Friday, January 27, 2006
Melvin o alquimista
Desde que conhecera Jezebel, a aia da rainha, a sua vida tinha dado uma reviravolta. Tinham começado a namoriscar durante um dos grandes banquetes que o rei tinha oferecido esse ano, e cedo a moça se tinha confessado completamente apaixonada pelo seu cheiro. Desde logo quis saber que cheiro era esse que ele não sentia. Assumia que teria a ver com todos os produtos com que trabalhava, mas não o conseguia cheirar.
Cada novo encontro entre aqueles 2 seres tão diferentes, trazia mais ânsia a cada um deles. Ele porque queria saber qual era o cheiro, isolá-lo, cheirá-lo e finalmente dar-lho engarrafado para ela poder cheirar sempre que quisesse e assim recordá-lo. Ela porque o queria ajudar no seu intento.
Bom … ele já tinha tentado de tudo, primeiro começou por misturar algumas poções aromáticas no seu laboratório para tentar reproduzir o cheiro, mas cedo chegou à conclusão que o caminho a seguir não seria esse, pois segundo Jezebel o seu odor era um cheiro mais orgânico, mais natural.
De seguida começou a tentar extrair o cheiro do seu próprio corpo. Começou por tomar longos banhos em que se emergia durante horas em água quente para esta adquirir o seu cheiro. De seguida evaporava a água até ficar com um resíduo. Repetiu esse processo até ter quantidade suficiente desse produto e deu-lho a cheirar. Ela disse que era qualquer coisa parecida com isso, mas ainda não era bem aquilo, faltava qualquer coisa. O cheiro dele era ainda mais parecido com… mas faltava-lhe sempre o termo correcto.
Os dias sucediam-se e Melvin estava desesperado. Tinha ouvido dizer, há bem pouco tempo, que na corte do rei do país vizinho, o grande Merlin o mágico tinha começado a fazer extracções de aromas usando alguns produtos sem ser água. Meteu-se a caminho e foi falar com Merlin. Este sugeriu-lhe o espírito obtido da evaporação e condensação do vinho como sendo um bom produto para extrair essências.
Quando voltou para casa, a sua amada Jezebel tinha deixado recado que queria falar com ele, e Melvin quis experimentar esta nova extracção de modo a nesse dia à noite quando se encontrassem depois de 2 dias sem se verem já lhe ser possível dar-lhe um frasquinho com a sua essência. E se assim o pensou, melhor o fez. Nessa noite quando Jezebel entrou nos aposentos de Melvin sentiu imediatamente aquele odor que tanto apreciava. Mas nada a poderia demover de lhe dizer que já não queria mais estar com ele, porque durante a sua ausência se tinha apaixonado por um cavaleiro de Sua Alteza Real que usava um perfume muito bom. Nunca lho chegou a dizer, porque ao lado do corpo em carne viva de Melvin estava um pequenito frasco com um liquido rosado e um papel em que ele lhe descrevia como tinha cortado toda a pele do seu corpo em pequenas tiras e tinha feito a extracção da sua essência com álcool, para lha oferecer.
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2 comments:
amor trágico realmente...e tudo para ser no trocado no final...:S
Gore, muito gore! Requintes de sadismo, nem parece de alguém como tu! Ainda se fosse eu... Mas está engraçado. Ou talvez engraçado não seja a melhor palavra... Em todo o caso, tem o seu quê.
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