Friday, January 23, 2009

Fazer Estrelas

Esto va dedicado a una chica portuguesa que se queda en barcelona!!!


Download Biffy Clyro Folding Stars for free from pleer.com“Estudante deslocada em Barcelona, para bolsa de mestrado, precisa de alojamento em casa perto da universidade. Sou simpática, mas adoro ouvir música rock bem alto até altas horas da noite, quando estou chateada uivo à luz do luar. Naqueles dias do mês costumo esgatanhar sofás e cortinados com as unhas. O meu hobby favorito é fazer estrelas de papel.”
O pequeno anúncio tinha despertado a minha atenção não propriamente por causa de todas aquelas baboseiras que eram ditas, mas especificamente por causa do hobby. Eu próprio era um fã acérrimo do origami e adorava ver o que ela tinha para me mostrar de novo.
Respondi imediatamente ao e-mail e esperei o resultado, que chegou 5 minutos depois com a mensagem: “Sábado à tarde estarei aí!”
Até sábado tive todo o tempo do mundo para preparar o quarto de hóspedes para a nova moradora. Para isso tive que desalojar os 2 cães, 3 gatos e outros animais que pernoitavam habitualmente naquele quarto.
Sábado às 15h43m alguém tocava à minha campaínha. Não estava definitivamente preparado para a visita da nova inquilina. Não era propriamente um assombro de mulher, mas tinha toda uma mística gótica na maneira de vestir, de se maquilhar e até de olhar que me agradou muito. E apesar de parecer um pouco uma fadinha, era sem sombra de dúvida uma mulher interessante.
Fomos desenvolvendo uma grande amizade, mas desde cedo confirmei que todas aquelas tolices que estavam escritas no anúncio não eram nada mais do que precisamente tolices, uma vez que ela levava uma existência pacata, sem uivos, sem música alta e os cortinados e sofá que estavam no quarto continuavam intactos. Havia apenas uma parte do anúncio que ainda permanecia um mistério e que se prendia com o origami. Todos os dias a seguir ao jantar ela subia para o seu quarto e dizia “Now I will be folding stars, so see you tomorrow”. Após este breve adeus, subia e ouviam-se durante uns 20 minutos uns ruídos estranhos. Soavam vozes e a televisão exibia sempre uma interferência intensa perdendo a imagem.
Ao fim da 2ª semana já tinha conseguido que me explicasse como fazia as suas estrelas de papel. Tinha uma técnica impressionante, e as estrelas feitas por ela pareciam ter um brilho especial, mesmo quando feitas a partir de um qualquer papel velho que encontrasse.
Um dia disse-me que era uma fada das estrelas e perguntou-me se queria ir fazer estrelas de papel com ela. Claro que aceitei
E nesse dia aprendi tudo sobre fazer estrelas de papel...mas não só. Aprendi a dar-lhes o brilho necessário para brilharem à noite, aprendi a acendê-las e mandá-las para o céu. E sentado no parapeito da janela (com as pernas viradas para fora da janela) aprendia a contar todas as estrelas e falar com cada uma delas. Senti-me verdadeiramente nas estrelas.
O anúncio que aparecia no jornal dizia :
“Estudante deslocado em Liverpool, para bolsa de mestrado, precisa de alojamento em casa perto da universidade. Sou simpático, mas adoro ouvir música bem alto até altas horas da noite. Rabujo por tudo e por nada. Após uma boa noite de sexo gosto de uivar à luz do luar e costumo deixar sempre a casa de banho suja após tomar banho. O meu hobby favorito é fazer estrelas de papel.”
A jovem que o leu, não pôde deixar de sorrir. Decidida, anotou o e-mail para onde deveria enviar a confirmação de que estava disposta a alugar um quarto da sua casa àquele maluco

Wednesday, January 21, 2009

É só uma questão de boa educação.


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Com delicadeza, o homem repetiu o agradecimento:
- Muito obrigado por fazer este serviço por mim!
De novo, sem resposta, e relembrando as regras de boa educação que a sua querida mãe lhe tinha incutido repetiu mais uma vez,
- Muito obrigado. Ajuda-me bastante!
Como não ouviu resposta nenhuma, começou a fechar a porta com suavidade mas uma vez mais, e antes de a fechar completamente, tentou um último agradecimento dizendo lá para dentro
- Muito obrigado.
O silêncio foi quebrado apenas pelo “click” que a porta fez ao fechar-se.
Irritado, disse bem alto
- És muito mal-educada Candy.
Dito isto, rodou o botão e ligou a máquina de lavar roupa no programa 2.

Wednesday, January 14, 2009

Um último mergulho




Via-se pelas feições que a mulher que estava a falar, devia ter sido muito atraente quando nova. Com uma voz doce e melodiosa perguntou – “O que queres em troca?”
Pedro respondeu prontamente – “Um último mergulho”
A mulher abanou a cabeça em sinal de negação ao mesmo tempo que lhe dizia que isso não podia ser.
Ele insistiu – Vá lá… um último mergulho.
Ela momentaneamente reviu toda uma vida e todos os acontecimentos que os tinham trazido até ali.
O modo como Pedro se tinha iniciado na arte de pescador de pérolas quando para a salvar de um afogamento certo mergulhou e permaneceu debaixo de água por mais de 2 minutos até conseguir avistar o corpo dela. Com esta descoberta veio a noção de que poderia mergulhar e suster a respiração durante tempo suficiente para apanhar as tão desejadas pérolas.
Recordou como depois, a saúde de Pedro se tinha degradado com os longos períodos de apneia, e o modo como as descompressões mal feitas tinham resultado num estado de semi-senilidade.
Recordou também o dia em que lhe foi negado definitivamente o direito de mergulhar após o “enésimo” mergulho em que teimava ter visto uma sereia no fundo do mar e tentava a todo o custo que quem com ele mergulhava ficasse lá em baixo à espera para ver a sereia.
A alucinação recorrente foi ignorada durante algum tempo porque Pedro era sem sombra de dúvida o melhor pescador de pérolas da região. Mas após alguns sustos que os outros pescadores apanharam, quando Pedro os agarrava e tentava manter debaixo de água para que pudessem ver a sereia, foi proibido de mergulhar.
E recordava um passado bem recente em que apenas ela visitava Pedro e ficava com ele ajudando nas tarefas do dia a dia. Ele em sinal de agradecimento fazia questão de lhe dar pequenas pérolas, quase sem valor, que se encontravam espalhadas por toda a cabana.
Nesse dia cedeu. Não sabia muito bem porquê.
Seria pelo brilho no olhar de Pedro ? Seria pela melodia que ele entoara enquanto ela lhe fazia a cama? Seria pelo abraço apertado que ele lhe dera? Seria pelo beijo ardente que só ele sabia dar? Ou seria apenas porque já estava cansada de todos os dias o ouvir pedir que o ajudasse a realizar o seu último desejo de mergulhar? O que quer que fosse… foi. E ela cedeu.
Por isso, nesse dia combinou com Pedro que ao entardecer iria com ele até à praia e que mergulharia com ele. Teria que ser um mergulho curto e não muito profundo porque ela não tinha a mesma capacidade de reter a respiração que ele (que apesar de já estar muito debilitado, era ainda capaz de estar pelo menos 1 minuto sem respirar).
À hora combinada subiram os dois para a rocha mais afastada da praia, local de onde Pedro se costumava lançar quando ia pescar pérolas. Saltaram e mergulharam na água fria.
Pedro levou-a a ver o seu local favorito debaixo de água, nadando entre plantas aquáticas e corais. Finalmente quando se apercebeu que estava a chegar a altura em que deveriam sair da água (cerca de 1 minuto) fez-lhe sinal com o polegar indicando que deveriam começar a subida para a superfície.
Quando olhou para Pedro com o polegar esticado indicando a superfície, ela não o viu a ele, mas viu um ser esbelto, com tronco de homem e cauda de peixe que lhe sorria, um tritão… e foi ela que o agarrou e o puxou para baixo para poder ficar com ele.