Tuesday, November 25, 2008

_____R. I.P._____

Só se apercebeu que algo estava mal, quando viu a velha senhora cair redonda para o chão. No mesmo instante uma série de olhares se voltaram para ele com uma cara reprovadora e o filho mais velho da Senhora, que agora jazia no chão, preparou o punho fechando-o com firmeza e desferiu um golpe certeiro ao seu queixo que o deixou K.O.
Quando acordou, olhou à volta e viu que toda a gente saíra da pequena igreja. Esfregando a cara dorida, do valente murro que tinha levado, pensou no que poderia ter causado tão estranha reacção.
Sabia perfeitamente que durante uma celebração fúnebre havia muitas vezes, por causa do sentimento de perda que emboía as pessoas, reacções estranhas, choros incontidos, gritos desumanos proferidos em pleno acesso de raiva por terem visto arrancada da sua vida a companhia de alguém muito querido.
Conseguia perceber, que neste caso específico, a Sra. Longbottom, que tinha perdido 2 filhos pudesse padecer de uma dor tão extrema que pudesse sofrer um desmaio, mas a reacção do terceiro filho da Sra. Longbottom era exagerada e nunca nos seus mais de 20 anos como padre, tinha sofrido tal afronta.
Afinal de contas, tinha-se preparado da melhor forma possível, informando-se de todos os costumes dos Ingleses, estudara as frases que não sabia como haveria de traduzir, treinara horas a fio o seu Inglês (que não era o seu forte) e tentara arranjar um sermão que pudesse de alguma forma aliviar a dor da Sra. Longbottom que acabara de perder os 2 filhos mais novos (gémeos por sinal) vítimas de um maníaco (também ele Inglês) que tinha perseguido a família até Portugal e aqui tinha perpetuado o hediondo crime.
A dor desta família era ainda mais agravada pelo facto de o criminoso ter esquartejado as vítimas e ter avisado a família do local onde poderiam encontrar cada uma das partes dos corpos dos seus filhos, escondendo durante mais de uma semana o local onde estavam as cabeças.
O que teria então levado àquela estranha reacção. Estava tudo a correr lindamente, já estava no fim da celebração e como era costume para os Ingleses faltava só desejar que descansassem em paz… e foi o que ele fez.
Com pompa circunstância, tinha levantado os braços, dizendo então “Rest In “ depois lembrando-se que não era apenas um o defunto, mas sim dois… aplicou o plural Peaces… afinal qual era o problema?
Estes Ingleses são mesmo malucos.

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Friday, November 14, 2008

Quase de certeza!!!



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Como quase todos nós, ele era um tipo quase feliz… quase realizado.
Desde cedo os seus pais verificaram que ele era muito esperto, quase genial. Na escola foi quase o melhor aluno da classe (apenas suplantado pelo Sérgio). Com o passar dos anos foi crescendo e verficou que era quase o mais alto da turma o que era bom para o Basquetebol, mas optou pelo futebol onde era quase o melhor marcador da escola.
Era quase o mais charmoso entre os seus colegas, quase o mais bem sucedido entre as meninas e foi quase eleito para o quadro de honra do liceu. Quando acabou o liceu quase entrou para o curso que queria, Engª Informática, mas acabou por escolher Gestão quase por acaso.
Na faculdade era um sucesso… quase o aluno mais popular entre colegas e professores. Engatou quase todas as miúdas do curso, e foi nessa altura que desenvolveu o gosto pela música e pela arte da representação. Entrou para a Tuna da faculdade e quase conseguiu o papel principal na peça que o grupo de teatro apresentou na Aula Magna.
Quando acabou o curso (com quase a melhor média do seu ano), quase conseguiu emprego numa empresa subsidiária da “American Great Insurance”, mas acabou por conseguir um emprego que, quase se podia dizer que, era mais talhado para si. Tornou-se director de uma empresa alemã que era quase a maior empresa de fabricação de componentes para automóveis.
Foi aí que conheceu aquela que quase se tornaria sua mulher. Acabaram no entanto, quase em cima da data do casamento, por decidir que apenas juntariam os trapinhos. Estiveram juntos quase 2 anos, mas ela queixou-se que era apenas quase feliz com ele e precisava de mais.
Desde esse dia tornou-se um mariola, levando uma vida desregrada no que diz respeito a amores. Quase todos os dias arranjava nova namorada e quase chegou a constituir família com uma mulher que dizia estar à espera de um filho seu. Infelizmente, quase na altura do nascimento da criança, ela acabou por confessar que aquele filho era resultado de uma outra relação que tinha acabado quase na altura em que ela o conhecera.
A sua vida nocturna levou-o a pegar outra vez na guitarra. Arranjou um grupo de “amigos” quase todos mais novos que ele e ainda editaram um CD em nome próprio que quase chegou a ser um sucesso. Quase que eram chamados para ir tocar ao vivo no programa da Júlia Pinheiro (que era quase prima da sua mãe) mas quase na hora de entrarem em palco ele deu uma tremenda queda que quase o deixou em estado de coma. Infelizmente os outros membros da banda acabaram por ir saindo (quase todos para bandas com maiores potencialidades) e o projecto acabou por morrer. Ou quase, uma vez que por várias vezes ainda tentou recomeçar tudo.
Esteve quase para se tornar o homem mais rico do país quando quase acertou nos 5 números e 2 estrelas do Euromilhões num dia de jackpot.
Nesta fase da sua vida, chegou à conclusão de que já tinha feito quase tudo, mas que continuava a sentir um vazio, quase como um buraco na sua vida. Por isso, decidiu pôr termo a uma existência que apesar de quase perfeita era no entanto banal, ou quase...
Após preparar aquela que deveria ser quase a mistura mais complexa de comprimidos para dormir engoliu a mistela. Quase vomitou com o sabor daquela porcaria.
Quando acordou no hospital o médico disse com um sorriso simpático – Então o que o levou a fazer isso??? Quase que morria.
Passados 2 dias ao sair do hospital (onde ainda fez mais 2 tentativas quase bem sucedidas para se suicidar) foi atropelado por um carro desportivo que quase parecia um Ferrari, mas não era. O condutor saiu e quase em estado de pânico verificou que ele estava quase a bater a bota. Chamou o 112, que chegou quase logo a seguir, mas já não conseguiram reanimá-lo.
Acordou junto de um velhinho que quase parecia o seu pai e viu uma fila quase interminável de pessoas que esperavam para entrar numa porta.
Perguntou então ao velhote onde estava e para que era aquela fila. Este, quase em surdina, disse-lhe
– Epá... você quase que se safava. Os médicos quase que o conseguiam reanimar, mas na realidade, você morreu. Esta é a fila para ser atendido e saber se vai para o céu ou para o inferno.
Ele olhando para a enorme fila disse
– Mas isto vai levar muito tempo até chegar a minha vez.
O velhote respondeu-lhe então num tom quase monocórdico
– Pois é… vai levar quase uma eternidade. É a isso que vocês costumam chamar Limbo, aqui chamamos-lhe "terra do quase" porque todos os que aqui estão são na realidade ou quase bons ou quase maus…
Ele apressou-se então a comentar com o velhote que lá em baixo na terra, a igreja já tinha acabado com o Limbo. O velhote perguntou quase de imediato
– De certeza???
Ele baixando a cabeça, em tom de resignação, respondeu
- Quase de certeza!

O Teu Doce Sorriso



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Com uma voz irritada ela disse
– Basta! É sempre a mesma coisa… a música está sempre à frente de tudo! Chega… eu não estou para ser a segunda na tua vida!!!
E com esta frase virou costas e saiu sem mesmo lhe dar tempo para reagir.
Nem 10 segundos depois ele repetia o mesmo gesto que ela, não sem antes pegar na guitarra acústica. Uns instantes depois estava a dirigir-se para o carro. Precisava de ir até à praia, para desanuviar um pouco na companhia da guitarra.
Parou uns segundos olhando perdido para os carros que se encontravam no parque de estacionamento do condomínio, como se estivesse à procura do seu carro, sem o ver. Só depois se lembrou que tinham tido um pequeno acidente e que a companhia de seguros tinha entregue um Peugeot como carro de substituição… ou seria um Renault?? Raios, era um carro azul escuro… que após alguns segundo conseguiu descobrir. Mas tinha que voltar a casa para buscar a chave deste carro.
Enquanto subia as escadas pensava que aquele dia estava a correr muito, mas mesmo muito, mal. Mais uma discussão parva… que tinha levado à saída da sua namorada (com intenções de não voltar)... e agora esta cena do carro.
Quando entrou em casa para ir buscar a chave do carro escorregou em qualquer coisa e para evitar cair deu uma enorme pancada com a guitarra na ombreira da porta. Ouviu-se um tremendo barulho e a caixa da guitarra ia-se quase desfazendo. Observou os danos causados com um ar assustado… “ grande mossa… resmungou dizendo meia-dúzia de palavrões em Inglês como era seu costume e olhou para o chão preparado para “matar” o que quer que fosse que tivesse causado aquela escorregadela.
Ao baixar-se verificou então que se tratava da fotografia dos dois a beijarem-se que aquela amiga dela (muito maluca … por sinal) tinha tirado num dia em que tinham ido ao cinema os três. A vontade de rasgar e maltratar o que tinha causado a escorregadela que tinha danificado a sua querida guitarra deu lugar a uma profunda tristeza porque ali estava a prova que ela se deveria ter ido embora de vez, uma vez que até tinha deixado para trás aquela fotografia de que tanto gostava.
Depois de apanhar as chaves no chaveiro e de ter guardado a fotografia no bolso da camisa saiu de casa em direcção ao carro, e à praia.
Quando entrou no carro constatou que este tinha falta de gasolina, por isso fez um desvio até à bomba de gasolina para abastecer o carro.
Quando saiu da local de pagamento viu um sujeito encostado ao seu carro, do lado oposto ao condutor, a olhar para a bomba como se estivesse a preparar-se para abastecer o carro. Mas que raio… pensou.. o que é que aquele bacano está a fazer ali?? Já vai ver!!!
Decidido, dirigiu-se para o carro e sem cerimónias abriu a porta do carro decidido a arrancar com o carro a toda a velocidade tentando não dar tempo ao homem que estava encostado ao carro de reagir e talvez ele assim aprendesse que os carros dos outros não são para nós nos encostarmos.
Tarde demais se apercebeu que o carro em que estava a entrar não era o seu, era parecido mas…
O dono do carro, que estava encostado do lado oposto a verificar qual o tipo de combustível que deveria colocar no carrinho novinho em folha que tinha acabado de comprar e não conhecia muito bem, rapidamente deu a volta ao carro e na eminência de estar a ver o seu novíssimo carro a ser roubado por um qualquer meliante, atacou desferindo um valente soco na cara dele.
Depois de esclarecido o mal entendido, entrou finalmente no carro e seguiu para a praia com a cara dorida e um lábio a deitar sangue.
Após estacionar o carro junto à praia, saiu do carro e correu para o seu local favorito, levando a guitarra na mão. Encostou-se à rocha onde costumava ficar encostado a compor as suas músicas e tirou a camisa (apesar do adiantado da hora era ainda de dia e estava-se bem em tronco nu na praia). Quando largou a camisa, do bolso caiu a fotografia que lá tinha colocado à saída de casa. Pensou no dia que estava a ter e a profunda tristeza que sentia com todos os acontecimentos das últimas horas.
E como sempre, a inspiração veio com a tristeza… Ao olhar para a fotografia, lembrou o doce sorriso dela e todas as coisas boas (e más) por que tinham passado juntos.
Os dedos da mão esquerda formaram inconscientemente um acorde de Ré na forma de triângulo (o tecto da casa) que tantas vezes tinha sido o seu refúgio (musical e não só). Os dedos da mão direita começaram a dedilhar um ritmo lento e sofrido e de repente as palavras apareceram na sua boca…
Do que eu preciso
É desse teu sorriso
O teu doce sorriso
A mudança dos acordes saiu naturalmente e a terminação em Sol menor vinha trazer a tristeza natural que sentia nesse momento.
Começou a cantar ali mesmo o refrão, e rapidamente surgiram na sua cabeça as palavras para o resto da canção.
Quando estava a acabar o 2º verso, sentiu um cheiro muito familiar. E não era o cheiro do mar… Era o cheiro dela misturado com o cheiro do mar. Olhou para cima e viu-a chegar devagarinho com os olhos ainda vermelhos de ter estado a chorar.
Ela não disse nada. Sentou-se apenas ao seu lado e com aquele doce sorriso disse:
- Canta-ma, quero ser a primeira a ouvi-la.

Thursday, November 13, 2008

Na Rádio (parte 7)



Cкачать Fergie Big Girls Don't Cry бесплатно на pleer.comA ideia era muito rebuscada, mas podia ser um sucesso. Ir verificar as filmagens das câmaras de segurança existentes nas instalações da estação de rádio. Com sorte poderia verificar quem tinha ido antes ao estúdio onde ele costumava fazer o seu programa de rádio e talvez pudesse saber quem andava a deixar lá os CD's misteriosos.
Era um processo moroso, mas com a ajuda do seu amigo Mário da secção de informática que fez uma selecção das gravações que poderiam ser interessantes, foi possível fazê-lo em apenas algumas horas. Visionados os filmes correspondentes ficavam agora 3 "suspeitos". O segurança que tinha feito turno no dia em que aparecera o 1ºCD tinha também feito turno no dia em que apareceu o 2º (era uma grande coincidência). O director da estação tinha ido ao estúdio onde Latva fazia o seu programa minutos antes dele entrar em estúdio (supostamente para o ir procurar para saber notícias sobre o locutor misterioso) e havia ainda aquela colega apetitosa que apresentava as noticias que também tinha ido ao estúdio de Latva (sem razão aparente).
Latva tinha como principal suspeito o segurança, uma vez que para ele o director era improvável e a Fergie (como ternamente chamavam na rádio à apresentadora das notícias) era uma mulher e a voz nos CD's era claramente a voz de um homem. A não ser que esta se tivesse dado ao trabalho de fazer as gravações utilizando um "devoicer".
Latva ainda pensou nisso, mas quando se recordou da maneira como a colega se tinha apresentado na última festa de passagem de ano da rádio, fazendo-se passar pela Fergie dos Black Eyed Pea, e dando um show de sensualidade e feminilidade como só a própria Fergie seria capaz, a ideia de ser ela a fazer a gravação da voz no CD desvaneceu-se por completo. Não era muito lógico este raciocínio de Latva, mas caramba... aquela mulherona que tinha posto todos os homens a babar-se ao cantar "Big girls don't cry" nunca poderia ter uma voz daquelas. Sacudiu a cabeça para afastar a imagem da sua colega loira de lábios carnudos de joelhos no chão mesmo à sua frente a cantar.
Tinha que passar à acção. Ia investigar 1º o segurança. Para já ia pedir todos os dados sobre o dito, ao seu amigo Mário da informática que tinha acesso aos currículos e processos de todos os funcionários da rádio.

Monday, November 10, 2008

Olhar para as nuvens



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E zás... era ali mesmo... o local perfeito para ensinar a minha filhota a observar as nuvens e espreitar o arco-íris.
O sítio era de acesso complicado, mas dificilmente se conseguiria encontrar um local mais apropriado. Tinha uma boa área de relva onde nos podíamos recostar e até rebolar, tinha uma certa protecção do olhar de estranhos (protecção esta, concedida pelas paredes rochosas que tínhamos descido) e sobretudo dava para uma parte do céu que estava repleta de nuvens brancas num lindíssimo fundo azul.
Deitá-mo-nos os 3 e demos as mãos. Depois comecei a explicar como se devia fazer...
- Primeiro fechas os olhos durante um bocadinho, e pensas em coisas boas. Depois abres os olhos e fixas uma nuvem, tentas ver uma forma nela, depois se essa não te lembrar nada passas para outra. Se ao fim de estares um bocado a olhar para elas não te lembrares de nada... bom... fechas os olhos de novo e recomeças a pensar em coisas boas e repetes tudo.
Ela fez uma tentativa (mesmo antes de eu ter acabado a explicação) o que me deixou (de um modo totalmente infantil) furioso. Pedi-lhe para esperar um pouquinho e acabei dizendo
- Depois situas a tua nuvem no céu para os outros poderem ver o que tu viste e antes de dizeres o que viste perguntas o que os outros vêem... ok? - perguntei eu.
Ela respondeu afirmativamente e começámos. Como sempre, ela quis ser a primeira a tentar. Fechou os olhos ficou um pouco quieta e passados uns instantes abriu os olhos, eu consegui ver o olhar dela a vaguear pelo céu até que estacou num sítio e passado apenas alguns segundos um sorriso rasgado nascia nos seus lábios. Depois com muita calma disse - já está.
Com a ajuda do indicador direccionou o nosso olhar para a nuvem que tinha visto. Depois, perguntou - o que vês tu pai?
Eu olhei, e aquela nuvem apenas me fazia lembrar um "donut" achatado, por isso, foi isso mesmo que eu disse. Ela deu uma pequena risada e depois perguntou
- E tu mãe... que vês?
Surgiu nova risadita quando ouviu a resposta da mãe que tinha conseguido ver uma chávena com asa. Finalmente ela disse...
- Eu vejo uma bóia com a forma de um pato... e aquilo que a mamã dizia ser a pega da chávena é a cabeça do pato.
Todos nos rimos, e à vez fomos dando largas à imaginação visualizando os mais diversos objectos e rindo-nos com as parvoíces que iam sendo ditas.
O tempo passou bastante depressa e rapidamente chegou a hora de ir almoçar. Elas levantaram-se e disseram-me
- Anda preguiçoso, estás quase a dormir... está na hora de ir almoçar.
Eu pedi mais uns minutos e disse que ia só tentar ver mais algumas nuvens. Ajudei-as a subir a parede rochosa e a seguir deitei-me outra vez na relva macia a contemplar as nuvens no céu. Ouvia a pequenita ainda toda exaltada a comentar com a mãe como é que era possível o pai ter visto uma guitarra numa nuvem onde elas apenas viam o formato de um pão. Ouvi ainda o riso das duas, antes de fechar novamente os olhos para tentar vislumbrar novas formas nas nuvens.
Estava a saber-me tão bem que repeti o processo bastantes vezes. A certa altura estava mestre em ver formas e objectos nas nuvens. Consegui ver outra vez uma guitarra, depois já me parecia ver a minha própria silhueta a tocá-la e com o passar do tempo o céu foi ficando carregado e comecei a ver uma multidão de cabeças que me tinham vindo ver a tocar, e mais um baterista e mais um guitarrista e um microfone e...
Acordei com o primeiro pingo de chuva que me caiu na cara. O céu estava realmente tão carregado de nuvens que tudo aquilo que eu vira estava agora a desfazer-se em chuva que começava a cair com fartura. Levantei-me e em simultâneo ouvi chamar
- Pai... papá!!!... onde estás?
E ao virar-me lá estavam elas à minha espera com um chapéu de chuva. No caminho fomos rindo novamente das tolices que tínhamos visto antes e quando chegámos a casa ela disse-me
- Sabes pai!!! foi muito fixe... mas acho que tu tens uma imaginação muito grande porque vês coisas que mais ninguém consegue ver.
Eu sorri e respondi - pois é ... acho que às vezes vejo as coisas que gostava de ver...
O local era espectacular ... e por isso ainda lá fomos muitas mais vezes. Por vezes vi as nuvens, por vezes o arco-íris e por vezes vi a relva, mas acho que ali vi sempre... um pedaço do céu.

Sunday, November 02, 2008

* 31 #



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João era o filho de uma humilde família, a família Astérixo. Diz-se que o apelido era devido ao facto de seu pai ser fã de Goscinny e Uderzo, mas na verdade deveria ser mais um daqueles casos em que a alcunha do pai de João (conhecido como Astérix por ser muito baixinho e ser dono de um proeminente bigode loiro) se tinha tornado no apelido de família.
Bem cedo, João revelou um interesse em tudo o que dizia respeito à transmissão de pensamentos, hipnotismo, telepatia e poder da mente. Quando aprendeu a ler, tornou-se um devorador de livros sobre o assunto e aos 12 anos tinha já um conhecimento profundo sobre o assunto e também algum domínio da matéria.
A sua grande oportunidade veio quando trabalhou com Luís de Matos.
Bem… na realidade trabalhar com… era uma forma de dizer, Astérixo apenas ficava na plateia a adivinhar os telefones e telemóveis das meninas que interessavam a Luís de Matos depois de este pedir à plateia inteira que pensasse no respectivo número de telefone. Só que enquanto o mestre Luís de Matos apenas adivinhava o número de uma colaboradora dele infiltrada entre a multidão, Astérixo identificava o número de toda a gente que estivesse concentrada no número de telefone.
Foi numa digressão com o célebre mágico Luís de Matos que Astérixo conheceu a sua futura esposa Eva Cardinalli. Ela era contorcionista e tinha planos para sair debaixo da alçada do seu pai, por isso, depressa arranjou maneira de se contorcer para a cama de Astérixo e passados 3 meses casava-se com ele.
Os passos a seguir foram os normais: procurar casa, arranjar um emprego “normal” e, finalmente, quando nasceu o seu filho, Astérixo era um homem radiante. Quando foi registar a criança houve alguns problemas, porque o funcionário do registo civil já estava tão farto de nomes estranhos (Astérixo, Cardinalli e sei lá mais o quê) que recusou peremptoriamente os nomes que ele trazia escritos num papel e que tinham sido acordados entre ele e a sua Eva, Tintin, Luke, Mortimer, Spirou. Ao fim de algumas tentativas Astérixo disse – Ai que me arranjaram um 31.
O funcionário já farto de ouvir estrangeiradas para o nome assim que ouviu qualquer coisa que lhe soasse mais ou menos a Português, escreveu sem hesitação Trinta e Um e assim Eva e Astérixo voltaram para casa com o seu filho Trinta e Um.
Ao fim de 3 anos, já o filhote tinha revelado também apetência para o espectáculo e Eva decidiu que iam dar o grande passo. Criaram um novo e inovador número de Identificação, onde ela utilizando as suas artes de contorcionista se ia movendo entre as várias filas de cadeiras e pedindo a diferentes pessoas da audiência que pensassem numa coisa que estivesse dentro da sua bolsa ou carteira, o filho de 3 anos apenas, utilizando telecinésia fazia os pertences dessas pessoas voarem todos para o palco, finalmente Astérixo utilizando as suas capacidades, identificava em qual dos pertences a pessoa estava a pensar.
O número tornou-se um sucesso tal que ainda hoje em dia existem operadoras de telemóvel que usam como código para identificação do utilizador o nome do célebre espectáculo Astérixo, Trinta e um, Cardinalli.
Com o passar do tempo, foram perdendo as faculdades e retiraram-se ao fim de 5 anos. João ainda voltou a trabalhar com Luís de Matos mas já se enganava muitas vezes no número de telefone e Luís de Matos já estava farto de andar a telefonar para velhas de 60 anos pensando que eram jovens de vinte e poucos. Eva ainda escreveu uma versão do Kama Sutra para pessoas com muita flexibilidade, mas foi um completo fracasso. O filho tirou um curso superior de engenharia civil e tem, hoje em dia, uma empresa de suscesso a “Trinta e Um prédios e Construções” onde já, por várias vezes, as suas capacidades resolveram alguns problemas, por exemplo, quando uma grua deixava de funcionar e era preciso levantar uma palete de tijolos para o 3º andar.