total indiferença ao calor que sentia emanado pelo corpo dela “esborrachado”sobre si continuava a dizer
- Vá lá diz-me.
Ela, entre suspiros, conseguiu ainda dizer
- O que te quero dizer hoje e que nunca te disse antes é que… - e no preciso momento em que se elevaram até ao céu ela gritou
- Amo-te muito.
Passados alguns minutos ele levantou-se sorrindo a pensar no que se tinha passado e como era bom ouvi-la dizer aquelas palavras. Aproximou-se da varanda e saiu para o fresco da noite com as palavras dela ainda a ecoar na cabeça.
Lá em baixo a Srª da recepção pôde mais uma vez, rever o que 3 anos antes tinha gostado tanto de ver e reavivar assim a memória, para lhe continuar a lançar um olhar malicioso, cada vez que o via chegar
Tuesday, November 25, 2008
_____R. I.P._____
Só se apercebeu que algo estava mal, quando viu a velha senhora cair redonda para o chão. No mesmo instante uma série de olhares se voltaram para ele com uma cara reprovadora e o filho mais velho da Senhora, que agora jazia no chão, preparou o punho fechando-o com firmeza e desferiu um golpe certeiro ao seu queixo que o deixou K.O.
Quando acordou, olhou à volta e viu que toda a gente saíra da pequena igreja. Esfregando a cara dorida, do valente murro que tinha levado, pensou no que poderia ter causado tão estranha reacção.
Sabia perfeitamente que durante uma celebração fúnebre havia muitas vezes, por causa do sentimento de perda que emboía as pessoas, reacções estranhas, choros incontidos, gritos desumanos proferidos em pleno acesso de raiva por terem visto arrancada da sua vida a companhia de alguém muito querido.
Conseguia perceber, que neste caso específico, a Sra. Longbottom, que tinha perdido 2 filhos pudesse padecer de uma dor tão extrema que pudesse sofrer um desmaio, mas a reacção do terceiro filho da Sra. Longbottom era exagerada e nunca nos seus mais de 20 anos como padre, tinha sofrido tal afronta.
Afinal de contas, tinha-se preparado da melhor forma possível, informando-se de todos os costumes dos Ingleses, estudara as frases que não sabia como haveria de traduzir, treinara horas a fio o seu Inglês (que não era o seu forte) e tentara arranjar um sermão que pudesse de alguma forma aliviar a dor da Sra. Longbottom que acabara de perder os 2 filhos mais novos (gémeos por sinal) vítimas de um maníaco (também ele Inglês) que tinha perseguido a família até Portugal e aqui tinha perpetuado o hediondo crime.
A dor desta família era ainda mais agravada pelo facto de o criminoso ter esquartejado as vítimas e ter avisado a família do local onde poderiam encontrar cada uma das partes dos corpos dos seus filhos, escondendo durante mais de uma semana o local onde estavam as cabeças.
O que teria então levado àquela estranha reacção. Estava tudo a correr lindamente, já estava no fim da celebração e como era costume para os Ingleses faltava só desejar que descansassem em paz… e foi o que ele fez.
Com pompa circunstância, tinha levantado os braços, dizendo então “Rest In “ depois lembrando-se que não era apenas um o defunto, mas sim dois… aplicou o plural Peaces… afinal qual era o problema?
Estes Ingleses são mesmo malucos.
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Quando acordou, olhou à volta e viu que toda a gente saíra da pequena igreja. Esfregando a cara dorida, do valente murro que tinha levado, pensou no que poderia ter causado tão estranha reacção.
Sabia perfeitamente que durante uma celebração fúnebre havia muitas vezes, por causa do sentimento de perda que emboía as pessoas, reacções estranhas, choros incontidos, gritos desumanos proferidos em pleno acesso de raiva por terem visto arrancada da sua vida a companhia de alguém muito querido.
Conseguia perceber, que neste caso específico, a Sra. Longbottom, que tinha perdido 2 filhos pudesse padecer de uma dor tão extrema que pudesse sofrer um desmaio, mas a reacção do terceiro filho da Sra. Longbottom era exagerada e nunca nos seus mais de 20 anos como padre, tinha sofrido tal afronta.
Afinal de contas, tinha-se preparado da melhor forma possível, informando-se de todos os costumes dos Ingleses, estudara as frases que não sabia como haveria de traduzir, treinara horas a fio o seu Inglês (que não era o seu forte) e tentara arranjar um sermão que pudesse de alguma forma aliviar a dor da Sra. Longbottom que acabara de perder os 2 filhos mais novos (gémeos por sinal) vítimas de um maníaco (também ele Inglês) que tinha perseguido a família até Portugal e aqui tinha perpetuado o hediondo crime.
A dor desta família era ainda mais agravada pelo facto de o criminoso ter esquartejado as vítimas e ter avisado a família do local onde poderiam encontrar cada uma das partes dos corpos dos seus filhos, escondendo durante mais de uma semana o local onde estavam as cabeças.
O que teria então levado àquela estranha reacção. Estava tudo a correr lindamente, já estava no fim da celebração e como era costume para os Ingleses faltava só desejar que descansassem em paz… e foi o que ele fez.
Com pompa circunstância, tinha levantado os braços, dizendo então “Rest In “ depois lembrando-se que não era apenas um o defunto, mas sim dois… aplicou o plural Peaces… afinal qual era o problema?
Estes Ingleses são mesmo malucos.
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Friday, November 14, 2008
Quase de certeza!!!
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Como quase todos nós, ele era um tipo quase feliz… quase realizado.
Desde cedo os seus pais verificaram que ele era muito esperto, quase genial. Na escola foi quase o melhor aluno da classe (apenas suplantado pelo Sérgio). Com o passar dos anos foi crescendo e verficou que era quase o mais alto da turma o que era bom para o Basquetebol, mas optou pelo futebol onde era quase o melhor marcador da escola.
Era quase o mais charmoso entre os seus colegas, quase o mais bem sucedido entre as meninas e foi quase eleito para o quadro de honra do liceu. Quando acabou o liceu quase entrou para o curso que queria, Engª Informática, mas acabou por escolher Gestão quase por acaso.
Na faculdade era um sucesso… quase o aluno mais popular entre colegas e professores. Engatou quase todas as miúdas do curso, e foi nessa altura que desenvolveu o gosto pela música e pela arte da representação. Entrou para a Tuna da faculdade e quase conseguiu o papel principal na peça que o grupo de teatro apresentou na Aula Magna.
Quando acabou o curso (com quase a melhor média do seu ano), quase conseguiu emprego numa empresa subsidiária da “American Great Insurance”, mas acabou por conseguir um emprego que, quase se podia dizer que, era mais talhado para si. Tornou-se director de uma empresa alemã que era quase a maior empresa de fabricação de componentes para automóveis.
Foi aí que conheceu aquela que quase se tornaria sua mulher. Acabaram no entanto, quase em cima da data do casamento, por decidir que apenas juntariam os trapinhos. Estiveram juntos quase 2 anos, mas ela queixou-se que era apenas quase feliz com ele e precisava de mais.
Desde esse dia tornou-se um mariola, levando uma vida desregrada no que diz respeito a amores. Quase todos os dias arranjava nova namorada e quase chegou a constituir família com uma mulher que dizia estar à espera de um filho seu. Infelizmente, quase na altura do nascimento da criança, ela acabou por confessar que aquele filho era resultado de uma outra relação que tinha acabado quase na altura em que ela o conhecera.
A sua vida nocturna levou-o a pegar outra vez na guitarra. Arranjou um grupo de “amigos” quase todos mais novos que ele e ainda editaram um CD em nome próprio que quase chegou a ser um sucesso. Quase que eram chamados para ir tocar ao vivo no programa da Júlia Pinheiro (que era quase prima da sua mãe) mas quase na hora de entrarem em palco ele deu uma tremenda queda que quase o deixou em estado de coma. Infelizmente os outros membros da banda acabaram por ir saindo (quase todos para bandas com maiores potencialidades) e o projecto acabou por morrer. Ou quase, uma vez que por várias vezes ainda tentou recomeçar tudo.
Esteve quase para se tornar o homem mais rico do país quando quase acertou nos 5 números e 2 estrelas do Euromilhões num dia de jackpot.
Nesta fase da sua vida, chegou à conclusão de que já tinha feito quase tudo, mas que continuava a sentir um vazio, quase como um buraco na sua vida. Por isso, decidiu pôr termo a uma existência que apesar de quase perfeita era no entanto banal, ou quase...
Após preparar aquela que deveria ser quase a mistura mais complexa de comprimidos para dormir engoliu a mistela. Quase vomitou com o sabor daquela porcaria.
Quando acordou no hospital o médico disse com um sorriso simpático – Então o que o levou a fazer isso??? Quase que morria.
Passados 2 dias ao sair do hospital (onde ainda fez mais 2 tentativas quase bem sucedidas para se suicidar) foi atropelado por um carro desportivo que quase parecia um Ferrari, mas não era. O condutor saiu e quase em estado de pânico verificou que ele estava quase a bater a bota. Chamou o 112, que chegou quase logo a seguir, mas já não conseguiram reanimá-lo.
Acordou junto de um velhinho que quase parecia o seu pai e viu uma fila quase interminável de pessoas que esperavam para entrar numa porta.
Perguntou então ao velhote onde estava e para que era aquela fila. Este, quase em surdina, disse-lhe
– Epá... você quase que se safava. Os médicos quase que o conseguiam reanimar, mas na realidade, você morreu. Esta é a fila para ser atendido e saber se vai para o céu ou para o inferno.
Ele olhando para a enorme fila disse
– Mas isto vai levar muito tempo até chegar a minha vez.
O velhote respondeu-lhe então num tom quase monocórdico
– Pois é… vai levar quase uma eternidade. É a isso que vocês costumam chamar Limbo, aqui chamamos-lhe "terra do quase" porque todos os que aqui estão são na realidade ou quase bons ou quase maus…
Ele apressou-se então a comentar com o velhote que lá em baixo na terra, a igreja já tinha acabado com o Limbo. O velhote perguntou quase de imediato
– De certeza???
Ele baixando a cabeça, em tom de resignação, respondeu
- Quase de certeza!
O Teu Doce Sorriso
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Com uma voz irritada ela disse
– Basta! É sempre a mesma coisa… a música está sempre à frente de tudo! Chega… eu não estou para ser a segunda na tua vida!!!
E com esta frase virou costas e saiu sem mesmo lhe dar tempo para reagir.
Nem 10 segundos depois ele repetia o mesmo gesto que ela, não sem antes pegar na guitarra acústica. Uns instantes depois estava a dirigir-se para o carro. Precisava de ir até à praia, para desanuviar um pouco na companhia da guitarra.
Parou uns segundos olhando perdido para os carros que se encontravam no parque de estacionamento do condomínio, como se estivesse à procura do seu carro, sem o ver. Só depois se lembrou que tinham tido um pequeno acidente e que a companhia de seguros tinha entregue um Peugeot como carro de substituição… ou seria um Renault?? Raios, era um carro azul escuro… que após alguns segundo conseguiu descobrir. Mas tinha que voltar a casa para buscar a chave deste carro.
Enquanto subia as escadas pensava que aquele dia estava a correr muito, mas mesmo muito, mal. Mais uma discussão parva… que tinha levado à saída da sua namorada (com intenções de não voltar)... e agora esta cena do carro.
Quando entrou em casa para ir buscar a chave do carro escorregou em qualquer coisa e para evitar cair deu uma enorme pancada com a guitarra na ombreira da porta. Ouviu-se um tremendo barulho e a caixa da guitarra ia-se quase desfazendo. Observou os danos causados com um ar assustado… “ grande mossa… resmungou dizendo meia-dúzia de palavrões em Inglês como era seu costume e olhou para o chão preparado para “matar” o que quer que fosse que tivesse causado aquela escorregadela.
Ao baixar-se verificou então que se tratava da fotografia dos dois a beijarem-se que aquela amiga dela (muito maluca … por sinal) tinha tirado num dia em que tinham ido ao cinema os três. A vontade de rasgar e maltratar o que tinha causado a escorregadela que tinha danificado a sua querida guitarra deu lugar a uma profunda tristeza porque ali estava a prova que ela se deveria ter ido embora de vez, uma vez que até tinha deixado para trás aquela fotografia de que tanto gostava.
Depois de apanhar as chaves no chaveiro e de ter guardado a fotografia no bolso da camisa saiu de casa em direcção ao carro, e à praia.
Quando entrou no carro constatou que este tinha falta de gasolina, por isso fez um desvio até à bomba de gasolina para abastecer o carro.
Quando saiu da local de pagamento viu um sujeito encostado ao seu carro, do lado oposto ao condutor, a olhar para a bomba como se estivesse a preparar-se para abastecer o carro. Mas que raio… pensou.. o que é que aquele bacano está a fazer ali?? Já vai ver!!!
Decidido, dirigiu-se para o carro e sem cerimónias abriu a porta do carro decidido a arrancar com o carro a toda a velocidade tentando não dar tempo ao homem que estava encostado ao carro de reagir e talvez ele assim aprendesse que os carros dos outros não são para nós nos encostarmos.
Tarde demais se apercebeu que o carro em que estava a entrar não era o seu, era parecido mas…
O dono do carro, que estava encostado do lado oposto a verificar qual o tipo de combustível que deveria colocar no carrinho novinho em folha que tinha acabado de comprar e não conhecia muito bem, rapidamente deu a volta ao carro e na eminência de estar a ver o seu novíssimo carro a ser roubado por um qualquer meliante, atacou desferindo um valente soco na cara dele.
Depois de esclarecido o mal entendido, entrou finalmente no carro e seguiu para a praia com a cara dorida e um lábio a deitar sangue.
Após estacionar o carro junto à praia, saiu do carro e correu para o seu local favorito, levando a guitarra na mão. Encostou-se à rocha onde costumava ficar encostado a compor as suas músicas e tirou a camisa (apesar do adiantado da hora era ainda de dia e estava-se bem em tronco nu na praia). Quando largou a camisa, do bolso caiu a fotografia que lá tinha colocado à saída de casa. Pensou no dia que estava a ter e a profunda tristeza que sentia com todos os acontecimentos das últimas horas.
E como sempre, a inspiração veio com a tristeza… Ao olhar para a fotografia, lembrou o doce sorriso dela e todas as coisas boas (e más) por que tinham passado juntos.
Os dedos da mão esquerda formaram inconscientemente um acorde de Ré na forma de triângulo (o tecto da casa) que tantas vezes tinha sido o seu refúgio (musical e não só). Os dedos da mão direita começaram a dedilhar um ritmo lento e sofrido e de repente as palavras apareceram na sua boca…
Do que eu preciso
É desse teu sorriso
O teu doce sorriso
A mudança dos acordes saiu naturalmente e a terminação em Sol menor vinha trazer a tristeza natural que sentia nesse momento.
Começou a cantar ali mesmo o refrão, e rapidamente surgiram na sua cabeça as palavras para o resto da canção.
Quando estava a acabar o 2º verso, sentiu um cheiro muito familiar. E não era o cheiro do mar… Era o cheiro dela misturado com o cheiro do mar. Olhou para cima e viu-a chegar devagarinho com os olhos ainda vermelhos de ter estado a chorar.
Ela não disse nada. Sentou-se apenas ao seu lado e com aquele doce sorriso disse:
- Canta-ma, quero ser a primeira a ouvi-la.
Thursday, November 13, 2008
Na Rádio (parte 7)
Cкачать Fergie Big Girls Don't Cry бесплатно на pleer.comA ideia era muito rebuscada, mas podia ser um sucesso. Ir verificar as filmagens das câmaras de segurança existentes nas instalações da estação de rádio. Com sorte poderia verificar quem tinha ido antes ao estúdio onde ele costumava fazer o seu programa de rádio e talvez pudesse saber quem andava a deixar lá os CD's misteriosos.
Era um processo moroso, mas com a ajuda do seu amigo Mário da secção de informática que fez uma selecção das gravações que poderiam ser interessantes, foi possível fazê-lo em apenas algumas horas. Visionados os filmes correspondentes ficavam agora 3 "suspeitos". O segurança que tinha feito turno no dia em que aparecera o 1ºCD tinha também feito turno no dia em que apareceu o 2º (era uma grande coincidência). O director da estação tinha ido ao estúdio onde Latva fazia o seu programa minutos antes dele entrar em estúdio (supostamente para o ir procurar para saber notícias sobre o locutor misterioso) e havia ainda aquela colega apetitosa que apresentava as noticias que também tinha ido ao estúdio de Latva (sem razão aparente).
Latva tinha como principal suspeito o segurança, uma vez que para ele o director era improvável e a Fergie (como ternamente chamavam na rádio à apresentadora das notícias) era uma mulher e a voz nos CD's era claramente a voz de um homem. A não ser que esta se tivesse dado ao trabalho de fazer as gravações utilizando um "devoicer".
Latva ainda pensou nisso, mas quando se recordou da maneira como a colega se tinha apresentado na última festa de passagem de ano da rádio, fazendo-se passar pela Fergie dos Black Eyed Pea, e dando um show de sensualidade e feminilidade como só a própria Fergie seria capaz, a ideia de ser ela a fazer a gravação da voz no CD desvaneceu-se por completo. Não era muito lógico este raciocínio de Latva, mas caramba... aquela mulherona que tinha posto todos os homens a babar-se ao cantar "Big girls don't cry" nunca poderia ter uma voz daquelas. Sacudiu a cabeça para afastar a imagem da sua colega loira de lábios carnudos de joelhos no chão mesmo à sua frente a cantar.
Tinha que passar à acção. Ia investigar 1º o segurança. Para já ia pedir todos os dados sobre o dito, ao seu amigo Mário da informática que tinha acesso aos currículos e processos de todos os funcionários da rádio.
Monday, November 10, 2008
Olhar para as nuvens
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E zás... era ali mesmo... o local perfeito para ensinar a minha filhota a observar as nuvens e espreitar o arco-íris.
O sítio era de acesso complicado, mas dificilmente se conseguiria encontrar um local mais apropriado. Tinha uma boa área de relva onde nos podíamos recostar e até rebolar, tinha uma certa protecção do olhar de estranhos (protecção esta, concedida pelas paredes rochosas que tínhamos descido) e sobretudo dava para uma parte do céu que estava repleta de nuvens brancas num lindíssimo fundo azul.
Deitá-mo-nos os 3 e demos as mãos. Depois comecei a explicar como se devia fazer...
- Primeiro fechas os olhos durante um bocadinho, e pensas em coisas boas. Depois abres os olhos e fixas uma nuvem, tentas ver uma forma nela, depois se essa não te lembrar nada passas para outra. Se ao fim de estares um bocado a olhar para elas não te lembrares de nada... bom... fechas os olhos de novo e recomeças a pensar em coisas boas e repetes tudo.
Ela fez uma tentativa (mesmo antes de eu ter acabado a explicação) o que me deixou (de um modo totalmente infantil) furioso. Pedi-lhe para esperar um pouquinho e acabei dizendo
- Depois situas a tua nuvem no céu para os outros poderem ver o que tu viste e antes de dizeres o que viste perguntas o que os outros vêem... ok? - perguntei eu.
Ela respondeu afirmativamente e começámos. Como sempre, ela quis ser a primeira a tentar. Fechou os olhos ficou um pouco quieta e passados uns instantes abriu os olhos, eu consegui ver o olhar dela a vaguear pelo céu até que estacou num sítio e passado apenas alguns segundos um sorriso rasgado nascia nos seus lábios. Depois com muita calma disse - já está.
Com a ajuda do indicador direccionou o nosso olhar para a nuvem que tinha visto. Depois, perguntou - o que vês tu pai?
Eu olhei, e aquela nuvem apenas me fazia lembrar um "donut" achatado, por isso, foi isso mesmo que eu disse. Ela deu uma pequena risada e depois perguntou
- E tu mãe... que vês?
Surgiu nova risadita quando ouviu a resposta da mãe que tinha conseguido ver uma chávena com asa. Finalmente ela disse...
- Eu vejo uma bóia com a forma de um pato... e aquilo que a mamã dizia ser a pega da chávena é a cabeça do pato.
Todos nos rimos, e à vez fomos dando largas à imaginação visualizando os mais diversos objectos e rindo-nos com as parvoíces que iam sendo ditas.
O tempo passou bastante depressa e rapidamente chegou a hora de ir almoçar. Elas levantaram-se e disseram-me
- Anda preguiçoso, estás quase a dormir... está na hora de ir almoçar.
Eu pedi mais uns minutos e disse que ia só tentar ver mais algumas nuvens. Ajudei-as a subir a parede rochosa e a seguir deitei-me outra vez na relva macia a contemplar as nuvens no céu. Ouvia a pequenita ainda toda exaltada a comentar com a mãe como é que era possível o pai ter visto uma guitarra numa nuvem onde elas apenas viam o formato de um pão. Ouvi ainda o riso das duas, antes de fechar novamente os olhos para tentar vislumbrar novas formas nas nuvens.
Estava a saber-me tão bem que repeti o processo bastantes vezes. A certa altura estava mestre em ver formas e objectos nas nuvens. Consegui ver outra vez uma guitarra, depois já me parecia ver a minha própria silhueta a tocá-la e com o passar do tempo o céu foi ficando carregado e comecei a ver uma multidão de cabeças que me tinham vindo ver a tocar, e mais um baterista e mais um guitarrista e um microfone e...
Acordei com o primeiro pingo de chuva que me caiu na cara. O céu estava realmente tão carregado de nuvens que tudo aquilo que eu vira estava agora a desfazer-se em chuva que começava a cair com fartura. Levantei-me e em simultâneo ouvi chamar
- Pai... papá!!!... onde estás?
E ao virar-me lá estavam elas à minha espera com um chapéu de chuva. No caminho fomos rindo novamente das tolices que tínhamos visto antes e quando chegámos a casa ela disse-me
- Sabes pai!!! foi muito fixe... mas acho que tu tens uma imaginação muito grande porque vês coisas que mais ninguém consegue ver.
Eu sorri e respondi - pois é ... acho que às vezes vejo as coisas que gostava de ver...
O local era espectacular ... e por isso ainda lá fomos muitas mais vezes. Por vezes vi as nuvens, por vezes o arco-íris e por vezes vi a relva, mas acho que ali vi sempre... um pedaço do céu.
Sunday, November 02, 2008
* 31 #
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João era o filho de uma humilde família, a família Astérixo. Diz-se que o apelido era devido ao facto de seu pai ser fã de Goscinny e Uderzo, mas na verdade deveria ser mais um daqueles casos em que a alcunha do pai de João (conhecido como Astérix por ser muito baixinho e ser dono de um proeminente bigode loiro) se tinha tornado no apelido de família.
Bem cedo, João revelou um interesse em tudo o que dizia respeito à transmissão de pensamentos, hipnotismo, telepatia e poder da mente. Quando aprendeu a ler, tornou-se um devorador de livros sobre o assunto e aos 12 anos tinha já um conhecimento profundo sobre o assunto e também algum domínio da matéria.
A sua grande oportunidade veio quando trabalhou com Luís de Matos.
Bem… na realidade trabalhar com… era uma forma de dizer, Astérixo apenas ficava na plateia a adivinhar os telefones e telemóveis das meninas que interessavam a Luís de Matos depois de este pedir à plateia inteira que pensasse no respectivo número de telefone. Só que enquanto o mestre Luís de Matos apenas adivinhava o número de uma colaboradora dele infiltrada entre a multidão, Astérixo identificava o número de toda a gente que estivesse concentrada no número de telefone.
Foi numa digressão com o célebre mágico Luís de Matos que Astérixo conheceu a sua futura esposa Eva Cardinalli. Ela era contorcionista e tinha planos para sair debaixo da alçada do seu pai, por isso, depressa arranjou maneira de se contorcer para a cama de Astérixo e passados 3 meses casava-se com ele.
Os passos a seguir foram os normais: procurar casa, arranjar um emprego “normal” e, finalmente, quando nasceu o seu filho, Astérixo era um homem radiante. Quando foi registar a criança houve alguns problemas, porque o funcionário do registo civil já estava tão farto de nomes estranhos (Astérixo, Cardinalli e sei lá mais o quê) que recusou peremptoriamente os nomes que ele trazia escritos num papel e que tinham sido acordados entre ele e a sua Eva, Tintin, Luke, Mortimer, Spirou. Ao fim de algumas tentativas Astérixo disse – Ai que me arranjaram um 31.
O funcionário já farto de ouvir estrangeiradas para o nome assim que ouviu qualquer coisa que lhe soasse mais ou menos a Português, escreveu sem hesitação Trinta e Um e assim Eva e Astérixo voltaram para casa com o seu filho Trinta e Um.
Ao fim de 3 anos, já o filhote tinha revelado também apetência para o espectáculo e Eva decidiu que iam dar o grande passo. Criaram um novo e inovador número de Identificação, onde ela utilizando as suas artes de contorcionista se ia movendo entre as várias filas de cadeiras e pedindo a diferentes pessoas da audiência que pensassem numa coisa que estivesse dentro da sua bolsa ou carteira, o filho de 3 anos apenas, utilizando telecinésia fazia os pertences dessas pessoas voarem todos para o palco, finalmente Astérixo utilizando as suas capacidades, identificava em qual dos pertences a pessoa estava a pensar.
O número tornou-se um sucesso tal que ainda hoje em dia existem operadoras de telemóvel que usam como código para identificação do utilizador o nome do célebre espectáculo Astérixo, Trinta e um, Cardinalli.
Com o passar do tempo, foram perdendo as faculdades e retiraram-se ao fim de 5 anos. João ainda voltou a trabalhar com Luís de Matos mas já se enganava muitas vezes no número de telefone e Luís de Matos já estava farto de andar a telefonar para velhas de 60 anos pensando que eram jovens de vinte e poucos. Eva ainda escreveu uma versão do Kama Sutra para pessoas com muita flexibilidade, mas foi um completo fracasso. O filho tirou um curso superior de engenharia civil e tem, hoje em dia, uma empresa de suscesso a “Trinta e Um prédios e Construções” onde já, por várias vezes, as suas capacidades resolveram alguns problemas, por exemplo, quando uma grua deixava de funcionar e era preciso levantar uma palete de tijolos para o 3º andar.
Friday, October 31, 2008
Os homens não choram!!!
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Do topo do escadote olhou para baixo e viu-a. Enquanto trabalhava no osso do esqueleto de Brontossauro, limpando-o com o máximo cuidado, não pôde deixar de a contemplar a fazer também o seu trabalho. Sabia perfeitamente que ela era a "namorada" do director do museu, mas isso não importava, já os tinha visto juntos e nem uma só vez tinha visto uma demonstração de paixão entre eles. Não se beijavam, não andavam de mão dada, não se acariciavam, não se olhavam nos olhos, nem sequer falavam muito. Por isso achava que podia começar por a ter como amiga e o resto viria a seguir naturalmente.
Por isso, 3 dias depois (num dia de verdadeiro temporal), acabaram por ficar os dois até mais tarde a trabalhar e encontraram-se como que "presos" pelo temporal no museu de arqueologia.
Nesse dia ela estava um pouco cabisbaixa (qualquer coisa entre o triste e o cansada) e ele aproveitou para fazer o seu primeiro avanço. Cuidadosamente escolheu um papel e começou a escrever:
Se um dia precisares de alguém para te ouvir... chama-me!
eu prometo que estarei lá e fico quieto para te ouvir.
Se um dia te apetecer fugir de tudo...não hesites em chamar-me!
eu não prometo tentar impedir-te, mas prometo fugir contigo.
Se um dia te apetecer chorar... chama-me!
eu não prometo fazer-te rir, mas posso chorar contigo.
Mas se um dia me chamares e eu não responder...
por favor vem depressa... provavelmente preciso de ti.
Depois de escrever esta mensagem, dirigiu-se a ela e, com um sorriso na cara, estendeu-lhe o papel e disse:
- Toma... é para ti.
Ela recebeu o papel e com uma atitude de espanto começou a lê-lo.
A meio da leitura já a sua cara se tinha modificado para o que ele identificou como um sorriso. E quando finalmente acabou de ler, levantou a cabeça e disse-lhe a rir-se
- Primeiro... sabes que o Director do museu é o meu amante, por isso cuidado... podes ver-te subitamente sem emprego. Segundo eu não acredito na amizade entre um homem e uma mulher... O homem e a mulher foram feitos para outra coisa. E terceiro deixa-te destas mariquices pá!!! Os homens não choram!!!
Dito isto baixou novamente a cabeça e voltou a embrenhar-se no seu trabalho.
Ele por seu lado saíu porta fora para a rua deixando a chuva misturar-se com as lágrimas que lhe corriam pela face. Abençoou a chuva por lhe permitir chorar sem que alguém se pudesse aperceber e começou a caminhar afastando-se do museu.
Passou por uma mulher, que com dificuldade, convencia o seu filho a tapar a cabeça com o oleado para não apanhar chuva. O miúdo barafustava e chorava, rejeitando o oleado, argumentando que gostava muito de apanhar chuva.
Ele passou pelo miúdo, fez uma voz zangada e grave, e disse - vá rapaz, toca a fazer o que a tua mãe diz... olha que os homens não choram.
Hoje, sentado no sofá, pensa como tudo se tinha encaminhado na sua vida. Pensa na bela família que hoje tem e como tinha conhecido aquela que era agora a sua mulher e o filho dela que era, agora, dele também. Recuando no tempo, cerca de 5 anos, vê exactamente o quadro retratando a situação, que nessa feliz data tinha permitido conhecer aqueles que hoje eram a sua família e sente uma lágrima correr pela face. Fecha os olhos e mais 2 ou 3 saem sem que ele as consiga controlar.
O miúdo sentado na alcatifa a brincar com os "Legos" vendo as lágrimas na cara do pai, pergunta - afinal pai!!! os homens choram ... ou não??
Ele calmamente respondeu então...
- Só quando chove... filho, só quando chove...
Tuesday, October 28, 2008
A Promessa
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Beijou-a mais uma vez. Desta vez, como só ele sabia fazer... aspirou todo o ar que estava dentro dela para dentro de si... e depois dando-lhe uns segundos para recuperar o fôlego disse - Respiro o ar que tu respiras!!!
De seguida, levantou-se da cama deixando-a ainda enroladinha e estremunhada, saíu pela porta para mais um dia de trabalho. Quando ia no lance de escadas do 2º andar lembrou-se de algo e voltou atrás. Abriu a porta de casa, entrou e foi directo ao quarto onde ela ainda estava a dormitar... deitou-se novamente ao lado dela e disse-lhe sussurrando...
- Se hoje eu morresse, ias arranjar outra pessoa ?
Ela, ainda sonolenta, respondeu - Que parvoíce... donde veio essa conversa agora? ... vai mas é trabalhar. E, dando-lhe um beijo, saiu da cama para ir tomar banho.
Ele foi atrás dela e perguntou novamente - Arranjavas outro homem, outro marido para ti?
Ela, já farta daquela conversa, ripostou "não sei... depende...ao fim de muito tempo..." .
Depois, vendo a cara contristada dele, terminou a frase dizendo..."não... acho que não". Depois, já com uma atitude mais decidida, disse finalmente..."não ... não iria ter mais nenhum homem na minha vida... tu preenches-me". Dito isto, começou a tomar banho.
Ele saíu finalmente de casa, mas aquela conversa martelava a sua cabeça. Percorreu o caminho distraído, atravessou as estradas sem olhar, sempre a pensar na conversa.
Encontrava-se dividido. Se por um lado, a ideia da sua mulher ser eternamente só sua era agradável, sobretudo contrastando com a ideia de a ver agarrada a outro homem, por outro lado, pensava que, se a amava verdadeiramente, deveria desejar que ela fosse verdadeiramente feliz e se ele já não estava presente para a fazer feliz, então...
Mas esta ideia era repugnante... ela abraçada a outro homem, a beijá-lo... Tão atarefado estava nestes pensamentos que, mais uma vez, nem reparou no sinal vermelho que estava a passar e, infelizmente, a condutora do carro, desta feita, não foi capaz de evitar o embate que foi fatal. Ele sentiu apenas uma leveza muito grande, e de seguida começou a ouvir uma música muito relaxante até se sentir puxado para dentro do que parecia um autocarro.
Era estranho porque apesar de parecer um autocarro, não parecia ter limites, não parecia ter rodas, nem nada do que habitualmente existe num autocarro. Nem sequer condutor tinha. Tinha apenas mais passageiros e um homem de cara simpática que lhe indicava um lugar para se sentar.
Quando chegou... apercebeu-se finalmente do que tinha acontecido. Tinha morrido e este era o destino final. Após conversa prolongada com o homem do autocarro, apercebeu-se também que após um estágio naquelas paragens lhe era dado o direito de voltar (não numa forma terrena) e zelar por todos aqueles que lhe eram queridos. Podia prescindir desse direito, bastando para isso fazer um pedido ao homem do autocarro sobre quais as medidas que queria que ele tomasse e ele iria proceder de acordo com esse desejo. O homem deu-lhe então o equivalente a 10 minutos ali (que na terra correspondiam quase a uma eternidade) para escrever o seu pedido.
Ele pensou muito bem e escreveu:
1º - Ajuda todos os que me são queridos, a serem felizes.
2º - Não deixes acontecer nada de mal a nenhum deles.
3º - À minha mulher em especial fá-la feliz, fazendo no entanto que ela cumpra as suas promessas para comigo
4º - Dá-me só um último instante para os visitar a todos outra vez.
O homem do autocarro, achou a lista tão pequena (para o que era habitual ver-se naquelas paragens) que lhe disse que todos os seus desejos seriam realizados. Alertou-o, no entanto, que deveria lembrar-se que o tempo ali "corria" de uma maneira diferente e que, por isso, quando lá fosse, já teriam passado mais de 5 anos sobre o seu desaparecimento.
Ele preparou-se e fez a sua última visita aos seus entes queridos. Começou pelos pais que estavam bastante mais velhos, mas aparentemente felizes. Depois o homem do autocarro levou-o a visitar alguns amigos mais chegados e, um por um, foi verificando que estavam todos bem. Finalmente, levou-o a ver a sua esposa.
Quando entrou na casa que o homem lhe indicava, encontrou uma mulher que não parecia a sua, nem mesmo com mais cinco ou seis anos em cima... aliás parecia até mais nova. Olhou de soslaio para o homem do autocarro (que esperava pacientemente) como que a dizer-lhe que ali deveria haver um engano, uma vez que aquela nem sequer era a sua casa. Mas este acenou com a cabeça sugerido-lhe que esperasse um pouco.
Nessa mesma altura, viu então entrar a sua esposa pela porta. Estava ainda muito bonita e a visão que tinha dela, fê-lo lembrar-se de todos os bons momentos que tinham passado juntos... lembrou-se também dos lábios carnudos dela e desejou ardentemente beijá-los como só ele sabia fazer. Fechou os seus olhos e preparou-se para a beijar, apesar de saber que tudo isto era apenas fruto da sua imaginação, mas conseguiu de algum modo sentir o ar sair de dentro dela para dentro de si.
Abriu os olhos e ouviu sussurrar... "respiro o ar que respiras"...
Mas quando viu os lábios da sua mulher voltarem a colar-se aos lábios da outra rapariga mais nova beijando-a da forma como ele costumava fazer, saiu daquela casa enraivecido com tudo aquilo e foi pedir contas ao homem do autocarro que tão simplesmente lhe disse...
- Porque te exaltas ?... Fui ver as gravações da promessa que ela te fez, e o que ela prometeu era que não iria ter mais nenhum homem. Cumprem-se assim todos os teus pedidos e se reparares bem... olha como ela está feliz!!!
Na Rádio (parte 6)
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"A chave está no CD" ... era o que estava escrito na mensagem anónima. Latva já tinha desmanchado a caixa plástica onde o CD estava colocado para verificar se na face interior se encontrava alguma dica que pudesse identificar o locutor misterioso.
Tinha verificado se o CD tinha alguma coisa escrita quer na face de leitura quer na outra.
Já tinha ouvido os intervalos entre as faixas para verificar que não existia nada entre faixas não fosse o locutor ser um fã dos Beatles e ter montado um "plot" do mesmo tipo que eles tinham feito nalguns dos seus discos com mensagens que apareciam tocadas da frente para trás e outras trapalhadas do mesmo tipo.
Tinha inclusivé verificado se existia a faixa zero como já tinha visto algures num CD dos Xutos, mas nada...
Entretanto ia ouvindo o CD e pensando nos vários contos que ele continha e na banda sonora de cada um deles. Seria algum dos contos a chave para a identificação do autor dos CD's. Decidiu começar a escrever os vários textos no seu computador, mas como era muito lento a "teclar" cada conto levava uma eternidade a acabar.
A corrida contra o tempo continuava porque dái a alguns dias ia ter outra vez o mesmo problema. Tirando os breves instantes que levava a preparar o seu próprio programa de rádio Latva não fazia outra coisa senão passar os contos dos CD's para o papel. Já tinha 20 pequenas histórias transcritas para papel, às quais foi atribuindo um nome e também uma "nota" numa escala de 1 a 5 conforme era da sua preferência ou não.
Ao fim de 3 dias tinha terminado esta fase e estava pronto para analisar todos os contos e tentar descobrir alguma coisa. Mas ele próprio achava que a "chave" para todo aquele mistério teria que ser algo mais que só as palavras...
Wednesday, October 15, 2008
Clandestino
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Aquele puto tinha, desde muito cedo, revelado ser diferente. Tinha ideias e queria ser alguém, ter um futuro e não cair nas malhas do bairro.
Desde muito cedo Armando corria pelas ruas de Alfama, sem sequer perder muito tempo a mirar todas as actividades ilegais que ali se realizavam à luz do dia. Jogava à bola na rua, fazia corridas de caricas no passeio junto ao café do Sr. Azevedo e ao "guelas" no descampado ao pé da Rua da Judiaria. Aí é que tinha presenciado muitas cenas tristes que o faziam ter esta opinião tão forte quanto à ilegalidade.
Quando terminou o liceu, acabou como a grande maioria dos rapazes do bairro por se ver alistado na tropa e aí criou uma série de maus hábitos que o levaram de volta ao bairro e para uma vida clandestina de vendedor de substâncias ilícitas.
Mas apesar de tudo "Armandeínho", como o chamava a sua falecida mãe, tinha ainda ideias de mudar o rumo da sua vida e para isso muito contribuia a sua paixão pela guitarra, pelo fado e por Deolinda a fadista mais bonita das redondezas, que todas as 3ª e 5ª feiras ia cantar no barzinho do Zé Texugo.
E foi numa 3ª feira em que foi dormir a casa de Deolinda que a meio de uma "ginástica" mais atribulada, bateu com a cabeça na cabeceira da cama e perdeu os sentidos.
Ao fim de cerca de 2 minutos Deolinda tinha conseguido acordá-lo. Armandeínho acordou sobressaltado e com uma ideia latente (ou batente) na sua cabeça. Ia-se tornar no primeiro empresário de uma nova substância que prometia ser um sucesso.
Deolinda riu-se desalmadamente (até ficar rouca) com a ideia maluca de Armando, ele queria produzir uma mistela qualquer a partir do vinagre que tivesse as mesmas propriedades que o tão afamado Viagra e tinha já até o nome para esta nova substância de origem natural "Vinagra". Era brilhante ... dizia ele... e apesar do riso de Deolinda não abdicava desta ideia.
Foi para casa decidido a pôr esta ideia a funcionar. No dia seguinte ia à farmácia comprar uma caixinha de Viagra para começar a experimentar.
Às 9 horas já Armando estava à porta da Farmácia "Confiança" e com um ar comprometido, mas compenetrado, pediu uma caixa de Viagra para um amigo dele que estava com problemas... não era para ele claro... comentou com o Sr. Fernando da Farmácia que, caso suspeitasse de alguma falha da parte dele, iria logo comentar com toda a gente.
Chegado a casa pegou num comprimido e tomou-o, só para ver o efeito que deveria obter do seu "Vinagra". Nesse dia as revistas que tinha debaixo do colchão tiveram uma rodagem extraordinária e, após sentir que tinha passado o efeito começou então a experimentar misturar várias coisas.
Primeiro misturou um pouco da dose de coca que tinha para vender com vinagre que rápidamente dissolveu o pó, mas passados alguns segundos fez uma efervescência esquisita e criou um depósito branco no fundo do copo com vinagre. Armandeínho bebeu a mistela e esperou pelo efeito.
Passado pouco tempo começou a sentir um calor semelhante ao que tinha sentido com o comprimido de Viagra, só que não era no sítio correcto. Uma corrida rápida para a casa de banho e meia hora de diarreia a seguir já ele estava como novo. Mas do efeito esperado nada.
Desanimado, mas não vencido, lembrou-se das aulas de Fisico-Química em que a professora falava do pH dos ácidos e lembrou-se que o vinagre era um ácido... talvez fosse isso que estava a estragar o efeito. Tratou por isso de procurar nos rótulos de tudo o que tinha em casa para conseguir arranjar uma coisa básica que neutralizasse o ácido do vinagre. A única coisa que descobriu foi o spray para limpar os vidros, deu uma borrifadela e o pó branco redissolveu-se. Pensou então que era mesmo um génio e já tinha conseguido resolver o problema do ácido "arsénico" do vinagre.
Achou também por bem pegar numa série de especiarias e misturá-las para disfarçar o cheiro e sabor do vinagre e da coca. Estragão, manjericão, cominhos, açafrão e canela. Não tinha canela em pó, mas tinha para lá um pacotinho muito antigo que já só tinha escrito Pau de Ca|~^ a... as letras do meio já estavam completamente apagadas, mas pensava que deveria ser pau de canela, por isso despejou o saquinho para dentro do recipiente e esperou um pouco para ter a certeza que faziam efeito.
Ao fim de 2 horas, e porque já estava a ficar tarde para ir acompanhar a sua Deolinda à guitarra no bar do Zé Texugo, experimentou a mistela. Tinha um sabor asqueroso, mas não foram preciso mais de 5 minutos até sentir um grande calor na barriga, que foi descendo, descendo até... eeeeehhhhhhhh... "ganda" efeito... pensou Armando que teve até alguma dificuldade em conseguir dominar o seu amiguinho.
Nesse dia vestiu umas calças largas de modo a poder disfarçar qualquer proteburância que pudesse surgir e depois do espectáculo, mostrou (nos arrumos do bar do Zé Texugo) a Deolinda que afinal a sua ideia maluca resultava.
Levou-a para sua casa e mostrando o frasquinho onde tinha colocado o seu "Vinagra" provou-lhe, ainda mais 2 vezes durante essa noite, que o produto funcionava mesmo.
Desde esse dia tudo mudou na sua vida. Agora à porta do bar do Zé Texugo continua a poder ler-se Deolinda ao Vivo, mas além do anúncio ser agora feito com um neon enorme, tem acrescentado ainda, venha experimentar a bebida da casa o célebre "Vinagra".
Lá dentro Armandeínho, agora Sr. Armando, impecavelmente vestido, vai gerindo a venda da bebida que chegava a vender mais de 300 copos por noite. E nos pequenos intervalos que consegue fazer pensa como era bom ter conseguido fugir às malhas do bairro e ter conseguido um negócio não clandestino que lhe permite viver desafogadamente com a sua Deolinda.
As várias incursões da ASAE ao local para recolha de amostras da bebida foram infrutíferas, uma vez que Deolinda tinha convencido Armando a deixar de colocar cocaína e passar a usar farinha. Quanto ao efeito do "Vinagra", não se sabe bem se é real ou não, porque desde que, acabada a primeira dose e na preparação de mais, Armando tinha utilizado canela em pó o efeito parecia ter desaparecido. No entanto, os clientes do bar do Zé Texugo nunca deram por isso, fosse pela presença da Deolinda ou pelo toquezinho de spray para os vidros... a coisa funcionava.
Tuesday, October 14, 2008
Congelar ou não congelar... eis a questão !!!
Com mais um pequeno empurrão conseguiu finalmente deslocar o enorme bloco de gelo que tinha cortado ao longo dos últimos 3 dias.
Neste caso não se podia dizer que a equipa rejubilava, porque não se tratava de facto de um trabalho de equipa. Correspondia apenas ao esforço da unidade MG0102 que trabalhava há mais de 6 meses na zona do Alaska para recuperar aquela importante descoberta.
O achado era o corpo de um espécime que parecia corresponder a um homem, provavelmente surpreendido por uma avalanche. Deveria ter ficado congelado dentro de uma caverna agora descoberta por causa do progressivo degelo causado por esses mesmos homens décadas atrás. Estava num estado de conservação exemplar, não havia sinais de danos como habitualmente acontecia quando descobriam (os poucos que conseguiam descobrir) cadáveres dos seres anteriormente habitantes do planeta.
Mandou um relatório sumário para o chefe de expedição, que estava a cerca de 300Km do local, e começou a operação de descongelamento.
A resposta ao seu relatório não tardou e a unidade MA0905 (chefe da expedição) iniciou a viagem para o local onde tinha sido encontrado, aquele que agora era apelidado de "The Columbia Man" ou Homem de Columbia, uma vez que tinha sido descoberto junto ao glaciar Columbia.
A unidade MG0102 começou o processo de descongelamento recorrendo à aparelhagem mais sofisticada que permitia programar rampas de aquecimento, minimizando o dano causado pelo fenómeno de descongelação. Contudo, sabia-se que era inevitável uma degradação dos tecidos e células do corpo sobretudo ao nível do cérebro, devido à formação de cristais de gelo durante o arrefecimento, que causavam a ruptura da parede das células. No entanto, era um mal necessário, e na verdade, ainda não conheciam nenhum método melhor de conservação, excepto talvez a cristalização por injecção de soluções de metasilicato de boro-hidrofenilamina, mas que poderia, em certos seres vivos, resultar no apodrecimento gradual do espécime, caso estivessem presentes células tumorais com as quais o MBHF reagia.
A 1ª experiência de descongelação foi um sucesso. Um sucesso porque foi possível fazer a descongelação sem danos visiveis e um sucesso também porque pela primeira vez desde a extinção dos seres humanos, se conseguia "acordar" um deles e falar com ele.
É verdade... a unidade MG0102 não estava preparada para ver o corpo recentemente descongelado mexer-se e levantar o polegar da mão direita (sinal tão comum em tempos idos) para indicar que estava tudo bem.
Desse instante em diante o número de operações de descongelamento era um problema crucial. De cada vez, tinha que fazer medições de orgãos e membros do espécime (que apresentavam alguns desvios ao padrão anteriormente estabelecido para a raça), análises de sangue, etc. Aproveitava e ia estabelecendo diálogo com ele (que era devidamente gravado e arquivado) para tentar aprender algo mais sobre a época em que tinha vivido.
Era uma experiência recompensadora, porque o espécime era interessante e comunicava de um modo fluente sobre a vivência da sua espécie.
Com cada novo descongelamento a unidade MG0102 notava o aumento do comportamento errante na capacidade de expressão e raciocinio do Homem de Columbia.
Quando finalmente chegou ao local de encontro a unidade comandante da expedição, já o espécime não apresentava um diálogo coerente e eram notórias as faltas de capacidade de comunicação, que apenas eram superadas pelo código gestual que a unidade MG0102 tinha estabelecido com o Homem de Columbia para método de comunicação alternativo (uma vez que já esperavam que o cérebro do espécime ficasse severamente danificado após tantas operações de descongelamento ).
Assim que chegou ao local a unidade MA0905 ordenou que o espécime fosse retirado dali. Já estava a ficar sem interesse para a prossecução dos objectivos da missão e não queria que se perdesse mais tempo com este espécime uma vez que, a descoberta de mais uma série de espécimes noutro glaciar, faziam antever novas hipóteses de conseguir resultados semelhantes aos obtidos com o Homem de Columbia.
A unidade MG0102 ficou então com um dilema, deveria congelar o espécime uma última vez antes de o largar de novo no glaciar, ou deveria continuar a tentar estabelecer contacto com ele para aprender mais sobre o modo de vida dos seres humanos causando a sua degradação final.
Não demorou muito a decidir.
Ainda hoje em dia existem visitas guiadas ao glaciar Columbia onde pode ser visto um enorme bloco de gelo, onde se consegue vislumbrar uma silhueta de um Homem com feições tristes e com o polegar da mão direita levantado.
Numa tabuleta ao lado pode ler-se "Homem de Columbia" e em baixo, em letras mais pequenas "Nota: O polegar da mão direita do espécime está levantado num gesto rudimentar indicando, segundo costumes próprios da época, que se encontra bem".
Thursday, October 09, 2008
O homem a quem não davam corda!!!
João era um miúdo que, como qualquer outro miúdo gostava muito de brincar. Seus pais eram uns pais como outros quaisquer, queriam que ele estudasse para ser alguém na vida. Que se aplicasse, que se cultivasse e só no fim... que brincasse.
O avô de João não era um avô como outro qualquer. Esse sim era diferente, queria que João brincasse e brincasse enquanto fosse miúdo. Teria tempo para ser responsável... dizia ele. Nem sequer conseguia perceber muito bem como é que esta diferença não se fazia notar no comportamento do seu próprio filho (pai de João) que tinha sido um miúdo e jovem muito responsável quando ele a nada disso o obrigava.
Como estratégia para promover a sua filosofia de vida, o avô de João oferecia um brinquedo por cada má nota que ele tirasse na escola. Não era propriamente educativo, mas na verdade o avô de João estava-se completamente a borrifar para isso.
Por outro lado o pai de João oferecia-lhe um brinquedo cada vez que ele brilhava na escola. Isso colocava-o numa posição extremamente priveligiada que era a de receber sempre um brinquedo independentemente do que fizesse, fosse ele bom aluno ou não, o brinquedo aparecia.
Isso tornou João, além de um sortudo com uma quantidade de brinquedos descomunal, um rapaz que podia decidir verdadeiramente o que queria fazer. Se queria estudar ou se queria brincar era sua a decisão porque nenhuma das actividades era mais recompensada do que a outra.
Felizmente para os pais de João (e para o avô também porque concerteza ele não quereria que o seu neto não fosse instruído) o rapaz até optou na maioria dos casos por desempenhar bem a sua função de estudante. E foi num dia de aulas como os outros também, que ele se apercebeu de algo muito importante. Quando questionado pelo professor sobre qual ou quais as colecções que fazia, João não se lembrando de nada mais do que os seus preciosos brinquedos ripostou dizendo que coleccionava brinquedos. A risota entre os colegas foi geral, mas o professor que era um professor à boa velha moda saiu-se com uma resposta em defesa de João que acabou por marcar a vida toda do rapaz. Disse então para toda a classe:
- uma colecção de brinquedos é tão importante como outra qualquer porque através dela podemos fazer uma visita guiada aos tempos, muitos deles encerram o virar da página de uma época. Não tenham a menor dúvida meninos que os brinquedos com que eu brinquei, a vocês vos pareceriam ridiculamente rudimentares - e seguiu dando uma série de exemplos.
Mas João já nem estava a ouvi-los, na sua cabeça tinha agora a frase do professor ... uma visita guiada aos tempos... virar a página de uma época...
Hoje em dia o homem com cerca de 70 anos que se senta na cadeira de rodas à entrada do Museu do Brinquedo (vítima de um acidente cardiovascular alguns anos atrás)lembra-se e fala com paixão de todo e qualquer um dos brinquedos expostos no museu. Como os obteve, de que época eram ou como se deveria brincar com eles (sim!!! porque alguns deles é preciso saber brincar com eles).
É um brilhante contador de histórias que entretém qualquer pessoa. Põe todos os miúdos a rir contando por exemplo a brincadeira que tinha com o seu querido avô, que ao começo de cada dia o fazia tocar com os dedos num reóstato onde apanhava um choque eléctrico e todos os dias ia aumentando a corrente que passava pelo corpo do miúdo só para o preparar para uma vez que apanhasse um choque eléctrico a sério.
Ou de como iam à cozinha da mãe "roubar" o fermento e o vinagre para pôr nos pequeníssimos foguetões de plástico que depois com a libertação do dióxido de carbono acabavam por "levantar voo".
A todos responde com carinho, desde o miúdo que se lhe dirige dizendo "ganda maluco", até àquele que reparando na sua cadeira de rodas e impressionado pela vitalidade de João, lhe pergunta porque é que ele não anda. A resposta sai sempre rápida...
- olha... esqueceram-se de me dar corda.
(Este texto é inspirado na vida e obra de João Arbués Moreira detentor do espólio de brinquedos presente no Museu do Brinquedo em Sintra e que eu pessoalmente aconselho, miúdos, pais e avós a irem ver para poderem depois ter dezenas de recordações para partilhar entre si.)
P.S. - Não se esqueçam de levar um lenço, ou uns óculos escuros para poder esconder "aquela lágrima" ao canto do olho quando virem um brinquedo igualito ao que tiveram em criança.
Na Rádio (parte 5)
Estava de pés trocados em cima da mesa de mistura a curtir o CD que tinha acabado de descobrir e posto no ar.
A boa onda estava lá toda. Mas a escrita das pequenas histórias parecia mais diversificada do que antes, quase se diria que existiam textos escritos por diferentes pessoas... talvez 2 ou 3.
As músicas continuavam a fazer uma banda sonora perfeita para os contos que iam surgindo apresentados por aquela mesma voz que no 1º CD o tinha fascinado.
Havia textos com trocadilhos muito bem conseguidos, mas a sua atenção focou-se em especial num pequenissimo texto sobre bolas de sabão. A banda sonora escolhida era apropriada porque utilizava o som de bolhas de sabão a rebentar, estava muito bom.
A hora de programa pareceu passar em 10 minutos e Latva, no fim, repetiu o pedido de identificação para o autor do CD e alimentou toda aquela farsa construida à volta do personagem misterioso, como aliás lhe tinha sido recomendado que fizesse.
Quando saiu de estúdio foi até ao departamento de informática para verificar se tinha chegado algum mail que pudesse dar alguma dica sobre a identidade do locutor misterioso (como lhe chamavam agora na estação de rádio).
Existia apenas uma mensagem anónima muito estranha,tinha escrito apenas "A chave está no CD", por baixo podia ler-se em Maíusculas.. LATVA tu és o maior e tinha um "emoticon" com um enorme sorriso.
De saída para casa Latva retirou o CD de cima da mesa de mistura e decidiu nessa noite estudá-lo muito bem. Adormeceu no sofá a ouvir o CD (pelo menos pela quarta vez). Acordou estremunhado pensando ainda nos acontecimentos da noite anterior. Definitivamente o mistério à volta destes CD's adensava-se e para bem da sua sanidade mental era essencial descobrir quem estava a fazer aquelas pequenas maravilhas.
A boa onda estava lá toda. Mas a escrita das pequenas histórias parecia mais diversificada do que antes, quase se diria que existiam textos escritos por diferentes pessoas... talvez 2 ou 3.
As músicas continuavam a fazer uma banda sonora perfeita para os contos que iam surgindo apresentados por aquela mesma voz que no 1º CD o tinha fascinado.
Havia textos com trocadilhos muito bem conseguidos, mas a sua atenção focou-se em especial num pequenissimo texto sobre bolas de sabão. A banda sonora escolhida era apropriada porque utilizava o som de bolhas de sabão a rebentar, estava muito bom.
A hora de programa pareceu passar em 10 minutos e Latva, no fim, repetiu o pedido de identificação para o autor do CD e alimentou toda aquela farsa construida à volta do personagem misterioso, como aliás lhe tinha sido recomendado que fizesse.
Quando saiu de estúdio foi até ao departamento de informática para verificar se tinha chegado algum mail que pudesse dar alguma dica sobre a identidade do locutor misterioso (como lhe chamavam agora na estação de rádio).
Existia apenas uma mensagem anónima muito estranha,tinha escrito apenas "A chave está no CD", por baixo podia ler-se em Maíusculas.. LATVA tu és o maior e tinha um "emoticon" com um enorme sorriso.
De saída para casa Latva retirou o CD de cima da mesa de mistura e decidiu nessa noite estudá-lo muito bem. Adormeceu no sofá a ouvir o CD (pelo menos pela quarta vez). Acordou estremunhado pensando ainda nos acontecimentos da noite anterior. Definitivamente o mistério à volta destes CD's adensava-se e para bem da sua sanidade mental era essencial descobrir quem estava a fazer aquelas pequenas maravilhas.
Wednesday, October 08, 2008
Chocolate ou Canela
Era o 3º encontro de Jim com a sua amada Sandy. Achava-a perfeita, pelo menos até agora. Já tinha verificado que tinham muitos assuntos em comum para falar (no 1º encontro) e já tinha visto que a postura de Sandy face à vida era muito semelhante à dele (no 2º encontro) com um desejo enorme de constituir família.
Agora era chegada a altura de verificar como se dariam de um ponto de vista mais físico… ou sexual… por assim dizer.
Sabia que Sandy já tinha sido casada e que se tinha separado do marido há mais de 3 anos e isso deixava-o um pouco incomodado, porque havia sempre o fantasma da comparação. Por isso, decidiu arrasar.
Para tal pesquisou na internet fragrâncias que pudessem aumentar o estímulo sexual nas mulheres. Era um assunto delicado e muito fantasioso pelo que se apercebeu, mas havia alguns odores a colectar unanimidade por grande parte dos sites que conseguiu descobrir. Dentre esses, aqueles que conhecia melhor eram a canela e o mentol.
Decidiu então fazer ele próprio uma espécie de perfume que usaria neste encontro com Sandy. E pelo sim pelo não levava também pastilhas com sabor a canela e rebuçados de mentol. Não havia hipóteses de falhar… pensou ele.
Às 10 horas e 15 minutos apareceu em frente do restaurante onde tinham combinado encontrar-se e Sandy já lá estava à sua espera. Pediu desculpa pelo atraso (causado por um pacotinho de chocolates que era praticamente o seu único vicio,que se tinham derretido no bolso do seu casaco o que o tinha obrigado a voltar a casa para disfarçar o cheiro do chocolate com a canela e o mentol).
Quando a cumprimentou aproveitou para ver a reacção dela ao cheiro que ele tinha entranhado na pele, na roupa, no cabelo, enfim em todo o lado, e pareceu-lhe que ela reagira ao odor da canela e do mentol acusando um certo nervosismo.
Entraram… sentaram-se e ele perguntou-lhe o que é que ela queria comer. Ela escolheu “Bifes au champignon com molho de natas e café” e ele para tornar a coisa ainda mais acentuada, decidiu pedir “Coelho à caçador com molho de canela”.
A meio da refeição depois de já terem soltado um pouco a inibição com uns copos de vinho verde e depois de ter verificado que ela não era nada indiferente ao odor a canela orientou a conversa para assuntos mais libidinosos tentando averiguar que tal ela achava a sua fragrância.
Para grande espanto dele, ela disse-lhe então…
- Bem … eu devo confessar que aprendi a detestar o cheiro a canela porque o meu ex-marido era negociante de especiarias e cedo descobriu o efeito afrodisíaco da canela quer nele quer em mim e por isso “obrigava-me” a ingerir e cheirar doses enormes de canela para conseguir obter de mim um estado de excitação que eu habitualmente não partilhava com ele. Isso tornou a nossa relação muito seca e falsa, porque eu já sabia o que me esperava a seguir a uma boa dose de canela.
O pobre Jim ficou boquiaberto e se tivesse um buraco onde se enfiar fazia-o de certeza. As coisas não podiam correr de pior modo para o lado dele. Desejava apenas que alguém parasse o mundo e o deixasse sair.
Sandy no entanto, continuou...
- Pior do que essa fase, só a fase em que eu descobri que o mentol era um cheiro muito agradável para mim, mas que a ele o fazia perder a vontade proporcionalmente ao que a mim me agradava. A partir daí esta mistura era o cheiro mais comum lá em casa e cada vez que ele carregava na canela, eu carregava no mentol e por isso a casa tornou-se insuportável para viver e passados 2 meses separámo-nos.
Novamente Jim sentiu-se pequenino e rídiculo ficou calado o resto da noite, tentando não exalar muito cheiro a mentol ou a canela dos rebuçados e pastilhas que tinha chupado entretanto e procurou também não se mexer muito para que o odor que ela tanto odiava não se desprendesse do seu corpo.
Quando a foi levar a casa e já na despedida (que foi feita de um modo atabalhoado para não causar mais incómodos) Jim ofereceu ainda um pequeno chocolate (que sobrara do acidente no bolso do casaco) a Sandy e afastou-se sem sequer lhe pedir um beijo de boas-noites ou combinar outro encontro uma vez que depois daquele fiasco estava tudo terminado.
Sandy entrou em casa e pegou no bombom que Jim lhe dera, deixou-o derreter nas mãos apertando-o e de seguida lambeu copiosamente os dedos dizendo… isto sim isto é um cheirinho e sabor que eu gosto.
Minutos mais tarde recostou-se na cama com a camisa de noite já vestida e começou a sonhar com Jim coberto de chocolate da cabeça aos pés e a forma como ela o iria limpar... é que o cheiro a chocolate deixava-a completamente louca...
Agora era chegada a altura de verificar como se dariam de um ponto de vista mais físico… ou sexual… por assim dizer.
Sabia que Sandy já tinha sido casada e que se tinha separado do marido há mais de 3 anos e isso deixava-o um pouco incomodado, porque havia sempre o fantasma da comparação. Por isso, decidiu arrasar.
Para tal pesquisou na internet fragrâncias que pudessem aumentar o estímulo sexual nas mulheres. Era um assunto delicado e muito fantasioso pelo que se apercebeu, mas havia alguns odores a colectar unanimidade por grande parte dos sites que conseguiu descobrir. Dentre esses, aqueles que conhecia melhor eram a canela e o mentol.
Decidiu então fazer ele próprio uma espécie de perfume que usaria neste encontro com Sandy. E pelo sim pelo não levava também pastilhas com sabor a canela e rebuçados de mentol. Não havia hipóteses de falhar… pensou ele.
Às 10 horas e 15 minutos apareceu em frente do restaurante onde tinham combinado encontrar-se e Sandy já lá estava à sua espera. Pediu desculpa pelo atraso (causado por um pacotinho de chocolates que era praticamente o seu único vicio,que se tinham derretido no bolso do seu casaco o que o tinha obrigado a voltar a casa para disfarçar o cheiro do chocolate com a canela e o mentol).
Quando a cumprimentou aproveitou para ver a reacção dela ao cheiro que ele tinha entranhado na pele, na roupa, no cabelo, enfim em todo o lado, e pareceu-lhe que ela reagira ao odor da canela e do mentol acusando um certo nervosismo.
Entraram… sentaram-se e ele perguntou-lhe o que é que ela queria comer. Ela escolheu “Bifes au champignon com molho de natas e café” e ele para tornar a coisa ainda mais acentuada, decidiu pedir “Coelho à caçador com molho de canela”.
A meio da refeição depois de já terem soltado um pouco a inibição com uns copos de vinho verde e depois de ter verificado que ela não era nada indiferente ao odor a canela orientou a conversa para assuntos mais libidinosos tentando averiguar que tal ela achava a sua fragrância.
Para grande espanto dele, ela disse-lhe então…
- Bem … eu devo confessar que aprendi a detestar o cheiro a canela porque o meu ex-marido era negociante de especiarias e cedo descobriu o efeito afrodisíaco da canela quer nele quer em mim e por isso “obrigava-me” a ingerir e cheirar doses enormes de canela para conseguir obter de mim um estado de excitação que eu habitualmente não partilhava com ele. Isso tornou a nossa relação muito seca e falsa, porque eu já sabia o que me esperava a seguir a uma boa dose de canela.
O pobre Jim ficou boquiaberto e se tivesse um buraco onde se enfiar fazia-o de certeza. As coisas não podiam correr de pior modo para o lado dele. Desejava apenas que alguém parasse o mundo e o deixasse sair.
Sandy no entanto, continuou...
- Pior do que essa fase, só a fase em que eu descobri que o mentol era um cheiro muito agradável para mim, mas que a ele o fazia perder a vontade proporcionalmente ao que a mim me agradava. A partir daí esta mistura era o cheiro mais comum lá em casa e cada vez que ele carregava na canela, eu carregava no mentol e por isso a casa tornou-se insuportável para viver e passados 2 meses separámo-nos.
Novamente Jim sentiu-se pequenino e rídiculo ficou calado o resto da noite, tentando não exalar muito cheiro a mentol ou a canela dos rebuçados e pastilhas que tinha chupado entretanto e procurou também não se mexer muito para que o odor que ela tanto odiava não se desprendesse do seu corpo.
Quando a foi levar a casa e já na despedida (que foi feita de um modo atabalhoado para não causar mais incómodos) Jim ofereceu ainda um pequeno chocolate (que sobrara do acidente no bolso do casaco) a Sandy e afastou-se sem sequer lhe pedir um beijo de boas-noites ou combinar outro encontro uma vez que depois daquele fiasco estava tudo terminado.
Sandy entrou em casa e pegou no bombom que Jim lhe dera, deixou-o derreter nas mãos apertando-o e de seguida lambeu copiosamente os dedos dizendo… isto sim isto é um cheirinho e sabor que eu gosto.
Minutos mais tarde recostou-se na cama com a camisa de noite já vestida e começou a sonhar com Jim coberto de chocolate da cabeça aos pés e a forma como ela o iria limpar... é que o cheiro a chocolate deixava-a completamente louca...
Tuesday, October 07, 2008
O Menino de Vidro
Era uma vez um rapazito que era muito sensível a tudo. Qualquer coisa que lhe dissessem ou fizessem que o contrariasse era para ele a maior das tragédias.
Uma vez encontrou uma Srª que era uma fada do reino das Elfas e que lhe disse que ele era muito engraçadinho e muito espertalhão. O menino ficou logo todo contente e começou a mostrar à pequena fada todas as habilidades que sabia fazer (que ainda eram bastantes...) mostrou-lhe como era engraçado fazendo-a rir, mostrou-lhe como era querido fazendo-lhe festinhas e carícias, mostrou-lhe como era espertalhão falando com ela, cantando para ela e mostrou-lhe ainda milhentas coisas mais.
No fim quando a fadinha Elfa se quis ir embora, mostrou-lhe também que não passava de um menino mimado, começando a choramingar e protestar com a fadinha.
A fadinha, após tentar acalmá-lo dizendo que tinha mesmo que o deixar, acabou por se chatear com ele, dizendo...
- és um autêntico pedacinho de vidro. Não se pode tocar-te que te partes...
e saiu muito aborrecida, sem mesmo dar conta que aquela frase tinha sido proferida com a sua varinha mágica erguida e por isso, tornara-se um encantamento que caíu sobre o menino.
O menino começou então a transformar-se aos poucos em verdadeiro vidro.
Com o passar do tempo foi ficando cheio de riscos e arranhadelas (correspondentes às contrariedades da sua própria vida) e foi desenvolvendo várias lascas que picavam e cortavam quem com ele privava de mais perto.
Um dia houve uma menina que gostou muito dele. Mesmo ao vê-lo todo riscado e mesmo tendo-se várias vezes cortado nele achou-o bonito, por isso decidiu poli-lo para remover as falhas e riscos.
Hoje em dia o Sr. de vidro é um homem fosco por causa da polidela, mas tornou-se mais sociável, afável e menos agreste para quem está com ele.
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