Monday, September 11, 2006

Desventuras de um semi-Deus

Parte 1 - Acho que Deus pode explicar!!!

O ornamento que usava no extremo superior da cabeça mostrava que tinha finalmente acabado a formação e se tinha tornado um semi-Deus. Não era de modo nenhum o melhor do curso, mas isso já ninguém precisava de saber. Das pequenas asneirolas que tinha feito durante a aprendizagem, ninguém sabia a não ser o Mestre “doG” e este não era homem para ir contar… bem talvez aquela em que tinha posto 2 seres primitivos naquele pequeno gobelet de experimentação e tanta asneira fizera que no fim doG teve que queimar tudo, lavar muito bem, para poder recomeçar.
A ele custou-lhe muito porque já se tinha afeiçoado aos dois seres pequeninos… até já lhes tinha dado nome… madA e evE. Tiveram que ser sacrificados por culpa dele. Nem se queria lembrar disso.
Depois disto, doG tinha achado por bem não permitir uma interacção tão grande entre os aprendizes e as espécies que usavam para os testes. A única maneira de saber o que se passava naquela pequena porção de terra era através do incrível sistema de lupas que doG tinha instalado. O único problema era que cada vez que usava a lupa para espreitar os pequenitos seres pelos quais era responsável, o sistema de lupas fornecia uma quantidade de calor tão grande (efeito semelhante ao de um raio de sol ao passar por uma lupa) que 5 segundos a olhar para qualquer coisa lá em baixo conduzia a um aumento da temperatura da ordem dos 200ºC quase instantâneamente. Isso era incomportável com as espécies que utilizavam.
Agora que acabara a formação e estava já na fase de estágio para se tornar responsável por um pedaço do território que doG administrava há muito tempo, tinha que dar o seu melhor. O seu estágio era tomar conta de uma pequena bola (povoada por alguns biliões de criaturas minúsculas) que doG apelidara de “Cato”. O seu grande problema era que a natureza daquela pequena espécie envolvia 2 géneros diferentes que convencionalmente chamavam de “macho”e “fêmea”, e as fêmeas eram muito belas. Pelo menos pelo que lhe era dado a ver, visto que nunca tinha conseguido olhar mais do que 5 segundos para uma delas, antes desta arder completamente e se tornar apenas em mais um borrão cinzento. Encontrava-se por isso num grande dilema. Por um lado queria espreitar aquele ser tão cobiçado, observá-las a moverem-se, falar com elas, por outro lado mais do que 2 ou 3 segundos a fazê-lo poderiam ser fatais para elas, era uma situação complicada, mais ainda agora que estava completamente obcecado por uma que permanecia num pequeno terreno situado no meio de um liquido azul, mas que parecia manter-se a flutuar. Essa era a sua predilecta chamava-lhe romA e vivia obcecado com a dualidade em que vivia. Observá-la e causar-lhe a morte ou nunca mais a espreitar e deixá-la viver a sua vida e morrer ele com aquele aperto que sentia no seu jovem coração apaixonado?

Thursday, September 07, 2006

Vencer o Medo

Desta vez ia conseguir! Tinha tentado diversas vezes mas unca tinha tido coragem suficiente. Sempre que via aquela curva aproximar-se um medo avassalador de se despistar apoderava-se dele e, instintivamente, diminuía a pressão do pé direito sobre o acelerador. Acabava por realizar a curva com menor velocidade o que o fazia perder o tempo suficiente para lhe roubar a hipótese de bater o recorde do circuito. Mas desta vez ia conseguir. Tiha que conseguir! Era já motivo de troça entre a família, amigos e adversários o medo que tinha daquela curva. Sabia bem que era o mais rápido no resto do circuito, mas ali perdia sempre mais tempo do que os outros... mas desta vez não ia ser assim!
Viu a curva aproximar-se e concentrou-se, mais ainda, na condução, resolvido a não abrandar mais do que o estrictamente necessário. A curva aproximou-se a uma velocidade vertiginosa mas ele não cedeu ao medo. Manteve o controlo sobre o carro e sentiu-se certo de que ia conseguir. Sentiu, então, uma sensação de libertação, a euforia de ter vencido o medo. Era como se estivese a flutuar nas nuvens, uma confiança infinita nas suas capacidades, uma libertação dos constrangimentos terrenos, uma vitória sobre o mundo físico.
Quando os socorros retiraram o cadáver dos destroços do fórmula 1, no fundo da ravina, o rosto destruído ainda apresentava vestígios de um sorriso...