Wednesday, May 31, 2006

A missão de uma vida


Sabia perfeitamente que a realização da sua vida era acabar, mas isso em nada fazia menos nobre a sua função.
Júlio que como todos os seus semelhantes, tinha este nome por na reminiscência da sua memória existir o nome do criador Jules (ou qualquer coisa do tipo), era um entre os muitos que todos os dias sentiam aquela corrente intensa mas reconfortante que os fazia aquecer, que os alimentava e que tanto prazer lhes dava.

Mas o dia estava marcado, e às 18h e 35 minutos do dia 28 de Fevereiro de 2004 quando a Sra. Poetry ligou o microondas e ouviu um estouro, já tinha chegado a hora de Júlio.
O Sr. Poetry quando chegou a casa protestou e disse- lá foi outra vez a gaita do fusível ao ar… mas antes assim… estas porcarias são baratas e nem custam muito a mudar, imagina se fosse outra parte do microondas”.

Monday, May 29, 2006

7I0


A mulher desesperada saiu do carro, aquele último ruído era a morte oficial do chaço. Achou que o seu destino era cruel ficar ali no meio de nenhures sem hipótese nenhuma de pedir ajuda a alguém, o carro ainda acusava meio depósito de combustível e o seu ex-companheiro de viagem tinha-lhe falado qualquer coisa sobre os bidons metálicos que estavam acumulados na parte de trás do carro. Antes de morrer, Ahl Mamhmed tinha-lhe dito no seu linguarejar qualquer coisa importante, mas que ela não compreendera e na sua apressada fuga dos “tuaregs” que os perseguiam, nem se preocupou em saber bem o que era. Agora isso podia revelar-se essencial, uma vez que o velho carro tinha parado definitivamente.

Saiu batendo a porta com força, como se esta tivesse alguma culpa, e abriu o capot do carro, donde apenas via sair muito fumo que parecia sair dum depósito misterioso onde apenas via escrito o seguinte número “7I0” - o que poderia ser aquilo?
Revoltada com toda a situação, dirigiu-se para a traseira do carro e com alguma violência escancarou a porta da bagageira do jipe, donde rolaram além do corpo de Ahl Mamhed, também 2 bidons metálicos. Simultaneamente sentiu uma enorme picada no pé direito e pouco tempo teve mais do que o necessário para olhar para baixo e ver um escorpião preto a afastar-se calmamente da sua sandália. Ainda o tentou pisar, mas não conseguiu.
Sentiu finalmente que todas as suas forças a abandonaram e com esse sentimento veio uma queda violenta no chão e num último lampejo de sobriedade abriu os olhos e viu mesmo à sua frente 1 dos bidons que tinha caído da bagageira do jipe e se tinha voltado ao contrário apresentando agora uma sigla que ela reconhecia “ 7I0 ” desesperada moveu a mão para esfregar os olhos, mas apenas conseguiu embater com a mão, num movimento descoordenado, no bidon que rolando apresentava agora escrito “OIL” (Banda sonora - Smoke on the water - Deep Purple)

Para(que)sitas

Ele olhou para ela e perguntou: - Vamos?
Ela aquiesceu, preparou-se e saltaram juntos... e o cão coçou-se violentamente ao sentir aquela picada conjunta das duas pulgas.

Friday, May 26, 2006

Night & Day

E, de repente, era como se o dia se tivesse apagado, a noite tivesse chegado não anunciada. Tudo era escuridão e o pânico instalou-se na sua mente.
Logo a seguir o comboio saiu do túnel e tudo voltou ao normal...

Saturday, May 06, 2006

o vortex...

Naquele rodopio incessante ele não conseguia pensar... era impossível resistir aquela força que o puxava e o empurrava para junto dos outros...
Sem pensar muito ele ia-se juntando naquela onda que os empolgava e muito pouco subtilmente os levava cada vez mais perto daquele buraco...
cada vez mais próximos...
uns dos outros...
e daquele vazio...

e de repente tudo parou...
houve um ligeiro abano e algo disse:
"pronto meninos podem retirar do vortex e acrescentar 5 microlitros de SB e depois vamos para a centrífuga..."