Com uma expressão de desespero a donzela lançou-se para o chão da pequena varanda e ali se deixou ficar por um pedaço, imóvel enquanto ouvia a porta da rua bater após mais uma daquelas conversas inúteis em que o egoísmo daquele com quem vivia se mostrava uma vez mais em todo o seu esplendor.
Quando deu conta da porta a fechar esticou os braços, movimento que a fez tocar em algo que a picou na mão esquerda. Com surpresa verificou que um pequeno ouriço utilizava aquele canto da sua varanda como local de abrigo.
Ficou imóvel à espera que ele desfizesse a sua barreira intransponivel de espinhos e quando ele o fez disse-lhe em voz doce e em tom de desabafo. – “Tu é que tens sorte... estás protegido”.
Para grande espanto seu o ouriço respondeu-lhe – “ mas com isso ninguém se aproxima de mim” ela após superar a fase inicial de surpresa começou a falar com ele. E rapidamente verificaram que havia uma química muito especial entre eles.
Todos os dias ela se ia deitar junto do seu ouriço e falavam, falavam horas perdidas sobre tudo o que lhes vinha à cabeça. Ela ensinou-lhe tudo aquilo que ele nunca experimentara dada a sua condição de ouriço e ele em contrapartida ensinou-lhe o que é a paixão, porque de qualquer coisa que falassem ou fizessem ele fazia-o com paixão, algo que ela já não sentia nem via há muito tempo.
Os dias, os meses e os anos foram passando com esta estranha relação sempre a crescer (com os seus altos e baixos como é óbvio) até que um dia a donzela chegou ao pé do ouriço e lhe disse – “vou deixar de vir aqui ter contigo... vai-me custar muito ao inicio, mas é melhor”, o ouriço sem saber porquê e sem capacidade de resposta fez o que sempre fazia para se defender de algo que o magoava e eriçou a sua barreira espinhosa.
A donzela ainda procurou saber se ele estava bem, mas de dentro de casa ouvia-se a voz daquele com quem ela vivia dizendo – “rápido ... vamos”. Ela saiu deixando a casa completamente vazia e o pobre ouriço completamente desamparado.
Nos primeiros tempos ele ficou fechado até que começou a pensar nas muitas coisas que ela lhe tinha ensinado e como o mundo lá fora podia ser muito bonito, por isso ao fim de uma semana decidiu “baixar guarda” e sair daquele espaço.
Com um impulso lançou-se da varanda para o chão e contente com a sua decisão começou a caminhar em direcção ao sol.
O condutor do carro nem viu o que tinha pisado. Somente quando chegou a casa à noite e estacionou o carro na garagem da sua nova moradia viu que havia marcas de sangue nos pneus e os restos de um corpo estropiado. Só aí se apercebeu que tinha atropelado um ouriço e pensou que aquela bicharada devia manter-se no sítio deles e não vir passear para o meio da cidade onde há sempre tanta coisa a acontecer.
Quando deu conta da porta a fechar esticou os braços, movimento que a fez tocar em algo que a picou na mão esquerda. Com surpresa verificou que um pequeno ouriço utilizava aquele canto da sua varanda como local de abrigo.
Ficou imóvel à espera que ele desfizesse a sua barreira intransponivel de espinhos e quando ele o fez disse-lhe em voz doce e em tom de desabafo. – “Tu é que tens sorte... estás protegido”.
Para grande espanto seu o ouriço respondeu-lhe – “ mas com isso ninguém se aproxima de mim” ela após superar a fase inicial de surpresa começou a falar com ele. E rapidamente verificaram que havia uma química muito especial entre eles.
Todos os dias ela se ia deitar junto do seu ouriço e falavam, falavam horas perdidas sobre tudo o que lhes vinha à cabeça. Ela ensinou-lhe tudo aquilo que ele nunca experimentara dada a sua condição de ouriço e ele em contrapartida ensinou-lhe o que é a paixão, porque de qualquer coisa que falassem ou fizessem ele fazia-o com paixão, algo que ela já não sentia nem via há muito tempo.
Os dias, os meses e os anos foram passando com esta estranha relação sempre a crescer (com os seus altos e baixos como é óbvio) até que um dia a donzela chegou ao pé do ouriço e lhe disse – “vou deixar de vir aqui ter contigo... vai-me custar muito ao inicio, mas é melhor”, o ouriço sem saber porquê e sem capacidade de resposta fez o que sempre fazia para se defender de algo que o magoava e eriçou a sua barreira espinhosa.
A donzela ainda procurou saber se ele estava bem, mas de dentro de casa ouvia-se a voz daquele com quem ela vivia dizendo – “rápido ... vamos”. Ela saiu deixando a casa completamente vazia e o pobre ouriço completamente desamparado.
Nos primeiros tempos ele ficou fechado até que começou a pensar nas muitas coisas que ela lhe tinha ensinado e como o mundo lá fora podia ser muito bonito, por isso ao fim de uma semana decidiu “baixar guarda” e sair daquele espaço.
Com um impulso lançou-se da varanda para o chão e contente com a sua decisão começou a caminhar em direcção ao sol.
O condutor do carro nem viu o que tinha pisado. Somente quando chegou a casa à noite e estacionou o carro na garagem da sua nova moradia viu que havia marcas de sangue nos pneus e os restos de um corpo estropiado. Só aí se apercebeu que tinha atropelado um ouriço e pensou que aquela bicharada devia manter-se no sítio deles e não vir passear para o meio da cidade onde há sempre tanta coisa a acontecer.