Thursday, April 27, 2006
A lição
José Ferraz era um homem muito rico, era um dos novos ricos do jet-set nacional, a sua fortuna tinha sido avaliada em mais de 80 biliões de euros, e no entanto haviam 2 coisas que o preocupavam. A primeira prendia-se com o facto de ninguém lhe dar o devido valor porque tinha vindo de uma família pobre, não tinha títulos de nobreza, não tinha ninguém na família famoso, enfim … não tinha “pedigree”. A sua segunda preocupação era muito mais visceral e prendia-se com o seu único filho, que sendo um adolescente que tinha tudo o que queria, recusava sempre a notoriedade que a fortuna do seu pai lhe trazia. Andava mal vestido, não se preocupava com a sua aparência, escondia muitas vezes ardilosamente quem na realidade era dizendo apenas o seu primeiro nome e o nome herdado da mãe, que à maior parte das pessoas… não dizia nada, enfim fazia todo o possível para esquecer que era filho de José Ferraz.
Isso provocava desde há muito uma mágoa enorme em José Ferraz que da noite para o dia decidiu dar uma lição ao seu filho, mandando-o passar 2 dias com o seu tio lá na santa terrinha onde ambos tinham nascido, e onde o seu irmão era pastor de um rebanho com umas míseras 6 cabritas e 1 vaca. Agora é que o puto ia aprender como é bom ser rico, pensou José, e com ansiedade esperou pelo retorno do filho ao fim de 2 dias.
Domingo, quando o filho retornou, o pai quis logo saber como tinha corrido tudo. Começou logo por perguntar pelo irmão… se ainda continuava a viver aquela vidinha sem sentido, sempre a trabalhar no campo, sem telefone, sem computador, sem televisão, enfim… espicaçou um pouco o jovem para o pôr a falar.
Para seu grande espanto o rapaz contou maravilhas do sítio de tal modo que José Ferraz, (magnata das gravatas) já tinha um verdadeiro nó ao pescoço, quando finalmente apresentou os argumentos finais dizendo – então e como é que foi passar 2 dias, sem ires tomar uma banhoca na nossa piscina, sem estares umas horitas na conversa com os teus amigos pela Internet, e sem teres a tua aparelhagem topo de gama para ouvires a tua música.
O rapaz, antevendo que aquele seria o cavalo de batalha de seu pai, resolveu calá-lo rematando do seguinte modo
- Bom pai os 2 dias são realmente difíceis de esquecer, mas não por ter sentido a falta dessas coisas, porque se cá em casa tomo banho na nossa grande piscina, lá tomei banho num rio límpido fresco e maior ainda que a nossa piscina, se por outro lado não pude estar no “chat” com os meus colegas, passei largas horas a falar com o tio e os primos de coisas que me pareceram muito mais úteis e importantes do que as balelas que disparatamos no “Messenger” e finalmente quanto à música… o velho rádio do tio tem um som mesmo muito mau, mas em contrapartida, quando ele pegava na viola à noite e nos sentávamos cá fora a apreciar o céu estrelado e a cantar montes de músicas, todo o tipo de aparelhagem me parece dispensável, aliás tomei uma decisão muito importante, quero aprender a tocar viola e espero que me deixes ir passar já o próximo fim-de-semana lá com eles outra vez.
José Ferraz ficou sem fala, e durante mais de 10 anos nem quis saber do filho, que hoje em dia é um grande guitarrista numa banda internacional de grande sucesso, e que tem granjeado a Ferraz o bom nome que a sua fortuna nunca tinha conseguido.
Friday, April 21, 2006
Obra perfeita
- Não, ainda não está pronto! - disse o pintor para grande surpresa do seu grande amigo que achava aquele quadro a maior maravilha que alguma vez tinha admirado. O pintor poisou o pincel com o qual tinha dado mais uma pincelada e afastou-se contemplando a obra. - Não, falta qualquer coisa, mas não sei o quê...
O outro olhava admirado e pensava para consigo mesmo que o artista devia ter razão pois o quadro já lhe parecia perfeito antes desta última pincelada, dir-se-ia que não podia ser melhorado e, no entanto, notava-se a diferença que este último retoque tinha feito. Era mesmo espantoso que um simples gesto com o pincel podesse melhorar tanto uma obra que já parecia ser perfeita...
Pondo de lado aquela obra, como já fizera tantas vezes anteriormente, o pintor dedicou-se a outra pintura em que trabalhava presentemente. O amigo contemplou também essa e achou inegáveis a sua qualidade e a sua perfeição. O artista posou o pincel novamente e disse: - Esta está terminada. O que achas?
- Genial - respondeu o seu amigo - Acho genial. Tivesse eu posses para isso e comprava-a já!
O artista riu-se, feliz com a admiração patente no rosto do outro, arrumou os seus materiais e saíram juntos para almoçar como tinham combinado.
Cenas semelhantes a esta, foram-se passando ao longo dos anos, mudando a obra que terminava, mudando os amigos, mudando os locais, só eram constantes o artista e a obra sempre cada vez mais perfeita e sempre aparentemente impossível de melhorar.
Finalmente, chegou a altura em que, como todos os homens, o artista chegou ao fim da sua viagem. Já com mais de 80 anos, com uma vida bem vivida, uma obra vasta e internacionalmente reconhecida, com meios materias de vulto, amigos e família, querido por todos e feliz, chegou a altura de fechar a conta corrennte com a vida. Só uma obra permanecia por terminar: a sua obra mais perfeita, venerada por todos quantos tinham a oportunidade rara de a ver e que, no entanto, ele não dava por terminada. Ainda faltava uma última pincelada. Já no seu leito de morte, rodeado pela família chegada, os olhos do artista de repente abriram-se desmesuradamente e, com voz entrecortada, conseguiu pronunciar: - Já sei o que falta! Sei qual o retoque final! - E, com estas palavras finais expirou, com um sorriso nos olhos que se espelhava em todo o rosto envelhecido, deixando uma obra perfeita, indescritivelmente bela e valiosa mas, no entanto, inacabada...
O outro olhava admirado e pensava para consigo mesmo que o artista devia ter razão pois o quadro já lhe parecia perfeito antes desta última pincelada, dir-se-ia que não podia ser melhorado e, no entanto, notava-se a diferença que este último retoque tinha feito. Era mesmo espantoso que um simples gesto com o pincel podesse melhorar tanto uma obra que já parecia ser perfeita...
Pondo de lado aquela obra, como já fizera tantas vezes anteriormente, o pintor dedicou-se a outra pintura em que trabalhava presentemente. O amigo contemplou também essa e achou inegáveis a sua qualidade e a sua perfeição. O artista posou o pincel novamente e disse: - Esta está terminada. O que achas?
- Genial - respondeu o seu amigo - Acho genial. Tivesse eu posses para isso e comprava-a já!
O artista riu-se, feliz com a admiração patente no rosto do outro, arrumou os seus materiais e saíram juntos para almoçar como tinham combinado.
Cenas semelhantes a esta, foram-se passando ao longo dos anos, mudando a obra que terminava, mudando os amigos, mudando os locais, só eram constantes o artista e a obra sempre cada vez mais perfeita e sempre aparentemente impossível de melhorar.
Finalmente, chegou a altura em que, como todos os homens, o artista chegou ao fim da sua viagem. Já com mais de 80 anos, com uma vida bem vivida, uma obra vasta e internacionalmente reconhecida, com meios materias de vulto, amigos e família, querido por todos e feliz, chegou a altura de fechar a conta corrennte com a vida. Só uma obra permanecia por terminar: a sua obra mais perfeita, venerada por todos quantos tinham a oportunidade rara de a ver e que, no entanto, ele não dava por terminada. Ainda faltava uma última pincelada. Já no seu leito de morte, rodeado pela família chegada, os olhos do artista de repente abriram-se desmesuradamente e, com voz entrecortada, conseguiu pronunciar: - Já sei o que falta! Sei qual o retoque final! - E, com estas palavras finais expirou, com um sorriso nos olhos que se espelhava em todo o rosto envelhecido, deixando uma obra perfeita, indescritivelmente bela e valiosa mas, no entanto, inacabada...
Monday, April 17, 2006
Preces mudas
A criança, chocada e desesperada, ergueu as mãos para os Céus numa súplica muda. E os Anjos, comovidos, juntaram as suas preces ao irreprimível apelo da criança. Deus, incapaz de resistir aquele todo, fez um gesto... e o carrossel recomeçou a girar sem que o controlador tocasse em nenhum botão, para grande espanto deste.
Saturday, April 15, 2006
Brincadeiras
A criança saiu do seu esconderijo atrás da árovre, saltou para a frente do grande gato e gritou “BUUUU!”
O leão saltou em frente e comeu a cabeça daquele pequeno ser que o provocava.
Moral: conhece bem com quem brincas antes de brincares.
O leão saltou em frente e comeu a cabeça daquele pequeno ser que o provocava.
Moral: conhece bem com quem brincas antes de brincares.
Thursday, April 13, 2006
Super's
O Super-Homem olhou o vilão com um esgar de fúria e disse entre dentes: “Jamais levarás a tua avante, bandido!” O Vilão deu uma risada de desprezo e disse “Vê-se...” enquanto contemplava o super-herói que se debatia com as grades de Kryptonite.
Movendo-se 100 metros adiante olhou com um ar quase de comiseração o milionário Bruce Wayne atado, amordaçado e despido do seu fato de Batman que se debatia totalmente incapacitado contra as correntes que o manietavam.
Mais adiante encontravam-se mais e mais super-heróis, todos eles rigorosamente incapacitados graças às fraquezas características de cada um. Já não havia nenhum defensor do bem capaz de o perturbar, sabia-o bem. Tinha sido exaustivo e um a um, mesmo sem possuir ele próprio nenhum super-poder, tinha-os incapacitado. Nem sequer era super-inteligente, só metódico.
Com um passo pausado e seguro de si mesmo saiu pela porta, preparando-se para ir fazer um “levantamento” ao banco. No edifício aparentemente abandonado ficaram os inúmeros super-heróis que se debatiam fracamente contra os obstáculos que tinham sido cuidadosamente escolhidos para aproveitar as fraquezas que contrabalaçavam os respectivos (e espantosos) super-poderes. Para piorar a questão, estava tudo completamente escuro e cada um dos não-tão-super-heróis estava acústicamente isolado, logo não se ouvia um som...
Após alguns minutos, uma pequena porta lateral rangeu enquanto se abria um bocadinho e entraram dois vultos lentamente. Tratava-se de um velhote cego e um miúdo estropiado e atrasado mental que eram avô e neto, respectivamente, e procuravam abrigo para a noite já que não tinham casa para onde ir. No escuro não viam nada e também não ouviam ruído nenhum logo procuraram tacteando um local onde descansar os ossos durante aquela noite fria.
Na sua procura de um local onde dormiram embateram com o casulo onde se encontrava isolado o Super-Homem. No entanto o cego não via nada, o mentecapto não percebia nada do que mal via e o incapacitado não se conseguia fazer ouvir... No entanto o velho já estava habituado aquelas situações e falou com calma ao rapaz fazendo com que este lhe explicasse em termos simples o pouco que conseguia ver. Depois de perceber que se encontrava um vulto em aflição dentro daquele contentor, decidiu libertá-lo, só para ajudar um alma em aflição já que não tinha o menor indício de quem era ou porque estava ali. Pouco a pouco, conseguiu guiar os movimentos do jovem por forma a libertar o pobre Super-Homem que assim que se viu livre daquela armadilha recuperou os seus super poderes. O resto foi o que seria de esperar: um herói libertou os outros e quando o Vilão voltou à base foi facilmente apanhado com todos os seus sequazes.
Tudo acabou com o mau atrás de grades desesperado por saber que todo o seu engenho, capaz de derrotar um tão grande número de super-seres, tinha sido derrotado por um velho cego e um aleijado atrasado-mental. Isto só prova que ninguém é demasiado insignificante nem ninguém é independente dos outros.
Movendo-se 100 metros adiante olhou com um ar quase de comiseração o milionário Bruce Wayne atado, amordaçado e despido do seu fato de Batman que se debatia totalmente incapacitado contra as correntes que o manietavam.
Mais adiante encontravam-se mais e mais super-heróis, todos eles rigorosamente incapacitados graças às fraquezas características de cada um. Já não havia nenhum defensor do bem capaz de o perturbar, sabia-o bem. Tinha sido exaustivo e um a um, mesmo sem possuir ele próprio nenhum super-poder, tinha-os incapacitado. Nem sequer era super-inteligente, só metódico.
Com um passo pausado e seguro de si mesmo saiu pela porta, preparando-se para ir fazer um “levantamento” ao banco. No edifício aparentemente abandonado ficaram os inúmeros super-heróis que se debatiam fracamente contra os obstáculos que tinham sido cuidadosamente escolhidos para aproveitar as fraquezas que contrabalaçavam os respectivos (e espantosos) super-poderes. Para piorar a questão, estava tudo completamente escuro e cada um dos não-tão-super-heróis estava acústicamente isolado, logo não se ouvia um som...
Após alguns minutos, uma pequena porta lateral rangeu enquanto se abria um bocadinho e entraram dois vultos lentamente. Tratava-se de um velhote cego e um miúdo estropiado e atrasado mental que eram avô e neto, respectivamente, e procuravam abrigo para a noite já que não tinham casa para onde ir. No escuro não viam nada e também não ouviam ruído nenhum logo procuraram tacteando um local onde descansar os ossos durante aquela noite fria.
Na sua procura de um local onde dormiram embateram com o casulo onde se encontrava isolado o Super-Homem. No entanto o cego não via nada, o mentecapto não percebia nada do que mal via e o incapacitado não se conseguia fazer ouvir... No entanto o velho já estava habituado aquelas situações e falou com calma ao rapaz fazendo com que este lhe explicasse em termos simples o pouco que conseguia ver. Depois de perceber que se encontrava um vulto em aflição dentro daquele contentor, decidiu libertá-lo, só para ajudar um alma em aflição já que não tinha o menor indício de quem era ou porque estava ali. Pouco a pouco, conseguiu guiar os movimentos do jovem por forma a libertar o pobre Super-Homem que assim que se viu livre daquela armadilha recuperou os seus super poderes. O resto foi o que seria de esperar: um herói libertou os outros e quando o Vilão voltou à base foi facilmente apanhado com todos os seus sequazes.
Tudo acabou com o mau atrás de grades desesperado por saber que todo o seu engenho, capaz de derrotar um tão grande número de super-seres, tinha sido derrotado por um velho cego e um aleijado atrasado-mental. Isto só prova que ninguém é demasiado insignificante nem ninguém é independente dos outros.
Tuesday, April 11, 2006
luar...
O luar esbateu-se na janela,
lá fora estava ele
e dentro estava ela,
separados na realidade
prenderam-nos na tristeza
mas eles ganharam a liberdade
e tiveram a certeza...
Porque o amor sentido
quebrou as correntes do inferno,
e os segredos nele contidos
revelaram-se num gesto terno.
Um beijo foi atirado
e por ela agarrado,
um coração foi arrancado
e outro completado,
de humanos a anjos passaram,
e em anjos convertidos...
juntos voaram...
lá fora estava ele
e dentro estava ela,
separados na realidade
prenderam-nos na tristeza
mas eles ganharam a liberdade
e tiveram a certeza...
Porque o amor sentido
quebrou as correntes do inferno,
e os segredos nele contidos
revelaram-se num gesto terno.
Um beijo foi atirado
e por ela agarrado,
um coração foi arrancado
e outro completado,
de humanos a anjos passaram,
e em anjos convertidos...
juntos voaram...
isto não é muito o estilo do blog...mas eu gosto dele...é bonito...:P (modéstia à parte claro...)
Monday, April 10, 2006
Help!!!
Estava cansado de ser ignorado… a sua paciência estava a esgotar-se… há muito tempo esperava que alguém comunicasse com ele, mas nada.
Por isso decidiu que tinha que fazer alguma coisa, procurou entre os seus 3 melhores amigos, aliás os únicos (porque isto de amigos tem muito que se lhe diga … vale mais ter poucos mas bons), mas só conseguiu ajuda do amigo que menos inspirado era, mas nada podia fazer, tinha que pedir a sua ajuda e contar apenas com ela.
Planearam tudo cuidadosamente e passaram à realização do intrincado esquema para fazê-lo voltar a ser notado, o que aliás não era tarefa difícil.
A primeira acção resultou neste texto, e o Blog esperava agora ter chamado a atenção de todos outra vez. Escrevam-me … Escrevam-me gritava ele inconsolável!!!
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