Tuesday, January 31, 2006

A Luz



Guidinha era nos seus 4 anos e meio, uma miúda inteligente, decidida, independente e destemida. Por isso quando o seu pai lhe ralhou, por ter mexido no computador, ficou muito ofendida e ripostou “mas, pai… eu sei mexer no computador”. O pai calmamente mas displicente disse: “Sim… sim, nós sabemos… mas agora vais fazer óó que já é tarde. Vá, vai dar um beijinho à mamã e ao mano”. A caminho de cumprir o ritual beijoqueiro, Guidinha pensava mais uma vez como seria bom se o que ela dissesse se tornasse realidade. Depois dos beijinhos vestiu o pijama e meteu-se na cama e muito rapidamente adormeceu sempre a matutar na mesma coisa, tão rapidamente adormeceu que nem deu pela luz esquisita que nessa noite iluminou o seu quarto a meio da noite, e desceu sobre a sua cama inundando-a.
No dia seguinte acordou com a sua mãe a chamá-la “Guidinha… vamos… toca a levantar”. Sentou-se na cama esfregou os olhos como se quisesse afastar o resto do sono que ainda tinha e dirigiu-se para a casa de banho. A meio do caminho encontrou o seu irmão, que rapidamente e fazendo valer o facto de ser maior e mais velho, lhe passou à frente e disse “nã nã, agora é a minha vez… esperas”.Guidinha estava tão zangada que começou a chorar de raiva. O pai passou naquele instante junto à porta da casa-de-banho e impedindo o miúdo de entrar, disse num tom brincalhão “Vá lá grandalhão deixa a tua irmã ir primeiro, ou pelo menos dá-lhe a hipótese de ser ela primeiro. Façam o joguinho do aviãozinho militar para ver quem fica com a casa de banho primeiro” e piscando o olho para o rapaz como que a dizer que bastava ele ser esperto e escolher a terra certa para conseguir ser ele o primeiro, afastou-se.
Guidinha começou logo a cantarolar “um aviãozinho militar… atirou uma bomba ao ar… a que terra foi pa-rar” sem dar uma chance ao irmão de viciar o jogo. Tendo-lhe calhado a ela a fortuna de escolher a terra e como sabia muito pouco do assunto fez a única escolha que podia e disse o nome da cidade onde viviam.
Na televisão, os noticiários abriram todos com a notícia do terrível acidente, ainda continuava por explicar como é que um avião da força aérea que transportava uma carga de bombas para desactivar tinha deixado cair uma destas num bairro residencial tão chique como o de Snobville, as notícias referiam que tinha sido aberto um inquérito mas ainda era cedo para apurar culpas.
Ao ver esta notícia, um rapazito de 8 anos, sentiu uma enorme raiva por ter perdido alguns amigos num acidente tão estúpido e desejou ser ele a mandar naquele país onde coisas destas ainda aconteciam, nessa noite enquanto dormia uma luz…

Diario II

Pensando no que tinha acabado de observar, o extraterrestre sentou-se na sua cabine de registo e começou a ditar:
- Início de registo: Ao contrário da maior parte das espécies conhecidas, a espécie em estudo involui ao longo da duração da sua vida. Nascem em plena posse das suas faculdades mentais e do máximo de poder e vão perdendo umas e o outro com o avanço da idade. Curiosamente, a esta fase de máximo poder e capacidade intelectual corresponde uma fase de menor porte físico. Nascem pequenos, muito pequenos e começam logo a mandar nos mais velhos que se atarefam à sua volta, reconhecendo a superioridade do recém-nascido. Os maiores e mais velhos aparentam estar atentos ao menor desejo do seu superior e quase o veneram. Parece que ele os entende bem mas as capacidades intelectuais diminuídas dos mais velhos impedem-nos de perceber a linguagem do mais novo que tem que se esforçar muito (chegando a ficar congestionado) para se fazer entender. Os mais velhos (custa-me chamar-lhes adultos, visto que são obviamente inferiores aos mais novos) têm o papel de escravos: trabalham para o bem estar dos mais novos, atendem aos seus desejos, só dormem quando estes os autorizam e até limpam os seus dejectos, evitando-lhes a tarefa de se limparem a si próprios. De vez em quando estes seres superiores aquiescem em deixar um sorriso para os seus escravos que ficam transbordantes de alegria com um simples sorriso e, quando bem dispostos, executam alguns truques simples, indignos do seu superior intelecto, que deixam os mais velhos (e obviamente mais estúpidos) assombrados com esses vislumbres de uma capacidade intelectual que deve estar completamente perdida para os que envelheceram. Com o passar dos tempos observa-se uma passagem do estado de senhor para o estado de inferior próprio dos mais velhos. Curiosamente, estes devem ser cuidadosamente intruídos pelos superiores mais novos pois são os mais velhos que operam as máquinas. Espécie curiosa. Fim de registo.

Monday, January 30, 2006

As nove portas

Todas as nove portas lhe pareciam iguais. Sabia, estava bem certo, de que uma delas conduzia ao Tesouro. Só não sabia o que seria esse Tesouro. Por outro lado sabia que outra delas conduzia para o exterior e que as restantes escondiam perigos imensos, desafios invencíveis.
Tinha que escolher! Caso contrário morreria de fome naquele átrio gigante onde nada se via para além daquelas nove portas. Por outro lado, se tinha que enfentar perigos, seria melhor fazê-lo enquanto ainda não se sentia enfraquecido pela espera e pela falta de nutrientes.
“Vamos lá ver” pensou para si “Deve haver uma escolha lógica, um modo racional de seleccionar qual a porta certa.”
Na verdade, ele nem tinha bem a certeza de qual a porta que queria abrir. A da saída, para se ver livre de novo? Ou a do tesouro, que tanta cobiça lhe suscitava? E se não conseguisse encontrar a saída depois de ter o Tesouro? Afinal, o Tesouro podia ser qualquer coisa... e jea tinha ouvido dizer que a Liberdade é o maior tesouro de um Homem...
Se ao menos se conseguisse lembrar porque porta tinha chegado, poderai eliminar essa, pois voltar para trás não lhe interessava. Mas elas eram todas tão semelhantes!
Enquanto rodava, indeciso, ouviu um estalido surdo que vinha simulaneamente de todas as direcções. Abriram-se sete das nove portas e entaram através delas sete monstros aterradores para o Hall onde se encontrava. Eram mais aterradores do que o pior que a sua imaginação alguma vez tinha concebido. Tentou correr para uma das duas portas que permaneciam fechadas mas sentiu-se agarrado por umas garras que o seguravam inexoravelmente.
Quando já sentia o pútrido hálito de uma das bestas... acordou daquele pesadelo tão desagradável.
Moral: Não se deve hesitar exageradamente quando se tem que escolher um caminho.

Friday, January 27, 2006

Melvin o alquimista



Desde que conhecera Jezebel, a aia da rainha, a sua vida tinha dado uma reviravolta. Tinham começado a namoriscar durante um dos grandes banquetes que o rei tinha oferecido esse ano, e cedo a moça se tinha confessado completamente apaixonada pelo seu cheiro. Desde logo quis saber que cheiro era esse que ele não sentia. Assumia que teria a ver com todos os produtos com que trabalhava, mas não o conseguia cheirar.
Cada novo encontro entre aqueles 2 seres tão diferentes, trazia mais ânsia a cada um deles. Ele porque queria saber qual era o cheiro, isolá-lo, cheirá-lo e finalmente dar-lho engarrafado para ela poder cheirar sempre que quisesse e assim recordá-lo. Ela porque o queria ajudar no seu intento.
Bom … ele já tinha tentado de tudo, primeiro começou por misturar algumas poções aromáticas no seu laboratório para tentar reproduzir o cheiro, mas cedo chegou à conclusão que o caminho a seguir não seria esse, pois segundo Jezebel o seu odor era um cheiro mais orgânico, mais natural.
De seguida começou a tentar extrair o cheiro do seu próprio corpo. Começou por tomar longos banhos em que se emergia durante horas em água quente para esta adquirir o seu cheiro. De seguida evaporava a água até ficar com um resíduo. Repetiu esse processo até ter quantidade suficiente desse produto e deu-lho a cheirar. Ela disse que era qualquer coisa parecida com isso, mas ainda não era bem aquilo, faltava qualquer coisa. O cheiro dele era ainda mais parecido com… mas faltava-lhe sempre o termo correcto.
Os dias sucediam-se e Melvin estava desesperado. Tinha ouvido dizer, há bem pouco tempo, que na corte do rei do país vizinho, o grande Merlin o mágico tinha começado a fazer extracções de aromas usando alguns produtos sem ser água. Meteu-se a caminho e foi falar com Merlin. Este sugeriu-lhe o espírito obtido da evaporação e condensação do vinho como sendo um bom produto para extrair essências.
Quando voltou para casa, a sua amada Jezebel tinha deixado recado que queria falar com ele, e Melvin quis experimentar esta nova extracção de modo a nesse dia à noite quando se encontrassem depois de 2 dias sem se verem já lhe ser possível dar-lhe um frasquinho com a sua essência. E se assim o pensou, melhor o fez. Nessa noite quando Jezebel entrou nos aposentos de Melvin sentiu imediatamente aquele odor que tanto apreciava. Mas nada a poderia demover de lhe dizer que já não queria mais estar com ele, porque durante a sua ausência se tinha apaixonado por um cavaleiro de Sua Alteza Real que usava um perfume muito bom. Nunca lho chegou a dizer, porque ao lado do corpo em carne viva de Melvin estava um pequenito frasco com um liquido rosado e um papel em que ele lhe descrevia como tinha cortado toda a pele do seu corpo em pequenas tiras e tinha feito a extracção da sua essência com álcool, para lha oferecer.

Wednesday, January 18, 2006

O Computador

Conhecia bem a máquina em que estava a tentar entrar, aliás já a tinha utilizado muitas vezes, só que agora o acesso tinha-lhe sido negado.
Isso deixava-o furioso e tornava-o perigoso. Já tinha activado um “back orifice” que tinha colocado quando utilizava o computador, mas o sistema tinha-lhe negado a entrada. Já tinha corrido 2 versões diferentes de “password cracker” para tentar entrar no sistema, mas nada surtira efeito. Afinal de contas aquele era o computador mais cobiçado de toda a universidade, uma vez que era lá que se fazia toda a gestão dos alunos e ali estavam sedeadas todas as aplicações e informações relativas aos alunos, notas inclusivé.
O código extremamente simples que tinha escrito para alterar os privilégios atribuídos aos utilizadores e que lhe parecia ser o último reduto para conseguir quebrar a barreira de segurança agora levantada, estava pronto e tinha chegado a altura de o lançar no sistema.
- Aí vai disto – disse para o monitor do computador, enquanto carregava na tecla “return” do seu teclado, começaram a aparecer uma séria de símbolos estranhos, e passado 2minutos e 43 segundos já tinha acesso ao disco do computador e estava pronto para mostrar o que valia.
Sem demoras dirigiu-se à pasta “alunos” e começou a vasculhar a pasta com o seu nome. Encontrou-a e com redobrada excitação começou a percorrer as várias subdirectorias, “apontamentos”, “classificações”, “currículos”, “exames”,“faltas”, “trabalhos”, entrou nesta última e com alguma ansiedade viu o ficheiro que tanto queria, ali estava ele “t.exe”, fez estalar os dedos como fazem os solistas antes de atacarem o piano e carregou na tecla “return” para o programa começar a correr.
Estava tudo como deixara 3 dias antes, começou a ouvir aquelas notas musicais muito mal definidas "tan tan tararara tan tan tan tan tararara tan tan tan tan tarararara tan tan tan tan tan tan "

a sua pontuação era 23234267184 pontos , estava no nível 12 e o jogo de “tetris” recomeçou ao som do “Just can’t get enough” dos Depeche mode.

Monday, January 16, 2006

Jump


Dois jovens extraterrestres “Zildgreb” e “Brohnzerv”do 32º planeta a contar do sol, isto é o 29º a contar da terra, decidiram experimentar a imponderável loucura de viajar até ao sol. A sua compleição física e o seu meio de locomoção, permitia-lhes saltar de planeta em planeta até lá chegarem.

Estavam tão apaixonados e tão em sintonia que sabiam que nunca se iriam perder um do outro, por isso decidiram começar a viagem sem grandes preparativos.
Ao fim de 10 saltos, já o ambiente entre eles estava um pouco mais tenso, uma vez que durante os saltos (de alguns anos de duração), aproveitavam para conversar e para se irem conhecendo melhor.
Quando chegaram quase ao fim da viagem por volta do 4º planeta antes do sol, já estavam completamente fartos e convencidos que não tinham nada a ver um com o outro, por isso “Zildgreb” decidiu saltar primeiro para o pequeno planeta o 3º a contar do sol, e quando “Brohnzerv” fez a mesma tentativa já não encontrou nenhum ponto de apoio e perdeu-se para sempre no espaço.
Os habitantes do 3º planeta, viram-se de repente imersos na total escuridão enquanto o seu planeta mergulhava no espaço afastando-se do sol e conduzindo-os para uma morte certa, mas também … tudo isso já tinha sido previsto pelos cientistas quando tinham avistado os dois cometas gigantes em rota de colisão com a terra.

Friday, January 13, 2006

The Obituary Of Common Sense

Gostei...tah fixe:D...vale apena...:D como eh óbvio não eh meu...

The Obituary Of Common Sense

Today, we mourn the passing of an old friend by the name of "Common Sense". Common Sense lived a long life but died from heart failure at the brink of the millennium.No one really knows how old he was since his birth records were long ago lost in bureaucratic red tape. He selflessly devoted his life to service in schools, hospitals, homes, factories and offices, helping folks get jobs done without fanfare or foolishness. For decades, petty rules, silly laws and frivolous lawsuits held no power over Common Sense. He was credited with cultivating such valued lessons as to know when to come in out of the rain, the early bird gets the worm and life isn't always fair.Common Sense lived by simple, sound financial policies (don't spend more than you earn) and reliable parenting strategies (the adults are in charge, not the kids). A veteran of the Industrial Revolution, the Great Depression, and the Technology revolution, Common Sense survived cultural trends including body piercing, whole language, "new math", and don't ask don't tell. But his health declined when he became infected with the "If-It-Only-Helps-One-Person-It's-Worth-It" virus.In recent decades his waning strength proved no match for the ravages of federal regulation. He watched in pain as good people became ruled by lawyers and auditors. His health rapidly deteriorated when schools implemented policies where a 6-year old boy is charged with sexual harassment for kissing a classmate, a teen is suspended for taking a swig of mouthwash after lunch, and a teacher is fired for reprimanding an unruly student.Finally, Common Sense lost his will to live as the Ten Commandments becamecontraband, churches became businesses, criminals received better treatment than victims, and federal judges invaded everything from Boy Scouts to professional sports. As the end neared, Common Sense drifted in and out of logic, but was kept informed of developments regarding regulations for asbestos, low flow toilets, "smart" guns, and mandatory air bags and he was in disbelief when told that the homeowners associations restricted exterior furniture only to that which enhanced property values. It was the aftermath of the 2000 Presidential election that caused him to breathe his last breath.Common Sense was preceded in death by his parents Truth and Trust; his wife, Discretion; his daughter, Responsibility; and his son Reason. Not many attended his funeral because so few realized he was gone.
(Author Unknown)from: http://www.thedinkum.com/issues/dink58.htm

Saturday, January 07, 2006

Diario

- O número 27 passa ao 12. 12 finta o 16 da equipa contrária. Entra na grande área criando uma situação de grande perigo para a equipa verde. A multidão está suspensa na jogada... 12 remata e é... GOOOOOLLLLLOOOOO! Golo da equipa amarela o que coloca o marcador a 3-1 para os amarelos. A audiência levanta-se em bloco e a euforia é generalizada. É patente o desânimo entre os elementos da equipa verde, enquanto que...
O Extra-terrestre desligou o visor de longo alcance que lhe permitia observar a superfície do terceiro planeta a partir do seu posto escondido na cintura de asteróides perto do quarto planeta e, pensando em como seria útil receber também o som e decifrar a linguagem daqueles seres instalou-se na cabine de registo e registou os resultados daquela observação:
- Início de registo. O difeomorfismo na espécie hoje observada é evidente. No ritual de acasalamento observado, o género dominante - uns seres esféricos, que passarei a denominar por fêmeas já que parecem ser os cortejados - são cortejados por uns seres deselegantes e pouco inteligentes de duas pernas que tentam ser os primeiros a fecundar a fêmea o que fazem com a uma das extremidades sobre as quais se apoiam. São tão desajeitados que ao tentar alcançar a fêmea, a maior parte das vezes a deixam fugir para longe, recomeçando a corrida atrás dela. Aparentam alguma uniformidade entre dois grupos (talvez raças?) de peles de cores diferentes. O ritual parece ter acabado quando um deles tentou atingir a fêmea com outras extremidades que usam penduradas, elevando-se nos ares com auxílio das extremidades que usam para se locomover e fecundar a fêmea, e falhou. Parto do princípio que a fêmea deixou de estar interessada no acasalamento que deu origem à cessação do ritual. São espécies bárbaras que têm milhares de machos a assitir ao ritual de acasalamento em que 22 machos tentam acasalar com uma única fêmea, vigiados por 3 machos que devem ser eunucos pois não tentam acasalar. A espécie mais inteligente e mais ágil parece ser a fêmea, para além de ser a espécie com formas mais harmoniosas, perfeitamente simétricas, se bem que pouco individuais. O ritual de acasalamento parece algo violento. Fim de registo.

Tuesday, January 03, 2006

A bondade recompensada

A jovem senhora parou e abriu a carteira para dar uma esmola ao pobre desfigurado que pedia sentado na berma do passeio. Sem mostrar a aversão que lhe produziam a cara retorcida e mal limpa, as roupas esfarrapadas e mal cheirosas, o braço mal formado, dobrou-se e, com gentileza, colocou na escudela do mendigo uma nota de 5 euros.
Depois, ergueu-se de novo e afastou-se, certa de que tinha feito uma boa acção. Ouvindo um ruído atrás de si, espreitou por cima do ombro e viu o miseravel levantando-se com dificuldade. Pensou, de si para si “Com a esmola que lhe dei deve ir tomar a primeira refeição do dia. Coitado!” E continuou o seu passeio.
Como ouvisse passos na sua direcção, olhou de novo e constatou que o mendigo vinha na sua direcção. Já um pouco perturbada, tentou estugar o passo para ver se chegava a uma zona mais populosa, onde se sentisse mais defendida. Atrás de si, os passos aumentaram, também de velocidade.
Começando a ficar assustada, começou a correr, ao que sentiu o pedinte começar a correr enquanto soltava o que lhe pareciam ser ameaças em voz rouca e mal formada. Já em corrida desabrida, não viu um buraco no passeio, tropeçou e caiu. Aterrorizada, viu, a chorar e sem hipótese de fugir, o mendigo baixar-se na sua direcção e ouviu, novamente aquela voz disforme:
- Minha linda senhora, não precisa de ter medo. Só lhe queria entregar esta fotografia deste rapazinho, que deve ser seu filho, e que lhe caiu da carteira quando fez a gentileza de me auxiliar.