Thursday, February 16, 2006

Nada é tão seguro como a Morte e os Impostos

Naquele dia custou-lhe chegar ao emprego. Sentia dificuldade em respirar, os pulmões pareciam não conseguir oxigenar o sangue que fluía pelas suas veias, o que o deixava tonto e ofegante.
Chegado à sua secretária, foi efusivamente recebido pelo sintetizador de voz da sua unidade computacional, que o informou de imediato que o seu chefe queria falar com ele. Preocupado, sempre com dificuldade em respirar, levantou-se e dirigiu-se ao gabinete do seu chefe. Ao aproximar-se, viu, através da divisória translúcida que separava o gabinete do resto do mega-escritório, que estavam outras pessoas no gabinete do chefe. Bateu à porta e esperou que o sinal luminoso passa-se para “entre”. Recebido o sinal verde, rodou o maanípulo e entrou, com a sensação de peso na respiração a piorar com o receio de que algo de grave se passasse.
O Chefe levantou-se da cadeira com ar pesaroso enquanto dois dos indivíduos que se encontravam em pé se deslocavam de forma a interceptar o caminho para a porta, como se lhe quisessem impedir a retirada.
- Tenho más notícias - disse o Chefe - estes senhores estão aqui para falar consigo acerca de um assunto muito grave.
Já muito assustado, recuou um pouco enquanto o que parecia ser o que mandava naquele grupinho se virou para ele e disse, com um sorriso desagradável nos lábios:
- Lamento dizer-lhe mas vamos ter que lhe confiscar a casa, a família e o emprego. - e, envolvendo-o num invólucro estanque ao ar, acrescentou: - O Senhor esqueceu-se de pagar o imposto sobre o ar que respira e portanto acabou de inalar a sua última golfada de ar que será paga ao estado com o dinheiro que se obtiver da venda dos seus bens.
Já a sufocar ainda tentou dizer que tinha o registo do envio do dinheiro pelo correio na mala, mas caiu redondo no chão, morto por falta de ar sem conseguir dizer palavra.
Dois anos mais tarde, os correios indemnizaram a família, entretanto comprada por outro indivíduo, no valor do imposto que se tinha extraviado...

1 comment:

O_Corrosivo said...

Malditas finanças... maldito IRS, maldito fisco em geral.