Friday, November 14, 2008

O Teu Doce Sorriso



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Com uma voz irritada ela disse
– Basta! É sempre a mesma coisa… a música está sempre à frente de tudo! Chega… eu não estou para ser a segunda na tua vida!!!
E com esta frase virou costas e saiu sem mesmo lhe dar tempo para reagir.
Nem 10 segundos depois ele repetia o mesmo gesto que ela, não sem antes pegar na guitarra acústica. Uns instantes depois estava a dirigir-se para o carro. Precisava de ir até à praia, para desanuviar um pouco na companhia da guitarra.
Parou uns segundos olhando perdido para os carros que se encontravam no parque de estacionamento do condomínio, como se estivesse à procura do seu carro, sem o ver. Só depois se lembrou que tinham tido um pequeno acidente e que a companhia de seguros tinha entregue um Peugeot como carro de substituição… ou seria um Renault?? Raios, era um carro azul escuro… que após alguns segundo conseguiu descobrir. Mas tinha que voltar a casa para buscar a chave deste carro.
Enquanto subia as escadas pensava que aquele dia estava a correr muito, mas mesmo muito, mal. Mais uma discussão parva… que tinha levado à saída da sua namorada (com intenções de não voltar)... e agora esta cena do carro.
Quando entrou em casa para ir buscar a chave do carro escorregou em qualquer coisa e para evitar cair deu uma enorme pancada com a guitarra na ombreira da porta. Ouviu-se um tremendo barulho e a caixa da guitarra ia-se quase desfazendo. Observou os danos causados com um ar assustado… “ grande mossa… resmungou dizendo meia-dúzia de palavrões em Inglês como era seu costume e olhou para o chão preparado para “matar” o que quer que fosse que tivesse causado aquela escorregadela.
Ao baixar-se verificou então que se tratava da fotografia dos dois a beijarem-se que aquela amiga dela (muito maluca … por sinal) tinha tirado num dia em que tinham ido ao cinema os três. A vontade de rasgar e maltratar o que tinha causado a escorregadela que tinha danificado a sua querida guitarra deu lugar a uma profunda tristeza porque ali estava a prova que ela se deveria ter ido embora de vez, uma vez que até tinha deixado para trás aquela fotografia de que tanto gostava.
Depois de apanhar as chaves no chaveiro e de ter guardado a fotografia no bolso da camisa saiu de casa em direcção ao carro, e à praia.
Quando entrou no carro constatou que este tinha falta de gasolina, por isso fez um desvio até à bomba de gasolina para abastecer o carro.
Quando saiu da local de pagamento viu um sujeito encostado ao seu carro, do lado oposto ao condutor, a olhar para a bomba como se estivesse a preparar-se para abastecer o carro. Mas que raio… pensou.. o que é que aquele bacano está a fazer ali?? Já vai ver!!!
Decidido, dirigiu-se para o carro e sem cerimónias abriu a porta do carro decidido a arrancar com o carro a toda a velocidade tentando não dar tempo ao homem que estava encostado ao carro de reagir e talvez ele assim aprendesse que os carros dos outros não são para nós nos encostarmos.
Tarde demais se apercebeu que o carro em que estava a entrar não era o seu, era parecido mas…
O dono do carro, que estava encostado do lado oposto a verificar qual o tipo de combustível que deveria colocar no carrinho novinho em folha que tinha acabado de comprar e não conhecia muito bem, rapidamente deu a volta ao carro e na eminência de estar a ver o seu novíssimo carro a ser roubado por um qualquer meliante, atacou desferindo um valente soco na cara dele.
Depois de esclarecido o mal entendido, entrou finalmente no carro e seguiu para a praia com a cara dorida e um lábio a deitar sangue.
Após estacionar o carro junto à praia, saiu do carro e correu para o seu local favorito, levando a guitarra na mão. Encostou-se à rocha onde costumava ficar encostado a compor as suas músicas e tirou a camisa (apesar do adiantado da hora era ainda de dia e estava-se bem em tronco nu na praia). Quando largou a camisa, do bolso caiu a fotografia que lá tinha colocado à saída de casa. Pensou no dia que estava a ter e a profunda tristeza que sentia com todos os acontecimentos das últimas horas.
E como sempre, a inspiração veio com a tristeza… Ao olhar para a fotografia, lembrou o doce sorriso dela e todas as coisas boas (e más) por que tinham passado juntos.
Os dedos da mão esquerda formaram inconscientemente um acorde de Ré na forma de triângulo (o tecto da casa) que tantas vezes tinha sido o seu refúgio (musical e não só). Os dedos da mão direita começaram a dedilhar um ritmo lento e sofrido e de repente as palavras apareceram na sua boca…
Do que eu preciso
É desse teu sorriso
O teu doce sorriso
A mudança dos acordes saiu naturalmente e a terminação em Sol menor vinha trazer a tristeza natural que sentia nesse momento.
Começou a cantar ali mesmo o refrão, e rapidamente surgiram na sua cabeça as palavras para o resto da canção.
Quando estava a acabar o 2º verso, sentiu um cheiro muito familiar. E não era o cheiro do mar… Era o cheiro dela misturado com o cheiro do mar. Olhou para cima e viu-a chegar devagarinho com os olhos ainda vermelhos de ter estado a chorar.
Ela não disse nada. Sentou-se apenas ao seu lado e com aquele doce sorriso disse:
- Canta-ma, quero ser a primeira a ouvi-la.

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