Monday, March 06, 2006

Até os anjos deviam estar zangados














Eu estava muito triste...
E naquele dia, até os anjos deviam estar zangados
Havia no ar aquela inquietude que existe
Quando algo que não devia acontecer... acontece

A chuva batida a vento fustigava-me a cara
E molhava cada milimetro do meu ser
Eu esperava que todo aquele ritual terminasse
E a dor ... aquela ... a mais profunda ... começasse

Humanamente, o que tinha acontecido
era uma estupidez... inexplicável
por isso, procurei a explicação noutro lado
mas isso em nada alterara o quanto eu estava desiludido...zangado

E quando o vi descer à terra, senti-me como que puxado
Não só por esta, mas por todas as vezes anteriores...
Com o peso da terra já a sufocar pensei que nada iria adiantar
Por isso ergui-me, e mais uma vez retomei o meu caminhar

Isto não quer dizer que esteja contente...
Ou que tenha encontrado uma explicação
Quer apenas dizer que ... não sabendo o que fazer
Continuar... me parece a melhor solução.


Em memória do Luís César

1 comment:

Very Unlucky Guy said...

Parece que é mesmo mais fácil escrever poesia quando os sentimentos são avassaladores...
Nem vou fazer mais comentários excepto a uma coisa: os anjos não deviam estar zangados. Por duas razões. Primeiro porque os anjos não se podem zangar com uma coisa tão essencial como a Morte, depois porque, para eles, quando é a vez duma criança devem sempre ficar consolados por receber mais um entre eles...