Saturday, July 03, 2010

A Necessidade é a mãe da Invenção!!!


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Valdemar era um tipo bestialmente infeliz. A sua relação com o seu patrão era a maior razão para essa infelicidade, mas não era a única. O patrão, de seu nome Toni Nunes, era conhecido pelos subalternos por “Ambulância” ( o que facilmente entenderão ao dizer o nome do dito em alto e bom som… pois é… parece mesmo o apito de uma sereia de ambulância ou de um carro de bombeiros) e era um homem temido pelo seu ar autoritário e diziam as senhoras uma presença intensa.
A última invenção do “Ambulância” para fazer parecer que na empresa eram todos grandes amigos, tinha sido a criação de um torneio de futebol com uma equipa de cada um dos departamentos.
Valdemar estava agora a braços com mais uma das cretinices do seu chefe, que o tinha incumbido de ser o organizador daquela farsa toda, além de ficar como treinador da equipa da direcção em que jogava o “Ambulância” e onde na realidade o próprio exercia o cargo de treinador, habituado que estava a mandar em tudo e todos.
Foi num intervalo de um dos jogos que o curso da história da vida de Valdemar se modificou. Quando se sentou na sanita da casa de banho dos balneários (local favorito para se esconder do “Ambulância”) Valdemar estava longe de imaginar que aquele era o instante fulcral da sua vida.
A enorme pressão que sentia na barriga, precisava já de ser aliviada e segundo o habitual ritual, ao mesmo tempo que soltava uma sonora rajada de gás dizia em surdina com satisfação – Este é para ti Ambulância.
Após ter satisfeito as suas necessidades, Valdemar começou a puxar a pequena tira de papel que se encontrava pendurada do contentor de papel higiénico. Para sua grande surpresa e maior irritação, verificou que apenas havia um único retalho de papel. Exclamou bem alto – Porra !!! Não há papel!!!
Bramando contra tudo e todos (mas sobretudo contra Toni Nunes que era sempre o culpado de tudo, na sua opinião) acabou por ter que se limpar, mal e porcamente, com apenas um retalho do papel higiénico. Este acontecimento fê-lo pensar que isto deveria acontecer muitas vezes a muita gente e era muito desagradável. Talvez, pensou ele, fosse possível utilizarem no final do rolo uma cor diferente no papel higiénico de modo a que qualquer utilizador soubesse que o rolo estava quase a acabar e assim pudesse de um modo prevenido procurar outra casa de banho onde ainda houvesse papel.
A ideia fermentou, várias semanas na mente de Valdemar que entretanto, farto de aturar o “Ambulância”, se despediu e em parceria com o ex-colega, e agora sócio Nando Tinto, abriu uma empresa de fabrico de papel higiénico.
A ideia foi rapidamente considerada como standard da indústria do papel higiénico e nem grandes marcas como a “Renova” puderam deixar de utilizar o que os técnicos chamavam de “degradé de Valdemar”. Desse instante em diante, Valdemar, agora conhecido como Engº Valdemar, tornou-se um homem de sucesso, inventor, e empresário do ano, deixando de ser o lambe-botas de Toni Nunes.
Ainda hoje em dia Valdemar pensa na sorte que teve em não haver papel naquela casa de banho e diz com um sorriso nos lábios a quem o quer ouvir que a necessidade é a mãe da invenção.

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