Monday, September 08, 2008
Construí este jardim para nós
D. Guilherme de Bolota era um nobre senhor da côrte real e tinha a seu cargo o comando da longínqua terra de Al Buba ADir.
Quando finalmente tomou o seu lugar no palácio da cidade foi contemplado pela visita da formosa princesa(agora sem reino) Arabel que vinha prestar vassalagem ao novo Senhor.
Tudo se modificou quando D. Guilherme viu Arabel e esta o enfeitiçou fitando-o com os seus belos olhos da cor do mar.
A partir desse instante D. Guilherme era de Arabel.
No entanto, nos primeiros tempos Arabel foi submissa a D. Guilherme. Arrojada como uma personagem de um qualquer conto erótico de Henry Miller ela satisfez os mais loucos desejos de Guilherme nunca pedindo nada em troca senão a atenção e o sorriso do seu Senhor.
Com o passar dos tempos Arabel acabou por se tornar a "mulher" de Guilherme, apesar de não serem esposos, uma vez que D. Guilherme tinha deixado esposa e filhos na sua terra.
Os primeiros pedidos de Arabel prendiam-se sobretudo com riquezas... jóias para ornar as suas vestes, fios de ouro para usar, moedas para poder comprar bons perfumes e essências. D. Guilherme tudo lhe deu, privando-se inclusive a si mesmo o prazer de alguns luxos para poder satisfazer o mais pequeno pedido de Arabel.
De seguida Arabel achou que o palácio estava sempre muito triste e pediu ao seu Senhor que enchesse o palácio de música. D. Guilherme contratou centenas de músicos para que em cada sala, em cada canto, houvesse o som de uma cítara ou de uma lira a encher o espaço por onde Arabel se meneava sensualmente.
De seguida Arabel queixou-se ao seu Senhor do cheiro que a incomodava quando passeava por certas áreas do palácio. O bom homem mandou encher todo o palácio de flores cheirosas que todos os dias eram renovadas.
Mesmo assim Arabel sempre mais exigente pediu a Guilherme um jardim onde pudesse disfrutar do aroma das flores frescas. Perante a resistência de D. Guilherme que já estava completamente submergido pelos pedidos de Arabel até ao ponto de descurar as suas obrigações para com o reino, ela sugeriu que a partir daí se poderiam encontrar no jardim para se amarem entre as flores e os aromas exóticos das plantas que queria que fossem plantadas no seu jardim.
Passados 2 dias, D. Guilherme chegou ao pé de Arabel e pediu-lhe para o seguir e com o abrir de uma porta recentemente construída, mostrou-lhe o esplendoroso jardim que tinha contruído dizendo-lhe "Construí este jardim para nós". Pegando-lhe na mão levou-a a passear no meio de um sem número de plantas exóticas com aromas de encantar e foi no meio de um tufo de margaridas sob a sombra de um chorão que a deitou e amou pela última vez.
Pela última vez, porque, de seguida Arabel confessou a D. Guilherme que já estava a ficar um pouco farta de um homem que lhe satisfazia todos os desejos sem reclamar e por isso pediu-lhe se poderia introduzir no castelo uma série de jovens militares do exército com quem ela se pudesse "divertir".
D. Guilherme com o coração completamente destroçado por mais um pedido e desta feita tão singular fez mais um esforço para lhe agradar.
Por isso, no dia seguinte entravam no palácio 12 jovens militares todos garbosos, musculados e viris que foram até à presença de Arabel cumprindo uma vez mais o seu pedido.
De seguida e sem hesitação cortaram a cabeça de Arabel como lhes tinha sido ordenado por D. Guilherme.
O nobre e honrado homem morreu alguns anos depois com a certeza no entanto de ter cumprido todos os pedidos da sua amada.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment