Wednesday, September 03, 2008

Na Rádio (parte 1)



Tudo começou no dia em que Karol Latva que ia fazer a emissão das 2 da manhã na estação de rádio onde trabalhava, encontrou um CD não identificado em cima da sua mesa (coisa impossível para um homem tão organizadinho como ele).
Faltavam cerca de 15 minutos para o começo do seu programa a que chamava “O Som do Sonar” por isso, tinha ainda tempo para ouvir um pouco do CD e identificá-lo para o arquivar.
Colocou os auscultadores na cabeça e cortou o som de saída da mesa. Começou por ouvir as primeiras notas de uma música que facilmente reconheceu “Breathe in breathe out do Mat Kearney”, mas passados alguns segundos (poucos … talvez 5 ou 6) começou a ouvir uma voz grave que começou a contar uma história utilizando a música como fundo. Não reconhecia aquela voz, mas era melódica pausada, enfim… radiofónica.
A história era uma espécie de alegoria à vida e estava espantosamente escrita, narrada e adaptava-se como uma luva à música. A narração era pausada e falava de alguém que um dia se tinha esquecido de respirar estava inteligentemente escrita e era mordaz, o que lhe agradou logo. Não resistiu a ouvir mais um pouco.
Com o fim desta faixa começou uma segunda música que também rapidamente identificou “Smokers outside the hospital door dos The Editors”, ficou surpreendido quando no instante em que esperava começar a ouvir a voz do Tom Smith a cantar “Pull the blindfold down” ouviu novamente a voz do misterioso locutor que desta feita começou a narrar um pequeno conto sobre um enfermeiro e um moribundo que o confundira com Deus, esta história não era nem cómica, nem mordaz, mas era impressionante . O resultado final daquela mistura de voz com a história e a música eram infernais… viciantes e se não calha o seu assistente ter avisado que entrava no ar dentro de 1 minuto, era muito bem capaz de ter dado a maior barraca da sua história radiofónica.
Às 3h00 quando acabou o seu programa pegou no CD e no caminho para casa “devorou” o resto do CD, as músicas apesar de em grande parte até já não serem novidade para as ondas hertzianas (ele próprio já tinha passado bastantes delas no seu programa) estavam muito bem escolhidas e os restantes contos eram espectaculares.
A variedade dos temas e a maneira como estavam tratados era muito invulgar e o resultado final era realmente viciante. Tão viciante que depois de ter chegado a casa passou o resto da noite a ouvir vezes sem conta aquela hora de música e palavras. E ao fim de ouvir o CD umas 7 vezes decidiu que iria passar aquele CD na íntegra no seu programa e verificar qual o resultado perante os seus ouvintes habituais.
Às 2h00 do dia 9 de Maio iniciou o seu programa dizendo apenas
- ouçam só isto… não sei quem o produziu, não sei quem fez a escolha das músicas, nem quem escreveu os textos, mas tenho que partilhar convosco. Mandem-me a vossa opinião e comentários para som.do.sonar@rs.fm - fez uma pausa e disse
- e para aquele que me colocou o CD em cima da mesa ontem à noite … amaldiçoado sejas que não consigo deixar de ouvir esta cena e estou avidamente à espera de mais.
Às 2h12m já o departamento de informática da rádio tinha dado ordem para mandarem abaixo o servidor de e-mail porque estava completamente bloqueado por e-mails a pedirem a Latva para passar mais daquilo.

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