Thursday, April 13, 2006

Super's

O Super-Homem olhou o vilão com um esgar de fúria e disse entre dentes: “Jamais levarás a tua avante, bandido!” O Vilão deu uma risada de desprezo e disse “Vê-se...” enquanto contemplava o super-herói que se debatia com as grades de Kryptonite.
Movendo-se 100 metros adiante olhou com um ar quase de comiseração o milionário Bruce Wayne atado, amordaçado e despido do seu fato de Batman que se debatia totalmente incapacitado contra as correntes que o manietavam.
Mais adiante encontravam-se mais e mais super-heróis, todos eles rigorosamente incapacitados graças às fraquezas características de cada um. Já não havia nenhum defensor do bem capaz de o perturbar, sabia-o bem. Tinha sido exaustivo e um a um, mesmo sem possuir ele próprio nenhum super-poder, tinha-os incapacitado. Nem sequer era super-inteligente, só metódico.
Com um passo pausado e seguro de si mesmo saiu pela porta, preparando-se para ir fazer um “levantamento” ao banco. No edifício aparentemente abandonado ficaram os inúmeros super-heróis que se debatiam fracamente contra os obstáculos que tinham sido cuidadosamente escolhidos para aproveitar as fraquezas que contrabalaçavam os respectivos (e espantosos) super-poderes. Para piorar a questão, estava tudo completamente escuro e cada um dos não-tão-super-heróis estava acústicamente isolado, logo não se ouvia um som...
Após alguns minutos, uma pequena porta lateral rangeu enquanto se abria um bocadinho e entraram dois vultos lentamente. Tratava-se de um velhote cego e um miúdo estropiado e atrasado mental que eram avô e neto, respectivamente, e procuravam abrigo para a noite já que não tinham casa para onde ir. No escuro não viam nada e também não ouviam ruído nenhum logo procuraram tacteando um local onde descansar os ossos durante aquela noite fria.
Na sua procura de um local onde dormiram embateram com o casulo onde se encontrava isolado o Super-Homem. No entanto o cego não via nada, o mentecapto não percebia nada do que mal via e o incapacitado não se conseguia fazer ouvir... No entanto o velho já estava habituado aquelas situações e falou com calma ao rapaz fazendo com que este lhe explicasse em termos simples o pouco que conseguia ver. Depois de perceber que se encontrava um vulto em aflição dentro daquele contentor, decidiu libertá-lo, só para ajudar um alma em aflição já que não tinha o menor indício de quem era ou porque estava ali. Pouco a pouco, conseguiu guiar os movimentos do jovem por forma a libertar o pobre Super-Homem que assim que se viu livre daquela armadilha recuperou os seus super poderes. O resto foi o que seria de esperar: um herói libertou os outros e quando o Vilão voltou à base foi facilmente apanhado com todos os seus sequazes.
Tudo acabou com o mau atrás de grades desesperado por saber que todo o seu engenho, capaz de derrotar um tão grande número de super-seres, tinha sido derrotado por um velho cego e um aleijado atrasado-mental. Isto só prova que ninguém é demasiado insignificante nem ninguém é independente dos outros.

1 comment:

O_Corrosivo said...

Pois é, até os que parecem mais inadaptados e incapazes de sobreviver têm um papel importante pelo menos uma vez.
Daí a razão de estarem cá