Friday, March 03, 2006

Escolhas



Sempre que dizia que trabalhava para o F.B.I. as reacções dividiam-se entre 2 vertentes. Aqueles que ficavam perplexos e aqueles que gozavam a situação. A maior parte das vezes optavam pela 2ª vertente, talvez pelo seu aspecto fraco, franzino, patético até. As piadinhas sobre o F.B.I. eram sempre as mesmas – “Trabalhas para o F.B.I.? deves ser algum “Female Body Inspector, não?”
No dia 17 de Agosto de 2008 tinha sido chamado à sede para mais uma missão com o seu parceiro. Estudado o perfil do indivíduo que tinha que ser interrogado, caiu-lhes a eles em sorte o interrogatório. Dirigiram-se para a sala já com a rotina combinada, como aliás sempre faziam.
O seu colega de equipa tinha os traços físicos opostos aos dele, alto, musculado, um semblante frio e calculista que faziam adivinhar alguém muito metódico e cuidadoso, podia dizer-se que eram como a noite e o dia.
O indivíduo era um psicopata que era suspeito de saber algo sobre o assassino de mais de 20 mulheres, que tinha andado durante os últimos anos a brincar com eles.
Passados 15 minutos de interrogatório conduzido pelo seu colega, sem nenhum resultado obtido, entrou em acção. Tomou conta do interrogatório e depois passados alguns instantes, ele e o parceiro desentendiam-se e aí começava o martírio dele ... mas o que é que podia fazer… era para isso que lhe pagavam.
E assim foi, o parceiro começou a desancá-lo, para (e segundo o estudo do perfil prévio do psicopata) que o interrogado tivesse muita pena dele, e a seguir confessasse tudo o que sabia por solidariedade para com o mais fraco.
Era realmente um trabalho muito chato, ainda por cima porque o seu companheiro de equipa levava o seu trabalho muito a sério…
Nesse dia, ainda por cima, tudo correu mal. É que, a meio do interrogatório, o psicopata inesperadamente, ou então por erro de quem avaliara o seu perfil, reagiu à surra que o seu companheiro lhe dava não com pena, mas saltando também para cima dele para o sovar. O seu companheiro de equipa, que nunca gostava de ficar atrás nestas coisas em vez de tentar parar o malandro, bateu-lhe ainda com mais força.
Já no hospital, com 7 costelas partidas, alguns hematomas e uma sensação geral de mau-estar, pensava como toda a sua vida teria sido diferente se, há uns anos atrás em vez de entrar para o F.B.I, tivesse aceite aquele emprego na lavandaria do bairro. Enfim… escolhas…

2 comments:

Very Unlucky Guy said...

Eu, rifava o parceiro!

player1331 said...

eu cá esperava o parceiro num canto escuro...eu e mais uns 20 marmanjos... tenho a certeza que ele ficaria sem vontade de bater em ninguém....ah pois é....