Thursday, September 25, 2008

Na Rádio (parte 4)


O resultado era francamente mau, aliás como Latva já esperava.
Fez mais algumas tentativas até ter que ir para a rádio e mesmo antes de sair pediu à sua companheira para ouvir o que ele tinha feito, dizendo-lhe no entanto que tinha aparecido um 2ºCD e que aquela era a 1º faixa.
Esperou pela sua opinião e o que ouviu foi a pior notícia dos últimos tempos, a companheira de Latva disse, sem sequer levar muito tempo para pensar na resposta.
- Este está muito, mas mesmo muito, pior. Nem parece feito pela mesma pessoa. Eu se fosse a ti não passava isto.
Latva saiu destroçado a caminho da rádio. Tinha apenas mais 3 dias até ter que arranjar um CD pelo menos tão bom como o 1º, ou pelo menos não tão mau como aquilo que ele estava a conseguir fazer.
Durante o seu programa foi avisando exaustivamente que precisava de mais um CD porque havia um programa já daí a 3 dias. Na esperança que a pessoa que fizera o 1º se desse a conhecer apresentando outro, e ao mesmo tempo tentando manter o mistério à volta daquele programa.
Nessa noite nem conseguiu dormir bem com pesadelos sobre o CD misterioso e no dia seguinte quando foi chamado ao estúdio para gravar e ouvir a versão dos Xutos para o anúncio do programa surpresa, nem sequer conseguiu apreciar convenientemente o que era estar ao pé daqueles bacanos. Nem sequer uma única conversazita teve com o Cabeleira que era sempre o mais expansivo, ao contrário do que as pessoas pensavam.
Finalmente chegou o dia (ou melhor dizendo) a noite em que o "Conta-me histórias daquilo que eu não ouvi" ia para o ar.
Desesperado encaminhou-se para o estúdio com uma série de material muito fraco que tinha vindo a tentar fazer e reunir, mas estava já perfeitamente decidido a terminar com aquela farsa toda.
Quando se sentou à mesa e pôs os auscultadores para dar uma última passagem no seu CD reparou no entanto que existia um CD em cima da mesa. Exaltado e excitado como uma criança pequena tirou-o com dificuldade da caixa colocou-o no leitor e começou a ouvir o "Always with me always with you" do Satriani, mas não ouviu voz nenhuma, fez avançar a velocidade dupla para a 2ª faixa e mesmo no fim... felizmente... lá estava um pequeno texto muito engraçado que contava como teria sido a entrada do Satriani no mundo da música. Espectáculo... nem esperou mais ... chegada a hora, pôs o CD a rolar e nem se preocupou com o que vinha a seguir. Ficou apenas deleitado a ouvir.
Estava salvo. Até quando??
Estava a ficar muito cansado fisicamente e psicológicamente. Não era propriamente cansado de ouvir aqueles CD's, muito pelo contrário. Estava era a ficar cansado de estar dependente de algo que ele não controlava.

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