Deus concentrou uma pequena porção da Sua Omnipresente Atenção naquele pequeno globo. Com um gesto de impaciência pensou para Si Mesmo “Não, ainda não é bem isto. Está melhor mas ainda não é isto.”
E com a Sua Poderosa Vontade apagou o resultado da experiência falhada. “Como é exigente ser Deus...” pensou Ele.
E, na Terra, uma hecatombe acabou, de novo, com a Humanidade.
Friday, June 30, 2006
Tuesday, June 27, 2006
As gotas de chuva
Lá fora a chuva caía. Distraidamente olhei pelo vidro da janela para as gotas que tombavam e traçavam padrões sobre o vidro. Desde pequeno que gostava de contemplar a chuva e os desenhos que esta criava.
De repente, pareceu-me reconhecer um padrão sobre o vidro. Curioso, aquele desenho, ao invés dos restantes, não se parecia dissolver nas gotas que caíam mas sim reforçar-se. E fazia-me recordar qualquer coisa... Concentrei-me mais naquela imagem e nas memórias que quase invocava, pondo de lado, completamente, o trabalho. Já me estava a lembrar... era criança, tinha os meus seis anitos, quando tinha visto este mesmo padrão formado pela chuva sobre uma outra janela. A imagem tinha-me marcado muito por qualquer razão que nem na altura nem agora compreendia.
Concentrei-me mais ainda, tentando trazer à lembrança aquela época da minha vida. Lá estava, lembrava-me de tudo perfeitamente, como se fosse hoje. Curiosamente feliz por me lembrar, olhei casualmente para a minha mão e constatei surpreso que estava muito pequena, sem rugas, uma mão de criança. Olhei para o que me rodeava e vi que, enquanto me abstraía de tudo para me concentrar na chuva, o ambiente que me rodeava tinha mudado drasticamente. Eu próprio tinha mudado drasticamente! Era uma criança de novo.
Claro que estava a sonhar, mas era um sonho tão bom! Durante meia-hora voltei a viver a minha vida de criança, tão feliz e sem problemas. Enquanto isso, o padrão criado pela chuva continuava na janela.
Quando estava quase a terminar a meia-hora, o padrão começou a dissolver-se. Penalizado, olhei para ele. Era um padrão tão bonito, tão agradável, não queria que se fosse embora. Quando se desvanecera completamente e descolei os olhos da janela olhei em volta e tudo mudara outra vez. Era, de novo, um homem, com os problemas dos adultos e a amargura que só a vida pode trazer. Devia ter estado a sonhar... no entanto, o sonho fora tão real, fora tão bom!
Ainda zonzo com o prazer de me ter sentido criança de novo, olhei para a secretária e verifiquei, espantado, que sobre ela se encontrava um brinquedo que reconheci de imediato: era o meu carrinho favorito, o qual tinha perdido num dia chuvoso quando tinha seis anos e nunca mais voltara a encontrar! Verdadeiramente abismado, pensei se teria sido tudo verdade. Teria eu voltado aos meus tempos de criança durante meia-hora? Que outra explicação poderia haver? Mas isso era impossível!
Ainda hoje não sei o que se passou, mas a verdade é que cada vez que chove procuro avidamente uma janela e tento descortinar aquele padrão mágico para recuperar a minha infância por mais uns instantes. Infelizmente, nunca mais o vi, mas continuo a tentar...
De repente, pareceu-me reconhecer um padrão sobre o vidro. Curioso, aquele desenho, ao invés dos restantes, não se parecia dissolver nas gotas que caíam mas sim reforçar-se. E fazia-me recordar qualquer coisa... Concentrei-me mais naquela imagem e nas memórias que quase invocava, pondo de lado, completamente, o trabalho. Já me estava a lembrar... era criança, tinha os meus seis anitos, quando tinha visto este mesmo padrão formado pela chuva sobre uma outra janela. A imagem tinha-me marcado muito por qualquer razão que nem na altura nem agora compreendia.
Concentrei-me mais ainda, tentando trazer à lembrança aquela época da minha vida. Lá estava, lembrava-me de tudo perfeitamente, como se fosse hoje. Curiosamente feliz por me lembrar, olhei casualmente para a minha mão e constatei surpreso que estava muito pequena, sem rugas, uma mão de criança. Olhei para o que me rodeava e vi que, enquanto me abstraía de tudo para me concentrar na chuva, o ambiente que me rodeava tinha mudado drasticamente. Eu próprio tinha mudado drasticamente! Era uma criança de novo.
Claro que estava a sonhar, mas era um sonho tão bom! Durante meia-hora voltei a viver a minha vida de criança, tão feliz e sem problemas. Enquanto isso, o padrão criado pela chuva continuava na janela.
Quando estava quase a terminar a meia-hora, o padrão começou a dissolver-se. Penalizado, olhei para ele. Era um padrão tão bonito, tão agradável, não queria que se fosse embora. Quando se desvanecera completamente e descolei os olhos da janela olhei em volta e tudo mudara outra vez. Era, de novo, um homem, com os problemas dos adultos e a amargura que só a vida pode trazer. Devia ter estado a sonhar... no entanto, o sonho fora tão real, fora tão bom!
Ainda zonzo com o prazer de me ter sentido criança de novo, olhei para a secretária e verifiquei, espantado, que sobre ela se encontrava um brinquedo que reconheci de imediato: era o meu carrinho favorito, o qual tinha perdido num dia chuvoso quando tinha seis anos e nunca mais voltara a encontrar! Verdadeiramente abismado, pensei se teria sido tudo verdade. Teria eu voltado aos meus tempos de criança durante meia-hora? Que outra explicação poderia haver? Mas isso era impossível!
Ainda hoje não sei o que se passou, mas a verdade é que cada vez que chove procuro avidamente uma janela e tento descortinar aquele padrão mágico para recuperar a minha infância por mais uns instantes. Infelizmente, nunca mais o vi, mas continuo a tentar...
Friday, June 23, 2006
Terror
A criança encolheu-se mais nos lençóis ao ouvir o trovão que reverberava pelo quarto, fazendo as paredes e os seus pobres nervos tremerem. Os pais bem lhe tinham explicado no outro dia que não valia apena ter medo e que não devia ir ter com eles ao quarto só por causa da trovoada. Bem lhe tinham tentado ensinar que era um fenómeno natural, que estva associado a relâmpagos e trovoadas, mas ela não ouvia chuva nem via luzes lá fora. Só aqueles trovões assustadores.
Os ameaçadores sons continuavam a ouvir-se e cada vez mais ela se enterrava nos lançóis. Finalmente, acabou por adormecer a chorar, assustada até ao terror. Passados 15 minutos, o vizinho de cima esfregou as mãos e disse para a mulher: “Vês? Eu bem te dissse que o guarda-fatos ficava melhor nesta parede!”
Os ameaçadores sons continuavam a ouvir-se e cada vez mais ela se enterrava nos lançóis. Finalmente, acabou por adormecer a chorar, assustada até ao terror. Passados 15 minutos, o vizinho de cima esfregou as mãos e disse para a mulher: “Vês? Eu bem te dissse que o guarda-fatos ficava melhor nesta parede!”
Wednesday, June 21, 2006
O caçador e o cão
O velho caçador tinha tropeçado na encosta escorregadia e tinha rebolado até o seu corpo ter sido imobilizado por um tronco de árvore. Não que ele não fosse cuidadoso, mas tinha-lhe dado aquela dor no peito... e agora sentia o resto da vida que havia nele a escoar-se para a noite gelada. Tinha a certeza que não iria escapar.
Sentiu algo molhado na face e conseguiu, com esforço entreabrir os olhos. Deu de caras com o seu fiel amigo canino que descera até ao pé do corpo do dono e lhe lambia a cara.
- Sabes, o que mais lamento é ter de te deixar - murmurou o velho - tu foste a minha companhia e toda a minha família desde que te apanhei, ainda cachorro, há 3 anos. Gostaria de passar ainda muitos anos contigo, mas não vou conseguir. Desculpa-me...
Ergueu a mão e fez-lhe uma carícia com a parte de dentro do pulso, como só ele e mais ninguém sabia fazer, aquele gesto que só ele e o seu cão conheciam e significava, para ambos, gosto de ti, sou teu. Finalmente, fechou os olhos enquanto uma lágrima lhe descia pela face e a vida abandonava, de vez, o seu velho corpo.
Ao sentir que o seu dono já ali não estava, o cão ergueu o focinho para a Lua e uivou, um uivo pleno de dor e perda, como se o mundo tivesse acabado. Depois, afastando-se um pouco escavou na neve até que os flocos projectados pelas suas poderosas patas traseiras cobriram completamente o corpo daquele que tinha sido o seu dono, enterrando-o de forma a evitar que o seu corpo servisse de pasto para os animais selvagens. Acabada essa tarefa, olhou mais uma vez para aquele túmulo improvisado e começou a correr pela neve commo se procurasse algo, como se tivesse uum objectivo sagrado.
Correu sem parar até à viória onde ele e o seu dono iam, de vez em quando, comprar comida, atravessou-a e continuou a correr sem se deter a não ser para, de vez em quando cheirar o ar. Correu dia e noite, noite e dia, só parando o estritamente necessário para se alimentar e descansar o essencial para poder continuar a correr. Passou vilas, cidades, e continuou a correr como se tivesse pressa de chegar a algum lado.
Após três dias de corrida desenfreada, chegou a uma vilória onde parou mais uma vez para cheirar o ar e, ao invés de recomeçar a sua corerria louca, parou um pouco, como se quisesse certificar-se de algo.
Com um passo decidido, dirigiu-se a uma casa, cercada por uma vedação de madeira pintada de verde, cujo portão estava aberto. Dirigiu-se até à entrada da casa propriamente dita e deitou-se no tapete. Ainda não tinham passado 2 minutos, um casal aproximou-se, falando excitadamennte e trazendo um grande embrulho. O homem tocou à porta e, de imediato, ouviram-se passos e um homem risonho abriu a porta.
- É um rapaz - disse o homem, feliz. - Temos um filho! Querem vê-lo? Entrem, são bem vindos!
Reaprando no grande cão, o dono da casa, que naquele dia não conseguia deixar de considerar tudo bom e de gostar de tudo e de todos, disse:
- Entra tu também. Arranja-se qualquer coisa para ti na cozinha. Deve querer dizer qualquer coisa teres chegado no mesmo dia em que nasceu o meu filho, o meu primeiro filho! Entra, que és bem-vindo.
Fechando a porta atrás do cão e das visitas, o homem dirigiu-se para o quarto onde estavam a sua esposa e o seu bébé, falando com os seus amigos. O cão foi atrás e, entrado no quarto, sentou-se a alguma distância do berço onde ficou parado, olhando com atenção para o pequeno ser que se agitava entre os lençóis e que pareceu também reparar, de imediato, no cão. A mãe recente, notando um pouco menos de barulho proveniente do berço, olhou para a criança, seguiu o olhar desta e viu o cão.
- De quem é auqele cão? Compraram um cão? - perguntou ela aos seus visitantes. O marido apressou-se a responder que não era esse o caso, era um cão vadio que tinha surgido à porta mas que estava a pensar em ficar com ele para brincar com o seu filhote, quando crescesse. A esposa, notando que a criança não parecia receá-lo e que ele não se aproximava do bébé, achou que tal poderia ser possível mas foi logo dizendo: - Não o quero no quarto com o bébé. Tens que arranjar uma casota para ele lá fora.
Assim, o cão foi adoptado pela família, recentemente aumentada, e foi vendo o bébé crescer, sempre olhando por ele e velando para que nada lhe acontecesse.
Quando a criança fez 8 meses, os pais, que entretanto tinnham ganho confiança no cão e já o consideravam parte da família, resolveram que era altura de deixar a criança fazer festas ao animal. Segurando a criança, aproximaram-na do grande cão e disseram-lhe que não tivesse medo, que aquele era uma amigo.
Como se nunca tivesse tido o menor receio do cão, a criança aproximou-se do animal e fez-lhe uma carícia com a parte de dentro do pulso. O cão deu-lhe uma lambedela na mão e sentou-se, feliz. Não se tinha enganado, estava em casa...
Sentiu algo molhado na face e conseguiu, com esforço entreabrir os olhos. Deu de caras com o seu fiel amigo canino que descera até ao pé do corpo do dono e lhe lambia a cara.
- Sabes, o que mais lamento é ter de te deixar - murmurou o velho - tu foste a minha companhia e toda a minha família desde que te apanhei, ainda cachorro, há 3 anos. Gostaria de passar ainda muitos anos contigo, mas não vou conseguir. Desculpa-me...
Ergueu a mão e fez-lhe uma carícia com a parte de dentro do pulso, como só ele e mais ninguém sabia fazer, aquele gesto que só ele e o seu cão conheciam e significava, para ambos, gosto de ti, sou teu. Finalmente, fechou os olhos enquanto uma lágrima lhe descia pela face e a vida abandonava, de vez, o seu velho corpo.
Ao sentir que o seu dono já ali não estava, o cão ergueu o focinho para a Lua e uivou, um uivo pleno de dor e perda, como se o mundo tivesse acabado. Depois, afastando-se um pouco escavou na neve até que os flocos projectados pelas suas poderosas patas traseiras cobriram completamente o corpo daquele que tinha sido o seu dono, enterrando-o de forma a evitar que o seu corpo servisse de pasto para os animais selvagens. Acabada essa tarefa, olhou mais uma vez para aquele túmulo improvisado e começou a correr pela neve commo se procurasse algo, como se tivesse uum objectivo sagrado.
Correu sem parar até à viória onde ele e o seu dono iam, de vez em quando, comprar comida, atravessou-a e continuou a correr sem se deter a não ser para, de vez em quando cheirar o ar. Correu dia e noite, noite e dia, só parando o estritamente necessário para se alimentar e descansar o essencial para poder continuar a correr. Passou vilas, cidades, e continuou a correr como se tivesse pressa de chegar a algum lado.
Após três dias de corrida desenfreada, chegou a uma vilória onde parou mais uma vez para cheirar o ar e, ao invés de recomeçar a sua corerria louca, parou um pouco, como se quisesse certificar-se de algo.
Com um passo decidido, dirigiu-se a uma casa, cercada por uma vedação de madeira pintada de verde, cujo portão estava aberto. Dirigiu-se até à entrada da casa propriamente dita e deitou-se no tapete. Ainda não tinham passado 2 minutos, um casal aproximou-se, falando excitadamennte e trazendo um grande embrulho. O homem tocou à porta e, de imediato, ouviram-se passos e um homem risonho abriu a porta.
- É um rapaz - disse o homem, feliz. - Temos um filho! Querem vê-lo? Entrem, são bem vindos!
Reaprando no grande cão, o dono da casa, que naquele dia não conseguia deixar de considerar tudo bom e de gostar de tudo e de todos, disse:
- Entra tu também. Arranja-se qualquer coisa para ti na cozinha. Deve querer dizer qualquer coisa teres chegado no mesmo dia em que nasceu o meu filho, o meu primeiro filho! Entra, que és bem-vindo.
Fechando a porta atrás do cão e das visitas, o homem dirigiu-se para o quarto onde estavam a sua esposa e o seu bébé, falando com os seus amigos. O cão foi atrás e, entrado no quarto, sentou-se a alguma distância do berço onde ficou parado, olhando com atenção para o pequeno ser que se agitava entre os lençóis e que pareceu também reparar, de imediato, no cão. A mãe recente, notando um pouco menos de barulho proveniente do berço, olhou para a criança, seguiu o olhar desta e viu o cão.
- De quem é auqele cão? Compraram um cão? - perguntou ela aos seus visitantes. O marido apressou-se a responder que não era esse o caso, era um cão vadio que tinha surgido à porta mas que estava a pensar em ficar com ele para brincar com o seu filhote, quando crescesse. A esposa, notando que a criança não parecia receá-lo e que ele não se aproximava do bébé, achou que tal poderia ser possível mas foi logo dizendo: - Não o quero no quarto com o bébé. Tens que arranjar uma casota para ele lá fora.
Assim, o cão foi adoptado pela família, recentemente aumentada, e foi vendo o bébé crescer, sempre olhando por ele e velando para que nada lhe acontecesse.
Quando a criança fez 8 meses, os pais, que entretanto tinnham ganho confiança no cão e já o consideravam parte da família, resolveram que era altura de deixar a criança fazer festas ao animal. Segurando a criança, aproximaram-na do grande cão e disseram-lhe que não tivesse medo, que aquele era uma amigo.
Como se nunca tivesse tido o menor receio do cão, a criança aproximou-se do animal e fez-lhe uma carícia com a parte de dentro do pulso. O cão deu-lhe uma lambedela na mão e sentou-se, feliz. Não se tinha enganado, estava em casa...
Monday, June 19, 2006
Alter-ego
Olhei para as mãos e não as reconheci.
- Estas não são as minhas mãos! - pensei - As minhas mãos não estão calejadas e envelhecidas como estas! O que me aconteceu?
Olhei em volta e vi tudo pouco nîtido. Parecia que os meus olhos não conseguiam focar como deve ser. Por entre as névoas da deficiente visão vi um brilho que me chamou a atenção. Dei ordem aos meus pés para se moverem mas eles responderam devagar, muito devagar.
Estes não são os meus pés! - pensei, outra vez - Os meus pés são lestos e não se recusam mexer-se!
Lentamente, aproximei-me do brilho, e, esforçando os olhos, consegui focar uma imagem. Era um espelho. Eu estava a olhar-me a um espelho! Mas aqule não era eu! O indivíduo que olhava para mim naquele reflexo era parecido comigo mas muito mais velho! Para aí 40 anos mais velho!
Um grito de desespero formou-se na minha garganta e comecei a gritar em pânico.
A minha esposa sacudiu-me e acordou-me daquele pesadelo malvado, devolvendo-me assim o meu corpo de homem jovem, que me pareceu soberbo...
- Estas não são as minhas mãos! - pensei - As minhas mãos não estão calejadas e envelhecidas como estas! O que me aconteceu?
Olhei em volta e vi tudo pouco nîtido. Parecia que os meus olhos não conseguiam focar como deve ser. Por entre as névoas da deficiente visão vi um brilho que me chamou a atenção. Dei ordem aos meus pés para se moverem mas eles responderam devagar, muito devagar.
Estes não são os meus pés! - pensei, outra vez - Os meus pés são lestos e não se recusam mexer-se!
Lentamente, aproximei-me do brilho, e, esforçando os olhos, consegui focar uma imagem. Era um espelho. Eu estava a olhar-me a um espelho! Mas aqule não era eu! O indivíduo que olhava para mim naquele reflexo era parecido comigo mas muito mais velho! Para aí 40 anos mais velho!
Um grito de desespero formou-se na minha garganta e comecei a gritar em pânico.
A minha esposa sacudiu-me e acordou-me daquele pesadelo malvado, devolvendo-me assim o meu corpo de homem jovem, que me pareceu soberbo...
Friday, June 16, 2006
todos dançavam...
Olhou para o lado...à sua volta todos dançavam!
Todos dançavam...
Ninguém sabia a música, ninguém sentia a música... mas todos dançavam...
Não ouviam a música...mas mesmo assim dançavam...
Porquê? Porquê fazer alguma coisa só por fazer?
Porque os outros o faziam? Porquê?
Ovelhas...Carros...Palhaços...
Tolos perdidos na ilusão de que ser igual aos outros é que importava...
De repente tudo parou...
O mestre olhou para o carrossel que fizera e viu o boneco que não subia e descia, e sem sequer parar o carrossel disse:
"Tu não és como os outros...tu não pertences aqui..."
e calmamente tirou o boneco...
PS: Não é grande coisa, mas pronto...:D
Todos dançavam...
Ninguém sabia a música, ninguém sentia a música... mas todos dançavam...
Não ouviam a música...mas mesmo assim dançavam...
Porquê? Porquê fazer alguma coisa só por fazer?
Porque os outros o faziam? Porquê?
Ovelhas...Carros...Palhaços...
Tolos perdidos na ilusão de que ser igual aos outros é que importava...
De repente tudo parou...
O mestre olhou para o carrossel que fizera e viu o boneco que não subia e descia, e sem sequer parar o carrossel disse:
"Tu não és como os outros...tu não pertences aqui..."
e calmamente tirou o boneco...
PS: Não é grande coisa, mas pronto...:D
Deathchase?
O seu corpo começava a suar com o esforço que aquelaa corrida lhe estava a exigir. Não sabia quanto mais tempo aguentaria aquela velocidade vertiginosa sem se esbarrar contra uma árvore. Os troncos passavam por ele como um borrão, toda a sua atenção focada em evitar o impacto, sempre próximo, sempre adivinhado mas, até agora, evitado.
O corpo oscilava com cada curva como se fizesse parte da sua moto, as mãos crispadas com o esforço e a concentração. E os ramos continuavam a rodopiar à sua volta, obrigando-o a dessviar-se, agora para a esquerda, depois para a direita. Começavam a doer-lhe os músculos todos com oesforço quase sobre-humano. Tinha a certeza que seria uma questão de momentos até se esbarrar, nunca conseguiria chegar ao fim daquela corrida demoníaca contra o temppo.
De repente, aconteceu. Uma curva feita um pouco menos rápido do que deveria e CRASHHHH!...
Levantou-se da cadeira, limpou as mãos do suor, bebeu mais um gole da sua Coca-Cola fresca e sentou-se de novo para começar um novo jogo.
(Dedicado ao "velho" Spectrum. O ponto de interrogação no título deve-se a não ter a certeza quanto ao nome do jogo...)
O corpo oscilava com cada curva como se fizesse parte da sua moto, as mãos crispadas com o esforço e a concentração. E os ramos continuavam a rodopiar à sua volta, obrigando-o a dessviar-se, agora para a esquerda, depois para a direita. Começavam a doer-lhe os músculos todos com oesforço quase sobre-humano. Tinha a certeza que seria uma questão de momentos até se esbarrar, nunca conseguiria chegar ao fim daquela corrida demoníaca contra o temppo.
De repente, aconteceu. Uma curva feita um pouco menos rápido do que deveria e CRASHHHH!...
Levantou-se da cadeira, limpou as mãos do suor, bebeu mais um gole da sua Coca-Cola fresca e sentou-se de novo para começar um novo jogo.
(Dedicado ao "velho" Spectrum. O ponto de interrogação no título deve-se a não ter a certeza quanto ao nome do jogo...)
Wednesday, June 14, 2006
Todos levantaram os braços
O ladrão tinha sido apanhado e encontrava-se perante todos os adultos disponíveis da aldeia (e muitas crianças) para ser julgado pela comunidade, de acordo com as tradições locais. O oficial da justiça responsável pela sua captura proclamou com a sua voz clara e vibrante:
- Ele foi visto a roubar comida a muitos de vocês. Muitos que até precisavam dela para alimentar a própria família! Não ajudou nas sementeiras ou nas colheitas e não o vimos trabalhar um dia que fosse. Os estatutos da aldeia são claros, deve ser despojado de todos os seus bens, expulso sem levar mais do que a roupa que tiver sobre o corpo. Todos os que estão de acordo levantem o braço.
E todos levantaram o braço.
Perante aquela raiva surda e unânime, o ladrão encheu-se de coragem, ergueu a cabeça e falou, com voz pouco clara mas decidida:
- Pois se me condenam, ouçam o que tenho a dizer. Quantos de vocês podem afirmar que nunca os ajudei, que nunca fui prestável? Levantem o braço, se faz favor.
E muitos braços se levantaram, apesar de haver alguns que, embaraçados, mantiveram o braço baixo.
- E quantos de vocês nunca passaram noites na praça central a ouvir-me tocar a minha guitarra, cantando comigo para se alegrarem ou para exprimirem a tristeza que vos ia no coração? Levantem os braços, por favor!
De novo se viram braços no ar mas o número de aldeões que olhavam para o lado algo embaraçados e de braços em baixo aumentou.
- Quem de entre vós nunca procurou o meu conselho e o seguiu com bons resultados? Braços para cima!
Novamente se viram braços no ar, mas o número parecia diminuir com cada pergunta.
- E nos últimos tempos, quando a minha mulher esteve doente, quantos de vocês me ofereceram ajuda para tratar dela? Vá, ergam os braços.
Ainda se viram uns braços no ar, mas pareciam perdidos na multitude de pessoas que olhavam para os pés, como se lhes custassse olhar uns para os outros.
Já com as lágrimas nos olhos o ladrão continuou.
- E quantos de vocês foram comigo ao funeral da minha querida esposa quando ela se foi? Quero ver se alguém se manifesta! Vá, levantem os braços se forem capazes!
Nem um só braço se levantou e até o oficial olhava atrapalhado para as mãos, como se não as reconhecesse.
Com a voz embargada pelo desespero, o ladrão terminou.
- Vá, exilem-me, também já aqui não há nada para mim! Vocês foram um dia meus amigos, ofereceram-me a vossa comida e a vossa bebida mas quando eu tentei fazer uso da vossa oferta chamaram-me ladrão e querem expulsar-me!
E cruzando os braços deixou um pequeno relance do homem orgulhoso que fora fulgir nos seus olhos e acrescentou:
- E quantos de vocês têm vergonha do mal que fazem?
E todos levantaram os braços...
- Ele foi visto a roubar comida a muitos de vocês. Muitos que até precisavam dela para alimentar a própria família! Não ajudou nas sementeiras ou nas colheitas e não o vimos trabalhar um dia que fosse. Os estatutos da aldeia são claros, deve ser despojado de todos os seus bens, expulso sem levar mais do que a roupa que tiver sobre o corpo. Todos os que estão de acordo levantem o braço.
E todos levantaram o braço.
Perante aquela raiva surda e unânime, o ladrão encheu-se de coragem, ergueu a cabeça e falou, com voz pouco clara mas decidida:
- Pois se me condenam, ouçam o que tenho a dizer. Quantos de vocês podem afirmar que nunca os ajudei, que nunca fui prestável? Levantem o braço, se faz favor.
E muitos braços se levantaram, apesar de haver alguns que, embaraçados, mantiveram o braço baixo.
- E quantos de vocês nunca passaram noites na praça central a ouvir-me tocar a minha guitarra, cantando comigo para se alegrarem ou para exprimirem a tristeza que vos ia no coração? Levantem os braços, por favor!
De novo se viram braços no ar mas o número de aldeões que olhavam para o lado algo embaraçados e de braços em baixo aumentou.
- Quem de entre vós nunca procurou o meu conselho e o seguiu com bons resultados? Braços para cima!
Novamente se viram braços no ar, mas o número parecia diminuir com cada pergunta.
- E nos últimos tempos, quando a minha mulher esteve doente, quantos de vocês me ofereceram ajuda para tratar dela? Vá, ergam os braços.
Ainda se viram uns braços no ar, mas pareciam perdidos na multitude de pessoas que olhavam para os pés, como se lhes custassse olhar uns para os outros.
Já com as lágrimas nos olhos o ladrão continuou.
- E quantos de vocês foram comigo ao funeral da minha querida esposa quando ela se foi? Quero ver se alguém se manifesta! Vá, levantem os braços se forem capazes!
Nem um só braço se levantou e até o oficial olhava atrapalhado para as mãos, como se não as reconhecesse.
Com a voz embargada pelo desespero, o ladrão terminou.
- Vá, exilem-me, também já aqui não há nada para mim! Vocês foram um dia meus amigos, ofereceram-me a vossa comida e a vossa bebida mas quando eu tentei fazer uso da vossa oferta chamaram-me ladrão e querem expulsar-me!
E cruzando os braços deixou um pequeno relance do homem orgulhoso que fora fulgir nos seus olhos e acrescentou:
- E quantos de vocês têm vergonha do mal que fazem?
E todos levantaram os braços...
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