Monday, September 15, 2008

Compras no supermercardo



Todos os domingos que se dirigiam àquele supermercado, se passava a mesma coisa.
Ele antes mesmo de pensar em qualquer outro tipo de compra ia directamente ao corredor onde sabia que iria encontrar o produto que há tanto tempo desejava experimentar. Ela em contrapartida partia para o sítio mais longe que pudesse arranjar dali para tentar evitar o cerimonial do costume.
Mas nem 15 minutos passavam até ele aparecer ao pé dela com aquele olhar malandro. Depois na mão, lá estava claro o spray.
Ele piscava-lhe o olho como que a pedir baixinho, enquanto ela franzindo a testa fazia que não com a cabeça, depois ele insistia mais uma ou duas vezes indo de seguida colocar a lata no devido lugar e voltava para junto dela para acabar as compras sem dizer mais nada.
Neste dia no entanto, após esta rotina toda ele voltou para ao pé dela e disse-lhe.
- Vá lá. Não percebo porque é que não havemos de experimentar… tu no fundo também queres… ia ser tão bom.
Ela rapidamente fez sinal colocando o dedo junto da boca para lhe indicar para falar mais baixo dizendo.
- Estou farta de dizer que não quero que fales desses assuntos aqui … a falares tão alto…alguém pode ouvir. Já disse que não… é não.
Ele voltou a atacar dizendo,
- Olha, o Vítor meu colega de trabalho diz que já experimentou e agora não querem outra coisa ele e a mulher. Diz que se nota bem a diferença para o que era sem produto.
Ela mais uma vez envergonhada, porque entretanto com a excitação ele já tinha levantado a voz de novo, voltou a dizer
- Não… e não… Não quero passar pela vergonha que já foi da outra vez que levaste os outros apetrechos e na caixa de pagamento além da empregada, todo o resto da gente ficou a olhar para nós … as pessoas sabem bem para que é que serve isso…sabes?
Ele recorrendo a toda a sua capacidade de argumentação retorquiu
- Se sabem é porque também utilizam!!! Caramba… é só um lubrificante!
Ela apesar de semiconvencida por este argumento continuou a negar
- Não, é não.
Ele farto daquilo tudo amuou, e permaneceu calado enquanto faziam o resto das compras. Não conseguia perceber porque é que ela não haveria de ceder ao pequeno capricho de utilizarem o lubrificante que ele há tanto tempo desejava.
Enquanto arrumavam as compras na bagageira do seu velho carro, disse-lhe para finalizar
- Ainda és mais picuinhas que eu com a porcaria do carro, afinal isto é um chasso velho como o raio e qual era o mal de comprar aquele lubrificante extra para dar uma polidela no carro. Olha eu pessoalmente estou-me a borrifar para o que as pessoas pensam ou não sobre o meu carro.
É velho, mas está estimado. E essa tua mania de dizeres que sentiste vergonha porque eu trouxe aqueles faróis exteriores berrantes… afinal de contas agora que estão montados também os adoras.

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